Os uruguaios foram às urnas neste domingo (27/10) escolher quem será o próximo presidente do país vizinho ao Brasil.
De acordo com projeções feitas por institutos de pesquisas no país, a disputa irá ao segundo turno, marcado para o próximo dia 24 de novembro. Apesar de ser uma projeção, os próprios candidatos já consideram o resultado como definitivo.
De um lado estará Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda da Frente Ampla, que teria cerca de 44% dos votos. Ele é afilhado político do ex-presidente José "Pepe" Mujica, que governou o país entre 2010 e 2015.
Do outro, estará Álvaro Delgado, representante do grupo de centro-direita do atual presidente, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional. Ele teria 27% dos votos. No Uruguai, não há reeleição.
A disputa no Uruguai tem sido considerada "tediosa", porque, quem quer que se consagre vencedor, tudo continuará mais ou menos igual no país.
Orsi, do grupo opositor, já descartou realizar uma "mudança substancial" na condução econômica do país caso suceda Lacalle Pou na Presidência.
Lacalle Pou, por sua vez, também evitou em sua gestão uma mudança brusca de direção em relação aos 15 anos anteriores de governos de esquerda.
"O Uruguai é um país onde historicamente se valorizam as transições mais lentas. Os candidatos que propuseram mudanças mais drásticas perderam as eleições", explica a socióloga Mariana Pomiés, diretora da consultoria local Cifra.
"Somos como nossa geografia: uma peniplanície (região quase plana) suavemente ondulada. E as mudanças que gostamos são suavemente onduladas", diz Pomiés à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
Mas quem são os candidatos que irão disputar o poder em Montevidéu?
Professor de História de 57 anos, Yamandú Orsi é ex-governador do departamento (espécie de Estado) de Canelones, o segundo maior do Uruguai.
Sua militância política remonta ao fim da ditadura miitar no país, em 1984. Ele deu aulas a adolescentes em vilas e cidades do interior e foi dançarino de folclore tradicional por uma década.
Orsi é considerado herdeiro político do ex-presidente José Mujica, que liderou o Uruguai entre 2010 e 2015 e participou ativamente de sua campanha até junho.
Mujica, que se tornou um dos ícones da esquerda na América Latina, classificou Orsi como um novo líder capaz de encontrar equilíbrio entre as complexas dinâmicas sociais, políticas e econômicas do país.
De acordo com reportagens na imprensa uruguaia, Orsi compartilha semelhanças com Mujica, como o gosto pela vida no campo e um estilo de vida mais simples.
Ao longo da campanha, foi frequentemente fotografado tomando mate, passeando com o cachorro e usando trajes informais. Assim como Mujica, afirmou que não viverá na residência presidencial caso seja eleito.
As promessas de campanha de Orsi focaram em políticas ambientais, apoio aos pequenos produtores e inclusão social
Ele pretende devolver a Presidência à esquerda, que esteve à frente do governo entre 2004 e 2019, quando Lacalle Pou venceu as eleições para a direita.
Favorito no pleito, Orsi tem dito que não planeja mudanças radicais no país, com seus 3,5 milhões de habitantes, um dos mais prósperos da América Latina. Ele também tem prometido uma renovação da esquerda baseada no “diálogo”.
O jornal espanhol El País destacou que Orsi pode trazer uma novidade para o Uruguai: se eleito, ele seria o primeiro presidente do interior do país desde a redemocratização. O Uruguai tem sido governado exclusivamente por presidentes nascidos na capital, Montevidéu.
Candidato da coalizão do atual governo (entre o Partido Nacional e o tradicional Partido Colorado), Álvaro Delgado é a aposta da direita uruguaia para mais cinco anos de governo.
Ele é próximo do presidente do Luis Lacalle Pou, que tem bons índices de aprovação. No Uruguai, não há reeleição.
Durante o governo de Lacalle Pou, Delgado atuou principalmente como secretário da Presidência. O político teve grande notoriedade durante a pandemia de covid-19, por ter sido a a figura central na comunicação com a população. ELe defendia uma estratégia de "liberdade responsável".
Delgado tem 55 anos e uma forte ligação com o setor rural. Ele tem formação de veterinário, mas tem se dedicou integralmente à política no Partido Nacional. Assim como Orsi, faz parte de uma geração que entrou para a política logo após a o fim da ditadura militar.
Segundo o jornal El País, a plataforma de continuidade de Delgado propõe um “segundo piso de transformações”, buscando dar seguimento às políticas iniciadas por Lacalle Pou, com foco em segurança, crescimento econômico e estabilidade social.
Fonte: correiobraziliense
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