Horas depois de a Ucrânia denunciar o lançamento de um suposto míssil balístico intercontinental (ICBM) contra a região de Dnipro, o presidente Vladimir Putin advertiu que o conflito ganhou "contorno mundial". De acordo com o chefe do Kremlin, o seu país tem o "direito" de atacar nações que fornecerem armas à Ucrânia para bombardeá-la. Putin não confirmou o ataque com ICBM, mas disse que um míssil de médio alcance teria sido utilizado na ofensiva contra o país vizinho.
Na última segunda-feira (19/11), a Ucrânia utilizou, pela primeira vez, um sistema de lançamento de mísseis de médio e longo alcance contra o território russo, ao bombardear a região de Kursk (oeste), onde estariam concentrados 11 mil soldados da Coreia do Norte que reforçam o Exército de Putin.
No domingo, o presidente norte-americano, Joe Biden, tinha autorizado o uso do sistema — de fabricação dos Estados Unidos — conhecido como ATACMS. No ataque de segunda-feira, um depósito de munições teria sido destruído.
Em entrevista ao Correio, o ucraniano Olexiy Haran, professor de política comparativa da Universidade Nacional de Kiev-Mohyla, disse que a retórica de Putin não passa de "propaganda russa". "O conflito ganhou caráter global porque o próprio Putin fez com que isso ocorresse, ao se unir aos norte-coreanos e ao usar drones iranianos. Sim, é um tipo de confronto de caráter mundial", disse.
O governo do Reino Unido assegurou que Moscou utilizou "pela primeira vez um míssil balístico na Ucrânia com alcance de vários milhares de quilômetros". "Obviamente é profundamente preocupante e outro exemplo do comportamento imprudente da Rússia, que serve apenas para fortalecer a nossa determinação em apoiar a Ucrânia", disse o porta-voz do primeiro-ministro Keir Starmer.
A deputada ucraniana Lesia Vasylenko disse ao Correio que "já estamos em uma guerra mundial", ao avaliar o número de países envolvidos no conflito. "A Rússia usa tecnologia chinesa, drones iranianos e soldados norte-coreanos no front", exemplificou.
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