21 de Novembro de 2024

Trump nomeia Marco Rubio secretário de Estado: filho de imigrantes cubanos se torna o latino com posição de maior destaque na Casa Branca


O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeou nesta quarta-feira (13/11) o senador Marco Rubio como secretário de Estado — tornando-o a pessoa de origem latino-americana com o cargo mais importante no governo dos Estados Unidos da história.

"Promoveremos a paz através da força", disse Rubio na rede social X ao aceitar a nomeação de Trump para liderar a política externa do país.

Rubio, 53 anos, é conhecido por sua posição linha-dura a favor de Israel e contra a China, o Irã, a Venezuela, Cuba e a Nicarágua. Além disso, é presidente da Comissão de Inteligência do Senado e membro da Comissão de Relações Exteriores.

"Ele será um grande defensor do nosso país, um verdadeiro amigo dos nossos aliados e um guerreiro feroz que não recuará diante dos nossos adversários", disse Trump ao fazer o anúncio sobre Rubio.

O senador americano de ascendência cubana é admirado por seus eleitores na Flórida, que vêem nele um homem de fortes valores tradicionais e cristãos.

Entretanto, seus críticos acusam-no de mudar seu posicionamento em questões-chave como imigração e comércio exterior para se alinhar mais com a ideologia de Donald Trump, a quem criticou duramente no passado.

Alguns analistas acreditam que a sua nomeação como secretário de Estado poderá provocar tensão em países como Cuba, Venezuela e Nicarágua, cujos governos têm estado no centro dos ataques mais ferozes de Rubio.

"A ditadura de [Nicolás] Maduro está vivendo uma fratura interna e os seus membros sabem que o seu status quo, cheio de incompetência, não é sustentável", disse o senador republicano após as eleições de julho na Venezuela, nas quais Maduro se declarou vencedor sem apresentar todos os registros eleitorais.

Segundo a agência de notícias Reuters, a escolha de Rubio gerou preocupação entre alguns aliados de Trump que acreditam que o senador da Flórida tem uma visão de mundo contrastante com a postura mais isolacionista defendida pelos republicanos da direita radical.

Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), por exemplo, Rubio apoiou um projeto de lei que tornaria mais difícil os EUA saírem da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), como desejava o presidente. O projeto exigia que dois terços do Senado ratificassem essa decisão.

Para compreender a figura de Rubio, é preciso olhar para o seu passado e por sua trajetória particular que o tornou um dos homens mais influentes da Flórida e, em breve, do mundo.

Rubio nasceu em Miami em 1971, filho de pais cubanos que emigraram para os EUA sem dinheiro e sem falar uma palavra em inglês.

Quando ele tinha 8 anos, sua família se mudou para Las Vegas, onde seu pai trabalhou como garçom e sua mãe limpando quartos de hotel.

Retornando à Flórida, Rubio conseguiu ingressar na universidade graças a uma bolsa esportiva e, em 1996, obteve o doutorado em Direito com honras.

Em 2000, após ter atuado em uma comissão municipal na cidade de West Miami, ele foi eleito para a Câmara dos Representantes da Flórida, da qual se tornaria presidente seis anos depois — sendo o mais jovem e o primeiro de origem hispânica a assumir a posição.

Sem dúvida, a trajetória de Rubio — que é casado com uma ex-líder de torcida do time de futebol americano Miami Dolphins, com quem tem quatro filhos — se enquadra no que muitos chamam de o “sonho americano”.

Em 2009, chegou ao Senado em Washington, o que chamou a atenção dos líderes republicanos, que viram nele uma possível reação ao sucesso esmagador de um senador novato que acabara de se tornar presidente dos EUA: Barack Obama.

Naqueles anos, com seu patriotismo e sua defesa da livre iniciativa, da liberdade individual e da redução do tamanho do governo federal, Rubio conseguiu animar a base mais conservadora do Partido Republicano.

O parlamentar se opôs ao pacote de estímulo econômico aprovado pela Casa Branca no início de 2009, bem como à reforma no acesso à saúde promovida pelo presidente Obama.

Além disso, Rubio é antiaborto, contrário a qualquer tipo de anistia para imigrantes irregulares, defensor do porte de armas para cidadãos e da abertura de novas áreas para exploração de petróleo.

Em 2013, Rubio apareceu na capa da revista Time com o título de "salvador republicano", em um momento em que Obama tinha conquistado grandes vitórias eleitorais.

"Rubio era um parlamentar experiente, com algum passado e relações difíceis", escreveu a colunista do Washington Post Janell Ross em 2016.

"Mas ele era bilíngue, inteligente e latino. Era um cara de quem os doadores do partido gostavam e os eleitores em geral pareciam gostar também."

Isso o levou a tentar uma candidatura presidencial para 2016, sem saber o que estava por vir.

Durante as primárias de 2015, Rubio já teve o imenso desafio de enfrentar 16 candidatos, incluindo nomes como Jeb Bush (ex-governador da Flórida e irmão do ex-presidente George W. Bush), Chris Christie (governador de Nova Jersey) e Ted Cruz (senador pelo Texas).

Mas nem Rubio nem nenhum dos seus rivais perceberam que a verdadeira ameaça às suas aspirações vinha de Donald Trump, a excêntrica estrela bilionária de reality show que captaria a atenção do público com os seus comentários vulgares e pouco ortodoxos.

Após ataques pessoais que Rubio trocou com Trump durante essas primárias, o parlamentar passou a apoiar o empresário durante sua primeira Presidência.

Como secretário de Estado, a questão mais importante que Rubio terá de enfrentar, além da crise no Oriente Médio, é a guerra na Ucrânia, sobre a qual compartilha sua posição com a ala mais conservadora dos republicanos.

Rubio disse em entrevistas recentes que a Ucrânia precisa buscar um acordo negociado com a Rússia, em vez de se concentrar na retomada de todo o território que a Rússia conquistou na última década.

Ele também foi um dos 15 senadores republicanos que votaram contra um pacote de ajuda militar de US$ 95 bilhões para a Ucrânia, Israel e outros parceiros dos EUA, aprovado em abril.

Além disso, Rubio é um dos principais críticos da China no Senado, colocando empresas como TikTok e Huawei na mira dos parlamentares americanos.

Ele foi sancionado por Pequim em 2020 por sua posição em relação a Hong Kong após protestos naquele território.

Rubio também não hesitou em atacar governos de países como Venezuela, Cuba e Nicarágua.

O seu papel na política republicana em relação à América Latina tem sido tal que, durante a primeira presidência de Trump, alguns analistas referiam-se a ele como "secretário de Estado adjunto para a América Latina".

Ele foi uma das principais vozes no Congresso dos EUA durante a crise política na Venezuela em 2019 e, segundo o jornal The New York Times, "assumiu o papel de derrubar" Maduro.

Também não hesitou em criticar o abrandamento das relações do seu país com Cuba durante a presidência de Obama.

"O mundo é testemunha das múltiplas formas como o regime de Castro/Díaz-Canel serviu como fantoche da China comunista, do Irã e, mais recentemente, da Rússia", disse ele num discurso no Senado em meados de 2024.

"Os Estados Unidos têm o dever moral de defender os interesses da nossa nação e devemos continuar a defender a ordem democrática e a justiça no nosso hemisfério", acrescentou.

Também tem sido um crítico feroz do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e do governo de Daniel Ortega na Nicarágua, ao mesmo tempo que se aproxima de líderes de direita como Javier Milei, na Argentina, e Nayib Bukele, em El Salvador.

Fonte: correiobraziliense

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