23 de Novembro de 2024

A nova pesquisa que indica que luas de Urano poderiam abrigar vida


Até pouco tempo atrás, os cientistas acreditavam que o planeta Urano e suas cinco maiores luas eram mundos completamente estéreis, sem possibilidade de vida.

Agora eles descobriram que as luas do gigante gelado podem ter oceanos e até ser capazes de sustentar vida, dizem os cientistas.

Muito do que sabemos sobre elas foi coletado pela nave espacial Voyager 2 da Nasa, que visitou o planeta há quase 40 anos.

Mas uma nova análise dos mesmos dados mostra que a visita da Voyager coincidiu com uma poderosa tempestade solar, o que levou a uma ideia enganosa de como o sistema uraniano realmente é.

Urano é um planeta nos confins do sistema solar composto um núcleo rochoso cercado por gelo.

É um dos planetas mais frios, e "inclinado" para o lado em comparação com outros planetas — o que também o torna um dos planetas mais estranhos.

Cientistas tiveram a chance de analisar Urano com mais detalhes pela primeira vez em 1986, quando a Voyager 2 passou por ele e tirou fotos sensacionais do planeta e de cinco das suas maiores luas.

Mas o que impressionou os cientistas é que as informações coletadas pela Voyager 2 e enviadas para a Terra mostram que o sistema planetário de Urano (o planeta e suas luas) é ainda mais estranho do que se pensava.

Os dados coletados pelos instrumentos da nave indicavam que o planeta e suas luas eram inativos, diferentemente de outras luas do sistema solar. Eles também mostravam que o campo magnético de Urano era estranhamente distorcido — era meio "esmagado" e empurrado para longe do Sol.

O campo magnético "segura" quaisquer gases e outros materiais que saiam do planeta e suas luas.

A Voyager 2 não encontrou esses materiais, o que era um indício de que o planeta e suas luas eram inativos e estéreis.

Isso foi uma surpresa, porque nenhum dos outros planetas do sistema solar é assim.

Mas uma nova pesquisa resolveu este mistério de longa data. Ela mostrou que a Voyager 2 passou pelo planeta em um dia ruim.

O estudo mostra que, quando a Voyager estava passando por Urano, o Sol estava passando por uma tempestade solar que criou um poderoso vento solar - que pode ter "soprado" o material dos planetas para fora do campo magnético.

Então, por 40 anos, tivemos uma visão incorreta de Urano e de suas cinco maiores luas, explica o pesquisador William Dunn, da University College London.

“Esses resultados sugerem que o sistema uraniano pode ser muito mais emocionante do que se pensava anteriormente", diz Dunn.

"Pode haver luas lá que podem ter as condições necessárias para a vida, elas podem ter oceanos abaixo da superfície que podem estar cheios de peixes!”, afirma ele.

Linda Spilker, que trabalhava no programa Voyager quando os dados de Urano chegaram, ainda trabalha na Nasa e disse que ficou muito feliz ao ouvir sobre os novos resultados, publicados na revista científica Journal Nature Astronomy.

"Os resultados são fascinantes, e estou realmente animada em ver que há potencial para vida no sistema uraniano", ela disse à BBC News.

"Também estou muito feliz que tanto esteja sendo feito com os dados da Voyager. É incrível que os cientistas estejam olhando para os dados que coletamos em 1986 e encontrando novos resultados e novas descobertas".

Affelia Wibisono, do Instituto de Estudos Avançados de Dublin, que é independente da equipe de pesquisa, descreveu os resultados como "muito emocionantes".

"Isso mostra o quão importante é olhar para dados antigos, porque às vezes, escondido atrás deles há algo novo a ser descoberto, o que pode nos ajudar a projetar a próxima geração de missões de exploração espacial".

Que é exatamente o que a Nasa está fazendo, em parte como resultado da nova pesquisa.

Já faz quase 40 anos desde que a Voyager 2 passou pelo mundo gelado e suas luas pela última vez.

A Nasa tem planos de lançar uma nova missão, a Uranus Orbiter and Probe, em 10 anos.

Foi o cientistas da Nasa Jamie Jasinski que teve a ideia de examinar novamente os dados da Voyager 2.

Segundo ele, a próxima missão vai ter que levar suas novas descobertas em consideração ao projetar os instrumentos e planejar a pesquisa.

“Alguns dos instrumentos para a futura nave espacial estão sendo projetados com base no que aprendemos com a Voyager 2 quando ela passou pelo sistema, ou seja, com base em um momento em que o sistema estava passando por um evento atípico", afirma Jasinski.

"Então, precisamos repensar como exatamente vamos projetar os instrumentos na nova missão com base nas novas descobertas."

A sonda Urano da Nasa deve chegar ao planeta em 2045, que é quando os cientistas esperam descobrir se essas luas geladas distantes, antes consideradas mundos mortos, podem ter a possibilidade de abrigar vida.

Fonte: correiobraziliense

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