23 de Fevereiro de 2025

Após o perdão de Trump, o gosto da liberdade


Os primeiros presos detidos durante a invasão do Capitólio, o símbolo máximo da política nos Estados Unidos, começaram a sair das penitenciárias, graças ao indulto concedido pelo presidente Donald Trump. São mais de 1.500 entre condenados e acusados, inclusive 14 líderes de grupos extremistas, que tiveram as penas comutadas. Na lista dos que ganharam a liberdade estão os cabeças dos Proud Boys e Oath Keepers — neonazistas, condenados por conspiração sediciosa.  A iniciativa concede clemência a condenados por crimes graves, como agressões a policiais e destruição de propriedades.

Os irmãos Andrew Valentin e Matthew Valentin, que se declararam culpados em setembro por agredir policiais e condenados a dois anos e meio de prisão, saíram do Centro de Detenção Central de Washington DC. Eles foram os dois primeiros prisioneiros liberados, segundo informações oficiais. Matthew Valentin tentou arrancar um cassetete de um policial em 6 de janeiro, e Andrew Valentin jogou uma cadeira em  um policial.

Também estão na lista Julian Khater, que agrediu o policial do Capitólio, Brian Sicknick, que assumiu ter usado uma arma perigosa durante a invasão. Deixaram a prisão ainda Devlyn Thompson, que atingiu um policial com um cassetete de metal, e Robert Palmer, morador da Flórida que atacou policiais com um extintor de incêndio, uma tábua de madeira e um poste. Na Filadélfia, na saída de uma penitenciária em que dois homens foram libertados, havia seguidores de Trump e dos atos do 6 de Janeiro que correram em direção a eles, gritando "Liberdade!". 

Crimes leves e graves

Pelos dados do Departamento de Justiça, há mais de 730 pessoas condenadas por delitos leves relacionados a 6 de janeiro. Existem cerca de 300 processos ainda à espera de julgamento na Justiça, muitos acusados de agressão à polícia. Mais da metade dos processos de 6 de janeiro se refere a  casos de contravenção, com acusações como conduta desordeira ou invasão de propriedade, de acordo com dados do Departamento de Justiça. Para os condenados, a grande maioria foi sentenciada à liberdade condicional ou a alguns meses de prisão e já foi liberada. Alguns réus são idosos, mas alegaram que não atacaram nem vandalizaram.

Em discurso, Trump classificou 6 de janeiro como "um dia de amor e paz" e que vários dos condenados representavam "ameaça zero". Porém, as imagens mostram situações bem diferentes: ataques a policiais com mastros de bandeira, cassetetes, tacos de beisebol, além do uso de sprays químicos e embates físicos.

Comutação

Diferentemente do perdão, a comutação não perdoa o crime nem restaura os direitos civis, também não cancela a condenação. Na prática, é a substituição de uma condenação por outra mais branda. Nos Estados Unidos, os presidentes têm o poder de comutar sentenças de pessoas condenadas por crimes federais, abrindo espaço para que os condenados de 6 de janeiro sejam libertados da custódia.

De acordo com a CNN, a maioria dos americanos se opõe ao perdão. Pesquisa, feita pela equipe de Trump, identificou que 59% dos adultos são contrários ao indulto das pessoas que "forçaram sua entrada no Capitólio". Outros levantamentos mostraram que 66% e 62% se opõem veementemente ao perdão. Mas há quem defenda a clemência.

Os perdões e comutações desfazem em grande parte os resultados de uma das investigações mais complicadas da história do Departamento de Justiça. Promotores e agentes do FBI passaram anos investigando as ações de pessoas no Capitólio ou perto dele em 6 de janeiro, usando fotos, vídeos e dados de localização telefônica para ajudar a identificar possíveis suspeitos.

Em 6 de janeiro de 2021, o então ex-presidente Donald Trump discursava para seus apoiadores no National Mall, e fez críticas aos adversários democratas. Minutos antes de ele encerrar a fala, seus seguidores forçaram as barreiras policiais para invadir o Capitólio, principal símbolo do poder político no país, na capital Washington.

Os invasores alegaram que a ação foi orquestrada como resposta à indignação pelo resultado das eleições em que o democrata Joe Biden foi vitorioso. Cinco pessoas morreram, 174 policiais ficaram feridos e 68 invasores foram presos.

Na ocasião, a sessão conjunta que iria confirmar a vitória de Biden foi interrompida. Foram destruídos gabinetes e vandalizadas obras de arte. Mais de 1.580 pessoas foram acusadas, das quais 1.270 condenadas. Pelo menos 14 agentes policiais acabaram feridos, e um deles morreu em 7 de janeiro. Câmeras de segurança registraram os invasores com barras de ferro, sprays químicos e armas de fogo.

 

 


Fonte: correiobraziliense

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