22 de Novembro de 2024

Agora é lei: conheça os 12 mandamentos do queijo minas artesanal


O queijo artesanal de Minas Gerais recebe novo incentivo para fortalecer sua produção. Em 26 de setembro, o governador Romeu Zema (Novo) sancionou a Lei 24.993, parte da Política Estadual Queijo Minas Legal (PEQML), que visa a promover a legalização e o desenvolvimento da cadeia produtiva no estado. A norma, já em vigor, prevê 12 objetivos para valorização do laticínio e da cultura regional, estimulando a regularização das agroindústrias, os produtores e novas oportunidades de mercado.

A legislação tem origem no Projeto de Lei 1.801/23, apresentado pelo deputado estadual Raul Belém (Cidadania) e aprovado de forma definitiva no plenário da Assembleia Legislativa no fim de agosto. A matéria propõe como primeiro objetivo o incentivo à obtenção pelas queijarias dos selos de certificação previstos em regulamentação específica para o produto.

Desses, o Selo Queijo Artesanal foi instituído pelo Decreto Federal 11.099, de 2022. Segundo o texto, os produtos elaborados por métodos tradicionais, com vinculação e valorização territorial, regional ou cultural, serão identificados por essa certificação. Já o Selo Arte dispõe sobre a obrigatoriedade da prévia fiscalização, “sob o ponto de vista industrial e sanitário, de todos dos produtos de origem animal, comestíveis e não comestíveis, sejam ou não adicionados de produtos vegetais, preparados, transformados, manipulados, recebidos, acondicionados, depositados e em trânsito”, como descreve a Lei Federal 1.283, de 1950.

Além disso, estão entre os objetivos promover a adoção de boas práticas agropecuárias e boas práticas de fabricação, estimular a certificação, o cooperativismo e o associativismo entre os produtores do queijo artesanal. O secretário de estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, afirma que a regulamentação é importante por assegurar a continuidade da Política Estadual Queijo Minas Legal.

“Nós não tínhamos, até então, uma política do queijo minas artesanal tão específica. Isso vai promover principalmente a regularização de mais queijarias, com uma legislação mais simplificada e menos burocrática”, destaca o secretário. Segundo ele, a lei também vai atrair o apoio de parceiros, facilitar financiamentos e, consequentemente, promover maior segurança alimentar para os consumidores. 

Normas para as queijarias

A legislação sancionada pelo governador é considerada uma “lei de compliance”, ou seja, um conjunto de procedimentos e regras que tem como objetivo garantir que determinado setor, organização ou empresa esteja em conformidade com as leis, regulamentações e normas locais e nacionais. “Ela trata de questões agropecuárias, desburocratização, legalização dos estabelecimentos de produtores rurais e fiscalização sanitária”, explica a advogada Patrícia Agra, especialista em regulação. Para ela, isso tende a incentivar o consumo, já que há uma organização para o produtor que dá marca de confiabilidade ao produto final.

A advogada afirma que por meio das regras é possível diferenciar quem cumpre ou não a normatização. “Há quem diga que isso pode ter um impacto competitivo, porque vão sair na frente aqueles que possuem o selo de compliance. Os que não se adequarem acabam ficando fora do mercado”, ressalta. Dessa forma, a tendência é incentivar as empresas a se movimentar para ter uma cadeia produtiva mais saudável.

Outro aspecto que precisa ser discutido, de acordo com Patrícia Agra, é a eventual resistência às adequações propostas. “Profissionalizar e ajustar procedimentos não faz com que o produto deixe de ser artesanal. Pelo contrário, ele vai se adequar à legislação existente, como as boas práticas agropecuárias e a regularização sanitária. Trazer o artesão para o completo cumprimento da lei é muito importante”, destaca.

A advogada acrescenta que a prática de certificações já é adotada na Europa, onde existem selos de origem e artesanais. “Isso eleva o produto a outro patamar. Por isso, quanto mais claras, objetivas e desburocratizadas forem as regras, mais facilmente elas serão cumpridas”, ressalta ela.

Osvaldo Filho é produtor e fundador da Queijo D’Alagoa-MG, que vende on-line a produção artesanal. A história da família no ramo começou com o bisavô, Jeremias Sene, conta. Ele empilhava os queijos embrulhados em folhas de bananeira dentro de balaios de bambu, e os transportava em burros pela Serra da Mantiqueira até São Paulo e Rio de Janeiro. Com o passar dos anos, o bisneto fundou a marca para ajudar o “Sô Batistinha”, produtor que na época enfrentava dificuldades para escoar a produção.

Hoje, a empresa tem uma unidade física em Alagoa, no Sul de Minas, e parceria com diversas famílias e empresas produtoras. A marca que entrega queijos artesanais em todo o país, por meio dos Correios, coleciona mais de 50 prêmios nacionais e internacionais, como o Queijo Brasil, em Blumenau (SC); o Mundial do Queijo do Brasil Araxá 2019 e o Mondial du Fromage, na França.

Diretamente afetado pela Política Estadual Queijo Minas Legal, Osvaldo Filho comemora a nova lei. “Foi muito assertiva a ação do governo. Tudo que se transforma em política pública está pavimentando o acesso para que nós conquistemos avanços no queijo artesanal de Minas. Creio que isso vai consolidar excelentes resultados, tanto para o produtor quanto para as outras partes da cadeia produtiva”, avalia.

Fonte: correiobraziliense

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