O risco de óbito repentino por uma causa cardiovascular na ausência de doença cardíaca preexistente — conhecido como morte cardíaca súbita — é mais elevado em pacientes com transtorno mental, comparado à população em geral. A descoberta é de um estudo europeu publicado na revista Heart.
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Os pesquisadores revisaram todas as mortes ocorridas em residentes dinamarqueses de 18 a 90 anos ao longo de 2010, com base em informações de certidões de óbito e relatórios post mortem. No total, houve 45.703 óbitos na faixa etária pesquisada. Dessas, 6.002 foram classificadas como mortes súbitas, sendo 3.683 na população em geral e 2.319 entre aqueles com doença mental.
Depois de levar em conta idade, sexo e condições coexistentes, a saúde mental precária foi independentemente associada a uma duplicação no risco de morte cardíaca súbita. A chance foi duas vezes maior em pessoas com depressão, três vezes mais elevada entre aquelas com transtorno bipolar e quatro vezes e meia superiores entre os pacientes com esquizofrenia.
Os autores ressaltam que o estudo é observacional e, portanto, nenhuma conclusão definitiva sobre fatores causais pode ser tirada dos resultados. "Pessoas com transtornos psiquiátricos são mais propensas a ter um estilo de vida pouco saudável, e um dos efeitos colaterais dos medicamentos prescritos é o ganho de peso — todos os fatores que predispõem ao desenvolvimento de condições, como pressão alta e doenças cardíacas", explicam os pesquisadores.
Em um editorial da Heart, Aapo Aro e Jarkko Karvonen do Hospital Universitário de Helsinque, na Finlândia, também ressaltaram a necessidade de cautela na interpretação dos resultados. "Embora a pesquisa aumente significativamente nossa compreensão do risco de morte cardíaca súbita dentro da população vulnerável de pacientes psiquiátricos, os mecanismos subjacentes permanecem amplamente especulativos."
Os médicos também lembraram que a morte cardíaca súbita é precedida por sintomas em cerca de metade dos afetados. "Se esses sintomas não forem ignorados, mas tratados prontamente, isso se traduz em uma sobrevivência cinco vezes maior após a parada cardíaca". Detectar e agir no caso de pacientes de transtorno mental pode ser mais desafiador do que em outros grupos, acrescentaram.
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