A prévia da inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,34% em dezembro, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado ficou 0,28 ponto percentual abaixo do resultado de novembro, de 0,62% e também foi inferior às estimativas do mercado, em torno de 0,46%.
No acumulado em 12 meses, o indicador registrou alta de 4,71%, acima do limite superior da meta de inflação, de 4,50%, o que mantém aceso o sinal de alerta em relação ao Banco Central na condução da política monetária.
Conforme dados do boletim Focus, do BC, a mediana das apostas do mercado para a taxa básica da economia (Selic) no fim de 2025 passou de 12% para 14,75% ao ano enquanto o dólar segue sendo negociado acima de R$ 6 em meio ao grande volume de saída de dólares para o exterior. Até o último dia 20, o saldo das operações de câmbio no país ficou negativo em US$ 19,9 bilhões, segundo dados do BC.
Apesar da desaceleração no ritmo de alta da prévia da inflação, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados para o IPCA-15, cinco tiveram alta em dezembro, de acordo com o IBGE. Alimentação e bebidas foi responsável não só pela maior variação mensal, de 1,47%, como também pelo impacto positivo mais acentuado, de 0,32 ponto percentual. No acumulado do ano, a variação acumulada dessa categoria foi de 8%, contribuindo com impacto de 1,68 ponto percentual na variação anual.
O dado do indicador abaixo do esperado pelo mercado foi resultado, por exemplo, da desaceleração da alta de preços das passagens aéreas e do impacto negativo observado no grupo habitação, de 0,20 ponto percentual decorrente da queda de 1,32% no mês. Esse recuo, inclusive, ocorreu graças ao tombo de 5,72% nos preços da energia elétrica em dezembro — devido ao retorno da vigência da bandeira tarifária verde, no início do mês, com a qual não há cobrança adicional nas faturas.
Não à toa, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) manterá a bandeira verde em janeiro (ver matéria abaixo).
Na avaliação de Luciana Rabelo, economista do Itaú Unibanco, apesar da surpresa baixista no IPCA-15 de dezembro, "o qualitativo seguiu piorando na margem (mais do que o esperado), com aceleração em serviços subjacentes, refletindo altas maiores do que o projetado em alimentação fora do domicílio e cinema, além dos grupos mais ligados à atividade econômica que seguiram rodando em patamar alto".
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O economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, ressaltou que os preços em alimentação em casa e passagens aéreas surpreenderam para baixo, mas ainda houve pressões intensas sobre os serviços, como os sensíveis à política monetária, que registraram aumento de 0,71%, acima do esperado, acumulando em 12 meses alta de 5,74% até dezembro, taxa superior aos 5,32% registrados no mesmo período até o mês passado.
Com base nos dados do IBGE, Ramos destacou que a média das cinco principais medidas do núcleo de inflação, apresentou leve aceleração entre novembro e dezembro, passando de 0,40% para 0,41%. No acumulado em 12 meses, a média dos núcleos passou de 3,95% para 4,08% na mesma base de comparação. Enquanto isso, os custos dos serviços sensíveis à mão de obra também aceleraram e subiram 0,57% em dezembro, com a medida anual agora em 5,45% contra 5,34% registrados em novembro.
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