A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas por suspeita de uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder após as eleições de 2022, vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O relatório final com a conclusão da investigação foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e acusa os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Agora, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Paulo Gonet, avaliar as provas apresentadas e decidir se formaliza uma denúncia contra os acusados. Caso isso aconteça, eles iriam a julgamento.
Vinte e cinco dos 37 indiciados são militares.
Bolsonaro reagiu dizendo: "O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei". (veja o que disseram alguns dos indiciados)
Confira abaixo a lista completa dos 37 indiciados pela Polícia Federal.
A liado próximo de Bolsonaro, o militar reformado e advogado já foi indiciado em outros dois dos inquéritos envolvendo Bolsonaro: o da suposta tentativa de golpe de Estado e o que investiga o suposto esquema de fraude em cartões de vacinação. Já foi preso no passado por uma dessas investigações. Chegou a concorrer a deputado estadual pelo PL no Rio de Janeiro, em 2022, mas não se elegeu.
Coronel do Exército. Ele seria um dos autores de uma carta com teor golpista que circulou em 2022, pedindo intervenção militar no Brasil.
Foi candidato à prefeitura do Rio de Janeiro este ano pelo PL, deputado federal. É ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e delegado da Polícia Federal.
Almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha no governo de Bolsonaro. Ele defendeu os acampamentos em frente a quarteis do Exército depois da derrota de Bolsonaro na eleição de 2022.
Advogado, ele foi citado na CPI dos Atos Golpistas como possível fonte da minuta do golpe encontrada com o ex-ministro Anderson Torres. É acusado de elaborar documentos que propunham medidas inconstitucionais para reverter o resultado das eleições.
Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-delegado da Polícia Federal. A polícia encontrou com ele uma minuta que sugeria a decretação de Estado de Defesa para intervenção nas eleições.
Coronel do Exército, coautor da carta de 2022 que sugeria um golpe de Estado em 2022.
Major da reserva do Exército. No governo Bolsonaro, foi diretor de monitoramento e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS), quando publicou informações falsas sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de Covid-19.
Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro e general da reserva do Exército. Foi capitão do Exército brasileiro durante a ditadura militar. A polícia afirma que o grupo que tramava um golpe pretendia criar um “gabinete de gestão de crise” comandado por Heleno.
Coronel que faria parte de grupo que buscou incitar golpe dentro das Forças Armadas. Ganhou liberdade provisória por colaborar com a investigação.
Engenheiro formado pelo ITA. Trabalhou no passado no desenvolvimento das urnas eletrônicas — e chegou a tentar registrar suas patentes. Questionou a segurança das urnas na eleição de 2022.
Coronel do Exército. Teria ajudado a redigir a carta de 2022 que pedia golpe de Estado.
Coronel da reserva do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres, é investigado por possível participação em articulações que visavam desestabilizar o governo eleito e promover ações contrárias à ordem democrática. coronel da reserva e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres. Também foi alvo da operação Tempus Veritatis.
General da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército. é suspeito de integrar o Núcleo de Oficiais de Alta Patente e Apoio, segundo a Polícia Federal. Caberia a este núcleo dar suporte e executar ações como o sequestro do ministro Alexandre de Moraes. A tarefa seria responsabilidade de militares Forças Especiais do Exército, os chamados "kids pretos", que à época ficavam subordinadas a ele.
Coronel do Exército. Também estaria envolvido na carta que buscava apoio da alta cúpula militar ao golpe. Foi adido do Exército em Tel Aviv, capital de Israel. Chegou a ser condecorado por Lula no ano passado.
Ex-assessor da Presidência da República, foi indiciado em fevereiro. Em novembro de 2022, Martins teria apresentado ao ex-presidente a minuta de decreto para "executar um golpe de estado" e realizar novas eleições.
Empresário argentino que realizou transmissões ao vivo questionando a segurança das urnas eletrônicas durante as eleições de 2022. Parte dessas transmissões foram citadas em conversas dos militares como possível motivo para dar início a um golpe de Estado.
Subtenente do Exército. Teria feito monitoramento clandestino de opositores políticos, coletando informações de forma ilegal para favorecer ações golpistas. Foi preso e posteriormente liberado na investigação sobre a "Abin paralela".
Tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia. Ao receber a Polícia Federal em fevereiro, durante investigação da Operação Tempus Veritas, ele desmaiou.
Tenente-coronel do Exército. Foi exonerado do cargo de comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, em fevereiro de 2024, após ter sido alvo de operação da PF. É um dos cinco "kids pretos" presos no começo da semana.
Ex-presidente da República, derrotado nas eleições de 2022 por Lula.
A BBC News Brasil analisou documentos já divulgados referentes à investigação com base em relatórios divulgados ao longo de 2023 e 2024. Confira como funcionava essa estrutura nesta reportagem.
Como os documentos analisados são do início do ano e na época Bolsonaro ainda não havia sido indiciado, a estrutura não aponta, ainda, qual seria o papel de Bolsonaro na organização. Esse detalhamento deverá vir à tona assim que o STF tirar o sigilo sobre o relatório da PF que indiciou o grupo.
Padre da diocese de Osasco, é suspeito de incitar fiéis a questionarem a legitimidade das eleições. Se manteve em silêncio em depoimentos da operação Tempus Veritatis.
General da reserva, é investigado por envolvimento em articulações que promoviam ações contrárias à ordem democrática. Fazia parte do Núcleo de Oficiais de Alta Patente e Apoio, segundo a Polícia Federal.
Policial federal acusado de integrar a "Abin paralela".
Coronel da reserva. Foi assessor especial da Presidência da República, no gabinete de Bolsonaro. Foi indiciado por lavagem de dinheiro.
Foi um dos "kids pretos" presos no começo da semana. Ele foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele também exerceu a função de assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), mas foi afastado do posto por determinação do STF. Teria sido encontrado um documento nos arquivos de Mário Fernandes que planejava instituir um "gabinete institucional de gestão da crise". Ele entraria em operação no dia 16 de dezembro de 2022, dia seguinte ao ataque. A PF aponta que um documento com o plano do "Punhal Verde Amarelo" foi impresso por Fernandes no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022.
Ex-ajudante de ordens da Presidência e tenente-coronel afastado do Exército. Ficou quatro meses preso em 2023 e é considerado peça chave nas investigações por conta de sua delação premiada.
General do Exército suspeito de envolvimento na elaboração de planos que buscavam impedir a posse de Lula. Comanda a 2ª Brigada de Infantaria de Selva.
Empresário e neto do ex-presidente João Figueiredo. Era comentarista da Jovem Pan. Ele declarou: "Sinto-me honrado em ser perseguido pela GESTAPO do Alexandre [de Moraes]. Agora temos um jornalista indiciado pelo 'crime de reportagem inconveniente'".
Ex-ministro da Defesa, general da reserva e ex-comandante do Exército. Como ministro da Defesa, esteve à frente da interlocução das Forças Armadas com o Tribunal Superior Eleitoral. Nogueira enviou um ofício em junho de 2022 com queixas ao TSE de que sete propostas feitas pelas Forças Armadas não estariam sendo devidamente consideradas.
Tenente-coronel. Foi um dos "kids pretos" presos no começo da semana. O trabalho da PF apontou que o major Rafael Martins de Oliveira seria o líder da operação "Copa 2022" — o plano para dar o golpe depois da eleição vencida por Lula.
Tenente-coronel do Exército é acusado de participar de discussões sobre minuta golpista.
Tenente-coronel que fazia parte do "Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral".
Ex-assessor de Bolsonaro e um dos principais nomes do "gabinete do ódio", apontado como responsável por organizar e disseminar campanhas de desinformação.
Presidente do PL, partido de Bolsonaro nas eleições de 2022. É acusado de apoiar e financiar questionamentos à integridade das urnas eletrônicas. No passado, Valdemar e o PL estiveram no centro do escândalo do mensalão.
Ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro em 2022. General da reserva. Segundo a PF, Braga Netto teria chefiado junto com Augusto Heleno um suposto gabinete de crise que seria instaurado após a execução do plano a fim de realizar novas eleições. Braga Netto teria participado da elaboração dos planos golpistas e, inclusive, realizado uma reunião sobre o tema em sua residência em Brasília.
Policial federal que atuava na segurança do hotel onde o presidente Lula se hospedou durante a transição. Ele é acusado de integrar o grupo que discutiu o planejamento de assassinatos de líderes como Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Fonte: correiobraziliense
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