A retaliação ocorreu 24 dias depois de o Irã lançar 200 mísseis balísticos contra Israel — a maioria deles foi interceptada pelo Domo de Ferro, o sistema de defesa israelense. Por volta das 2h30 de hoje (20h30 de ontem em Brasília), explosões foram ouvidas na capital iraniana, Teerã, e em outras cidades, como Karaj, Isfafan, Mashhad e Shahid. Uma segunda onda de bombardeios foi lançada cerca de uma hora depois e atingiu a cidade de Shiraz (centro-sul), segundo a rede de tevê Al-Jazeera.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, coordenaram os ataques de um bunker construído no subsolo da base militar Kirya, em Tel Aviv. A agência de notícias semi-estatal iraniana Fars informou que "várias bases militares nas regiões oeste e sudoeste de Teerã foram alvejadas".
O jornal The Washington Post citou uma fonte militar israelense, segundo a qual a retaliação se resumiria a uma noite e incluiria ativos militares. Israel descartou bombardear instalações petrolíferas e usinas nucleares ou prédios ligados ao programa de enriquecimento de urânio. Até o fechamento desta edição, não havia informação sobre o exato impacto da retaliação. À zero hora de hoje (hora de Brasília), as Forças de Defesa de Israel (IDF) comunicaram que os aviões "retornaram em segurança". Segundo a nota, a aviação atacou instalações de fabricação de mísseis e lançadores de mísseis terra-ar.
A televisão estatal do Irã reportou pelo menos seis explosões no entorno da capital, mas não especificou a causa. "Seis fortes detonações, similares ao ruído de explosões, foram ouvidas em algumas áreas de Teerã", declarou um apresentador da emissora. Por volta das 4h30 (hora local), jornalistas da agência France-Presse relataram ter escutado novas detonações na capital. O Iraque fechou o seu espaço aéreo, sob a alegação de preocupação com a segurança.
Nas redes sociais, vídeos supostamente publicados por moradores de Teerã mostravam fogo traçante no céu e explosões iluminando o céu da capital, pouco antes do amanhecer.
O anúncio dos bombardeios foi feito pelo contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz das IDF, em vídeo publicado nas redes sociais. "Em resposta a meses de ataques contínuos do regime no Irã contra o Estado de Israel, neste momento as Forças de Defesa de Israel estão conduzindo ataques precisos em alvos militares no Irã", afirmou. "O regime no Irã e seus aliados na região têm atacado Israel incessantemente desde 7 de outubro — em sete frentes —, incluindo ataques diretos a partir do solo iraniano. Assim como qualquer outro país soberano no mundo, o Estado de Israel tem o direito e o dever de responder", acrescentou. Hagari assegurou que as capacidades defensivas e ofensivas de Israel estão "totalmente mobilizadas."
A Casa Branca classificou os ataques israelenses como "um exercício de autodefesa". "Ataques dirigidos contra alvos militares são um exercício de defesa própria e em resposta ao ataque do Irã", afirmou Sean Savett, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional. Ele negou que os EUA tenham participado da retaliação israelense.
Um funcionário de defesa dos Estados Unidos admitiu à agência France-Presse que o governo Joe Biden foi informado por Israel antes que a retaliação ocorresse. O jornal The Times of Israel publicou que o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, telefonou para Gallant para conversar sobre a ação militar. Biden e a vice-presidente, Kamala Harris, candidata democrata à Casa Branca, receberam atualizações sobre a operação militar de Israel.
Moradora da região noroeste de Teerã, Sara — ela não quis divulgar o sobrenome — contou ao Correio que estava deitada quando, pouco depois das 2h (hora local), ouviu explosões "muito fortes". "Senti como se alguma coisa estivesse atingindo o solo. Os vidros de casa começaram a sacudir. Eu devo ter escutado quatro ou cinco explosões consecutivas em intervalos precisos", explicou. "Houve um pânico inicial, enquanto as pessoas tentavam se dar conta sobre o que estava ocorrendo. Pouco depois das explosões, pude ouvir o barulho de carros nas ruas e algumas pessoas subiram nos telhados de suas casas para buscar alguma evidência de bombardeios. Acho que o pânico inicial logo diminuiu", acrescentou.
Em 17 de outubro, o general Hossein Salami, chefe do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica — o exército ideológico do aiatolá Ali Khamenei — advertiu Israel para caso levasse adiante a retaliação: "Vamos golpear de novo dolorosamente".
A retaliação se soma a um contexto de alta tensão no Oriente Médio, depois de mais de um ano de guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, que se estendeu para o Líbano contra o movimento xiita Hezbollah, apoiado pelo Irã. Teerã justificou o ataque ao território israelense como uma resposta aos bombardeios contra o Líbano, que mataram, em setembro, o xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, e um general da Guarda Revolucionária.
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