19 de Janeiro de 2025

Em luto, Nova Orleans começa a se despedir de vítimas do terror


Famosa pelo Mardi Gras — uma festa semelhante ao Carnaval — e por ser conhecida como o berço do jazz, uma enlutada Nova Orleans tenta entender as falhas de segurança que levaram a um massacre na madrugada do primeiro dia do ano. Em meio à dor, amigos e familiares rendem homenagens às 14 vítimas atropeladas pela caminhonete branca conduzida pelo ex-militar Shamsud Din Jabbar, 42 anos. Na Bourbon Street, um memorial com flores, velas, fotos e mensagens virou ponto de peregrinação. Na próxima segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará a cidade para "compartilhar a dor das pessoas em luto" pelo atentado terrorista. "O povo de Nova Orleans enviou uma mensagem inequívoca: eles não permitirão que este ataque, esta ideologia delirante, nos derrote", declarou Biden, que estará acompanhado pela esposa, Jill Biden, e se reunirá com autoridades locais e familiares das vítimas, que tinham entre 21 e 63 anos. 

Às 3h15 (6h15 em Brasília) de quarta-feira (1º/1), Zion Malaki Parsons, 18 anos, comemorava a chegada de 2025 acompanhado da amiga Nikyra Cheyenne Dedeaux e da prima Mori, ambas da mesma idade. "Nós estávamos na entrada do Desire Oyster Bar, na Bourbon Street, a duas quadras da esquina com a Canal Street. De repente, houve um clima de comoção e berros altos vindos atrás de mim. Virei minha cabeça e tive a visão ofuscada pela luz dos faróis. Rapidamente saltei para a calçada e entrei no bar. Infelizmente, minha melhor amiga, Nikyra, correu na direção oposta e saiu para a rua. Isso fez com que ela fosse atingida pela caminhonete", contou ao Correio. Ele não conseguiu ver o condutor. 

Zion Parsons (E), 18 anos, presenciou a morte da melhor amiga, Nikyra Dedeaux, de mesma idade: "Ela partiu em paz"
Zion Parsons (E), 18 anos, presenciou a morte da melhor amiga, Nikyra Dedeaux, de mesma idade: "Ela partiu em paz" (foto: Arquivo pessoal )

Zion acredita que Nikyra morreu instantaneamente. "Com base nas imagens de câmeras de segurança da Bourbon Street, presumo que ela tenha morrido no impacto da caminhonete. Então, ela partiu em paz. Nikyra era uma mulher pequena, tinha apenas 1,70m e não mais do que 50kg", afirmou. Em sua página no Facebook, Zion escreveu que Nikyra tinha a vida inteira pela frente. "Ela estava a caminho da universidade, em duas semanas, e planejava ter o seu primeiro apartamento em breve. (...) Saber que isso poderia ter sido evitado e pensar que talvez eu pudesse ter feito um pouco mais para impedir me machuca tanto. (...) Voe alto, Nikyra", desabafou. 

A imprensa norte-americana trouxe os rostos da tragédia, ao divulgar os perfis de algumas vítimas. Kareem Badawi, estudante da Universidade do Alabama e jogador de futebol americano, foi sepultado ontem. Belal Badawi anunciou a morte do filho, nas redes sociais, horas depois do atentado. "É com imensa tristeza e pesar, e com o coração satisfeito pela decisão de Alá e o destino, que anuncio a morte do meu filho, Kareem Badawi, que morreu hoje (quarta-feira) pela manhã como resultado do trágico acidente em Nova Orleans", escreveu no Facebook. "Pedimos a Alá, o Todo-Poderoso, que derrame sua misericórdia sobre ele e nos dê paciência e força."

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O FBI (polícia federal dos Estados Unidos) concluiu que Shamsud Din Jabbar agiu sem a ajuda de cúmplices e se inspirou no Estado Islâmico. As autoridades não escondem a preocupação de ataques de atropelamento por parte de imitadores de Jabbar. "Tais atentados provavelmente continuarão atraentes para aspirantes a agressores, dada a facilidade de aquisição dos veículos e o baixo nível de habilidade necessário para conduzi-los", advertiu um boletim emitido pelo FBI para as agências de segurança dos EUA.

A Câmara Municipal de Nova Orleans iniciou uma investigação sobre eventuais falhas de segurança voltada a prevenir eventuais ameaças. Outra testemunha da tragédia, Nicole Mowrer, turista de Iowa, não se recorda de ter visto qualquer barreira de metal fixa para a contenção de carros, exceto cavaletes instalados nas ruas. "Eu não as notei, mas não estava necessariamente de olho nelas antes do incidente", explicou ao Correio. "Vi a caminhonete atingindo as pessoas brevemente, depois que eu e meu marido (Jim) nos escondemos em uma alcova, na calçada. Viaturas da polícia e esses cavaletes de madeira foram usados como barreiras."

Barreira para contenção de carros é vista abaixada em rua próxima ao local do massacre
Barreira para contenção de carros é vista abaixada em rua próxima ao local do massacre (foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

O casal viu os corpos de cinco ou seis vítimas, que teriam morrido imediatamente. Questionada pela reportagem sobre se percebeu qualquer falha de segurança naquela madrugada, Nicole disse que a polícia e os socorristas fizeram tudo ao seu alcance para neutralizar uma situação bastante volátil. "Acho que as precauções foram razoáveis, com base nas medidas percebidas."

Las Vegas

Fonte: correiobraziliense

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