13 de Novembro de 2024

Trump x Kamala: o que vai decidir a eleição nos EUA e porque disputa está tão acirrada


Nunca na história política recente dos EUA o resultado de uma eleição presidencial esteve tão incerto – esta não é uma disputa para os fracos de coração.

Embora eleições anteriores tenham sido decididas por margens estreitas – a vitória de George W. Bush sobre Al Gore em 2000, por exemplo, foi determinada por apenas algumas centenas de votos na Flórida – sempre houve algum indicativo de para onde a corrida estava inclinando nos dias finais.

Às vezes, como em 2016, essa percepção estava equivocada. Naquele ano, as pesquisas superestimaram a força de Hillary Clinton e não captaram um movimento de última hora a favor de Donald Trump.

Desta vez, no entanto, os sinais estão apontando em todas as direções. Ninguém pode, com seriedade, fazer uma previsão de qual lado será o vencedor.

A maioria das pesquisas finais está bem dentro da margem de erro, tanto no cenário nacional quanto nos sete principais Estados decisivos para a eleição.

Com base apenas nas estatísticas e tamanhos das amostras, isso significa que qualquer um dos candidatos pode estar à frente.

Essa incerteza incomoda tanto analistas políticos quanto estrategistas de campanha.

Houve algumas surpresas, como uma pesquisa recente e respeitada em Iowa, tradicionalmente pró-Republicanos, que deu uma liderança inesperada para Kamala – um exemplo notável.

Mas as médias das principais pesquisas e os modelos de previsão que as interpretam mostram essa disputa como um verdadeiro cara ou coroa.

Só porque o resultado desta eleição está incerto, isso não significa que o desfecho não possa ser decisivo – uma mudança de alguns pontos percentuais em qualquer direção e um dos candidatos pode vencer em todos os Estados-chave.

Se os modelos de comparecimento estiverem errados e mais mulheres forem às urnas, ou mais residentes rurais, ou ainda jovens desiludidos com a política – isso pode mudar radicalmente os resultados finais.

Podem também surgir surpresas entre grupos demográficos importantes.

Será que Trump realmente conseguirá atrair mais jovens negros e latinos, como sua campanha prevê?

Kamala Harris estará conquistando uma fatia maior das mulheres suburbanas tradicionalmente republicanas, como sua equipe espera?

E os eleitores mais velhos – que votam fielmente em todas as eleições e tendem a inclinar-se à direita – estarão se aproximando do lado democrata?

Quando esta eleição ficar para trás, talvez possamos apontar claramente o motivo pelo qual o candidato vencedor se destacou.

Talvez, com o benefício da retrospectiva, a resposta pareça óbvia. Mas qualquer pessoa que diga que sabe como as coisas vão terminar agora está enganando você – e a si mesma.

Na maioria dos Estados dos EUA, o resultado da votação presidencial é praticamente certo. Mas existem sete Estados decisivos que vão determinar esta eleição.

Nem todos os Estados decisivos têm o mesmo peso, no entanto. Cada candidato possui uma “muralha” de três Estados que oferece o caminho mais direto para a Casa Branca.

A "muralha azul" de Kamala Harris, assim chamada pela cor do Partido Democrata, abrange a região dos Grandes Lagos, incluindo Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.

Essa muralha tem sido muito comentada desde 2016, quando Trump venceu por uma margem estreita nesses três Estados tradicionalmente democratas a caminho de sua vitória.

Joe Biden reconquistou esses Estados em 2020. Se Kamala conseguir mantê-los, ela não precisa vencer em nenhum outro Estado decisivo, desde que também conquiste um distrito eleitoral em Nebraska (que possui um sistema ligeiramente diferente para a atribuição de seus votos no colégio eleitoral).

Isso explica por que Kamala passou a maior parte do tempo nesses Estados da “muralha azul” na reta final da campanha, com dias inteiros em cada um deles.

Na segunda-feira à noite, ela realizou seu comício final na Filadélfia, no Estado da Pensilvânia, no topo dos 72 degraus que levam ao Museu de Arte da cidade, onde o boxeador fictício Rocky, interpretado por Sylvester Stallone, subiu no filme homônimo – antes de perder por pouco para seu oponente, Apollo Creed.

A “muralha vermelha” de Trump se encontra na borda leste dos EUA. Embora seja menos comentada, ela é igualmente importante para suas chances eleitorais.

Começa na Pensilvânia e se estende ao sul, até a Carolina do Norte e a Geórgia. Se ele vencer nesses Estados, terá uma vantagem de dois votos no Colégio Eleitoral, independentemente de como os outros Estados decisivos votarem.

Isso explica por que ele realizou cinco eventos na Carolina do Norte apenas na última semana.

O ponto de intersecção dessas duas muralhas, é claro, é a Pensilvânia – o maior prêmio eleitoral entre os Estados decisivos. Seu apelido, o Estado-Chave, nunca fez tanto sentido.

Às vezes, em meio a toda essa estratégia e manobras eleitorais, perde-se a importância histórica desta eleição presidencial.

Kamala e Trump representam visões muito diferentes dos EUA – sobre imigração, comércio, questões culturais e política externa.

O presidente para os próximos quatro anos terá a capacidade de moldar o governo americano – incluindo os tribunais federais – de uma maneira que poderá impactar gerações.

O cenário político nos EUA tem mudado drasticamente nos últimos quatro anos, refletindo transformações na composição demográfica de ambos os partidos.

O Partido Republicano de uma década atrás era muito diferente do partido populista que Trump lidera atualmente, com muito mais apelo para trabalhadores braçais e eleitores de baixa renda.

A base do Partido Democrata ainda se apoia em jovens e pessoas de cor, mas agora também depende mais de eleitores ricos e com formação universitária.

Os resultados de terça-feira podem trazer novas evidências de como essas mudanças tectônicas na política americana, apenas parcialmente concretizadas nos últimos oito anos, estão redesenhando o mapa político dos EUA.

Essas mudanças podem dar a um dos lados uma vantagem em futuras disputas.

Não faz muito tempo – nas décadas de 1970 e 1980 – que os republicanos eram vistos como tendo um domínio quase imbatível sobre a presidência, porque conquistavam uma maioria em Estados suficientes para prevalecer no Colégio Eleitoral.

Esta eleição pode ser uma disputa 50-50, mas isso não significa que este seja o novo padrão na política presidencial americana.

Fonte: correiobraziliense

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