"Não consegui acreditar quando ele respondeu 20 minutos depois dizendo: 'Sim, eu conheço seu pai'."
Neste momento, a longa busca de Mika Ap Ellis pelo pai, que ela não via há 30 anos, estava quase no fim.
Ela passou anos procurando o pai, Omar, que ela tinha visto pela última vez quando era criança.
"Eu nunca tive realmente um relacionamento com ele. No entanto, recebi cartas dele. Tinha cartões de aniversário dele e muitas fotos, então eu sabia que havia uma conexão", diz ela.
Ela contou que só depois do seu aniversário de 18 anos é que começou a pensar seriamente em procurar o pai.
A única pista que ela tinha das pessoas que conheciam Omar era que ele provavelmente era um sem-teto que dormia nas ruas.
Suas primeiras tentativas de encontrar o pai foram por meio de instituições de caridade e agências da subprefeitura local que auxiliam pessoas sem-teto — mas, segundo ela, a ajuda foi limitada devido às regras de proteção de dados.
"Eu só me deparava com obstáculos à medida que avançava", ela relembra.
Foi enquanto assistia ao noticiário de Londres da BBC, dois anos atrás, em novembro, que ela conseguiu uma nova pista.
A reportagem era sobre o trabalho de Verral Paul-Walcott, do bairro londrino de Tottenham, que dirige um grupo de ciclistas que distribui alimentos e outros suprimentos para pessoas que dormem nas ruas de Londres.
Ap Ellis conta que aproveitou a oportunidade e mandou uma mensagem para ele nas redes sociais para perguntar se ele sabia onde seu pai estava dormindo.
Paul-Walcott respondeu em poucos minutos dizendo que sabia onde Omar estava.
"Foi absolutamente incrível, eu simplesmente não conseguia acreditar", diz Ap Ellis.
"A partir daí, levei muito tempo para assimilar e tentar entender o que eu queria ao encontrar meu pai."
"Uma coisa é saber onde ele está depois de 30 anos — você simplesmente não sabe como vai ser", acrescenta.
No momento em que Paul-Walcott recebeu a mensagem de Ap Ellis, ele conta que foi direto ao local onde sabia que Omar dormia.
"Me aproximei dele e, como de costume, perguntei se ele precisava de alguma ajuda, e ele me falou os itens essenciais de que precisava", recorda.
"Comprei para ele e, quando voltei, disse: 'Tenho uma novidade para você. Há uma pessoa chamada Mika que gostaria de te ver'. Ele olhou para mim, seus olhos se encheram de lágrimas, e disse: 'É minha filha'.”
Omar gravou uma mensagem de voz no telefone de Paul-Walcott para reproduzir para a filha, para que ela pudesse ouvir a voz do pai pela primeira vez em três décadas.
A partir daí, Paul-Walcott manteve contato com Omar e, por fim, ajudou o pai e a filha, há tanto tempo afastados, a finalmente se reencontrarem pessoalmente.
"Meu pai já sabia que eu estava a caminho. Ele tinha falado com Verral, e estaria em seu lugar habitual, em frente ao Five Guys", conta Ap Ellis.
"Na minha cabeça, ainda estou pensando que acho que ele não vai estar lá. Já se passaram trinta anos, então eu não estava esperando muito."
"Eu estava tão nervosa quando finalmente fui até ele e disse: 'Você é o Omar?', e ele respondeu que sim."
"Eu o abracei, e foi um momento muito surreal, mas não senti como se fosse um estranho, me senti em casa de uma forma estranha. No resto do dia, fomos ao parque, e ficamos conversando por horas e horas sobre todos os tipos de coisas."
Ela descreveu ter encontrado o pai desta forma como um "milagre".
"Se alguém estiver procurando por alguém em Londres, especialmente se for um sem-teto, eu dou a Verral uma hora, e ele encontrará a pessoa", diz Ap Ellis.
Fonte: correiobraziliense
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