Talvez você tenha visto a palavra "Bluesky" em seus feeds de rede social recentemente — e tenha se perguntado sobre o que as pessoas estão falando.
Trata-se de uma plataforma alternativa ao X (antigo Twitter), do empresário Elon Musk — e seu ícone é bastante semelhante ao do antigo Twitter.
O Bluesky (nome que pode ser traduzido como "céu azul") está crescendo rapidamente e, atualmente, ganha cerca de um milhão de novos usuários por dia.
No Brasil, um milhão de usuários migraram para a plataforma logo após o impasse que culminou no bloqueio do X no país no fim de agosto.
A nível mundial, a plataforma contava com 16,7 milhões de usuários quando esta reportagem foi escrita, mas este número provavelmente vai estar desatualizado no momento em que você ler isso.
Afinal, o que é o Bluesky? E por que tanta gente está aderindo a esta rede social?
O Bluesky se descreve como "uma rede social como deveria ser", embora seja semelhante a outras plataformas.
À primeira vista, nada em especial chama a atenção. Uma barra à esquerda mostra tudo o que você pode esperar: busca, notificações, homepage e assim por diante.
Os usuários da plataforma podem publicar, comentar, republicar e curtir seus conteúdos favoritos. As publicações devem ser curtas (com limite de até 300 caracteres).
Em poucas palavras, se parece com o aspecto que o X tinha quando ainda era conhecido como Twitter.
A principal diferença é que o Bluesky é descentralizado — o que significa basicamente que os usuários podem hospedar seus dados em servidores que não sejam de propriedade da empresa.
Ou seja, em vez de ficarem limitadas a ter uma conta específica com o nome do Bluesky, as pessoas podem (se quiserem) se inscrever usando uma conta que elas mesmas possuem.
Mas vale destacar que a grande maioria dos usuários não faz isso, e um novo membro provavelmente vai ter um ".bsky.social" no final do seu nome de usuário.
Levando em consideração o quanto se parece com o antigo Twitter, não deve causar surpresa saber que seu criador é Jack Dorsey, mesmo fundador da rede social do icônico passarinho azul.
O Bluesky foi idealizado por Dorsey em 2019. Na época, era um projeto interno do Twitter, mas em 2021 se tornou uma plataforma independente.
Ele chegou a dizer uma vez que queria que o Bluesky fosse uma versão descentralizada do Twitter que não fosse propriedade de uma única pessoa ou entidade.
Mas Dorsey não faz mais parte da equipe por trás da plataforma, ele deixou o conselho da companhia em maio de 2024.
E excluiu completamente sua conta em setembro.
Atualmente, ela é administrada como uma corporação de utilidade pública por Jay Graber, CEO da empresa, que é de propriedade predominantemente dela.
O Bluesky existe desde 2019, mas era apenas para convidados até fevereiro deste ano.
Isso permitiu que os desenvolvedores resolvessem todos os problemas nos bastidores, na tentativa de estabilizá-lo antes de abrir as portas para o público em geral.
O plano funcionou, de certa forma. Mas a enxurrada de novos usuários foi tão significativa em novembro que continua a haver problemas de instabilidade no sistema.
Quando o então Twitter foi vendido para Elon Musk, em outubro de 2022, muitos usuários começaram a deixar a plataforma e migrar para outras redes semelhantes, como o Bluesky.
Não é por acaso que o número de novos usuários do Bluesky tenha disparado após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas em 5 de novembro.
Musk foi um grande apoiador de Trump durante a campanha eleitoral — e vai estar fortemente envolvido em seu governo. O presidente eleito anunciou que o bilionário vai estar à frente do Departamento de Eficiência Governamental, um novo órgão dedicado a reduzir gastos do governo.
Inevitavelmente, isso levou a uma divisão política, com algumas pessoas deixando o X em protesto. Além disso, há muitas reclamações sobre o conteúdo oferecido pelo algoritmo da plataforma desde que Musk passou a controlar o X.
O jornal britânico The Guardian anunciou recentemente que decidiu parar de postar no X porque se tornou "uma plataforma de mídia tóxica".
Enquanto isso, o aplicativo do Bluesky continua a obter downloads significativos em todo o mundo e, na última quinta-feira (14/11), foi o aplicativo gratuito mais baixado na Apple Store no Reino Unido.
Várias celebridades, como os atores Ben Stiller, Jamie Lee Curtis e Patton Oswalt, e a cantora pop Lizzo, anunciaram que estão aderindo à plataforma e limitando o uso do X ou, em alguns casos, abandonando completamente a rede social.
Mas este crescimento, embora significativo, vai ter que se manter por um bom tempo até o Bluesky se tornar um concorrente de peso à altura do X.
O X não compartilha suas estatísticas, mas acredita-se que tenha centenas de milhões de usuários. Anteriormente, Elon Musk disse que a plataforma tinha 250 milhões de usuários por dia.
Esta é a pergunta de milhões. Literalmente.
O Bluesky começou com financiamento de investidores e empresas de capital de risco — e arrecadou dezenas de milhões de dólares por estes meios.
Mas com tantos usuários novos, vai ter que encontrar uma maneira de pagar as contas.
No apogeu do Twitter, a maior parte da receita da plataforma vinha da publicidade.
O Bluesky disse que quer evitar isso. Em vez disso, a empresa afirmou que vai continuar analisando a possibilidade de oferecer serviços pagos, como fazer com que as pessoas paguem por domínios personalizados para seus nomes de usuário.
Isso talvez pareça complicado, mas basicamente se resume ao nome de usuário de uma pessoa ser ainda mais personalizado. Por exemplo, isso pode significar que meu nome de usuário — @twgerken.bsky.social — pode, no futuro, ter um nome mais oficial, como @twgerken.bbc.co.uk.
Os defensores desta ideia dizem que ela funciona como uma forma de verificação, pois a organização proprietária do domínio, neste caso a BBC, teria que autorizar seu uso.
Se os proprietários do Bluesky quiserem continuar evitando a publicidade, talvez seja inevitável avaliar opções mais abrangentes, como oferecer assinaturas pagas, para manter a operação.
Mas, na verdade, não é incomum que startups de tecnologia não ganhem muito dinheiro.
O próprio Twitter, antes de ser comprado por Musk em 2022, só obteve lucro duas vezes em seus oito anos como empresa de capital aberto.
E todos nós sabemos como isso terminou. O homem mais rico do mundo pagou US$ 44 bilhões aos investidores pelo privilégio de possuir a plataforma.
Por enquanto, o futuro do Bluesky permanece em aberto — mas se continuar crescendo, tudo é possível.
Fonte: correiobraziliense
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