Milhares de voluntários chegaram nesta sexta-feira (01/11) a pé a áreas próximas à cidade de Valência, na Espanha, atingidas fortemente pelo fenômeno Dana, que causou inundações e mais de 200 mortes.
O número de óbitos pode aumentar à medida que ações de resgate continuam; ainda há centenas de pessoas desaparecidas.
Muitos dos voluntários chegaram equipados com baldes, vassouras, picaretas, pás, garrafas de água e alimentos com o intuito de ajudar na limpeza e apoiar a população local afetada.
Três dias depois das chuvas torrenciais, em municípios como Paiporta, Alfafar, Massanassa, Catarroja, La Torre e Benetusser, os moradores estão com dificuldade de obter alimentos e itens básicos, além de viverem entre escombros e lama.
"Dana" é uma sigla em espanhol para Depressão Isolada em Altos Níveis e diz respeito a um fenômeno em que uma massa de ar polar muito fria fica isolada e começa a circular em altitudes muito elevadas (entre 5.000-9.000 metros), longe da influência da circulação da atmosfera.
Quando essa massa colide com o ar mais quente e úmido que normalmente está no Mar Mediterrâneo, gera fortes tempestades.
A infraestrutura desses locais foi destruída, inclusive diversas estradas que permanecem fechadas, dificultando o acesso.
É por isso que se formaram “pontes de solidariedade”, uma referência às duas pontes que os voluntários tiveram que atravessar, alguns deles depois de caminhar vários quilômetros, para ir do bairro valenciano de San Marcelino a La Torre, uma das cidades mais afetadas.
É de lá que muitos voluntários pretendem acessar outros lugares atingidos pelas cheias.
Devido ao grande fluxo de voluntários, pessoas tiveram que “organizar” o trânsito na passarela de pedestres que atravessa o novo canal do rio Turia — uma obra que desviou as enchentes do Dana e protegeu o restante da cidade de Valência dos seus impactos.
"Fui motivada pelo desastre, porque cada mão é muito pequena", disse Reme Montero, uma mulher de 59 anos, à agência de notícias Reuters.
Entre os voluntários, estão pessoas de todas as idades e até famílias inteiras. Mas destaca-se uma enorme presença de jovens.
“Vamos a Paiporta para ajudar”, respondeu um grupo de jovens à Reuters enquanto atravessavam a ponte e se dirigiam ao local considerado o "marco zero" da catástrofe.
Em Paiporta, mais de 62 pessoas morreram devido às inundações.
Nesta sexta, o governo regional de Valência agradeceu aos voluntários, mas pediu-lhes que não fossem às áreas mais atingidas, porque as multidões poderiam atrapalhar o fluxo de serviços de emergência.
"As pessoas estão se mobilizando porque os militares não vêm", disse à BBC Aurora Iglesias, uma das voluntárias que convocou outras pessoas pelas redes sociais.
"Eu sabia que teríamos um enorme apoio da comunidade e que muitas pessoas viriam ajudar."
Autoridades informaram que mais 500 militares seriam enviados nessa sexta-feira para a área afetada. Eles se juntarão a outros 1.200 militares que já estão atuando ali.
Cerca de 75 mil casas ficaram sem eletricidade esta sexta e os bombeiros desviaram a gasolina dos carros abandonados nas cheias para abastecer geradores de energia.
Fonte: correiobraziliense
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