22 de Fevereiro de 2025

DeepSeek: Startup chinesa derruba big techs na Bolsa de NY


O mercado de tecnologia nos Estados Unidos e as big techs viveram um de seus piores dias da história, com a ascensão de uma startup chinesa DeepSeek que lançou recentemente um produto inovador que utiliza a inteligência artificial (IA) e a um custo mais barato no mercado.

A Nvidia, por exemplo, que produz grande quantidade de chips utilizados em softwares que usam IA, registrou uma queda astronômica de US$ 589 bilhões em valor de mercado, ou seja, R$ 3,48 trilhões no valor do câmbio de ontem. Foi a maior perda em um único dia no mercado de ações, de quase 17% e o equivalente a 6,8 vezes o valor de mercado da Petrobras.

Para se ter ideia do tamanho da queda, esse valor representa 86% do valor total das empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que somam R$ 684 bilhões. Com o recuo de 17%, a Nvidia deixou a liderança das "Seven Magnificent" — as sete empresas de maior valor do mundo, e caiu para a terceira posição.

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Diante disso, a Apple retomou a liderança global, alcançando um valor de mercado de US$ 3,47 trilhões, seguida pela Microsoft, com US$ 3,23 trilhões. Com a queda da Nvidia, o Índice Nasdaq, que reúne as principais empresas de tecnologia dos EUA, caiu 3,07%, para 19.341 pontos. Já o Dow Jones subiu 0,65%, para 44.713 pontos, enquanto que o S&P 500 perdeu 1,46%, para 6.012 pontos.

No Brasil, a WEG, empresa multinacional especializada no setor de tecnologia, também sentiu os efeitos globais da DeepSeek e registrou sua maior queda diária (de 7,88%) desde outubro de 2023, perdendo R$ 19,1 bilhões em valor de mercado. Dessa forma, a empresa caiu da segunda para a quarta posição no ranking das empresas de maior valor no mercado nacional. A Petrobras manteve a liderança, sendo avaliada em R$ 508,2 bilhões, seguida por Itaú Unibanco (R$ 305,0 bilhões) e Vale (R$ 230,3 bilhões).

No fim do pregão de ontem, o Índice Bovespa principal indicador da B3, registrou alta de 1,97%, aos 124.861 pontos, maior patamar desde o início de 2025. Das 65 ações listadas na Bolsa, apenas três fecharam o dia no negativo. Além da WEG, os papéis da Embraer e da farmacêutica RaiaDrogasil registraram perdas de 2,96% e de 0,38%, respectivamene. As ações da Vale e da Petrobras, além de grandes bancos, ajudaram o IBovespa a saltar quase 2% no primeiro dia da semana. Já o dólar comercial teve leve queda de 0,09% e encerrou o dia cotado a R$ 5,913 para a venda.

Tudo começou quando, na semana passada, a empresa chinesa fundada em 2023 pelo investidor Liang Wenfeng lançou o DeepSeek-R1, um modelo de IA generativa desenvolvido a um custo inferior às principais tecnologias presentes no mercado e que oferece uma plataforma de código parcialmente aberto, o que permite o acesso de pesquisadores aos seus algoritmos, democratizando o acesso à IA avançada e promovendo uma colaboração maior da comunidade global de pesquisa neste tema.

Para se ter ideia da diferença de valor investido pela startup chinesa, de acordo com a revista Nature, o DeepSeek-R1 foi treinado para atingir o nível atual por aproximadamente US$ 6 milhões. Enquanto isso, outros modelos, como o Llama 3.1, desenvolvido pela Meta, do bilionário Mark Zuckerberg, custaram mais de US$ 60 milhões para chegar ao estágio mais atualizado em termos de tecnologia.

Em entrevista a um canal de televisão na China, o fundador da DeepSeek afirmou que capturar usuários não era o objetivo principal da empresa e que optou por reduzir os preços da tecnologia ao testar estruturas de "modelos de próxima geração", além de acreditar que os serviços de IA e API (Interface de programação de aplicações, em português) devam ser "acessíveis e baratos para todos".

Diante do surgimento de uma nova tecnologia mais acessível e barata no ramo da inteligência artificial, especialistas acreditam que esse pode ser o início de uma nova fase na produção de softwares com essa tecnologia. "A gente pode estar vendo uma inovação muito grande, principalmente porque o Deepseek usa menos chips, e foi feito a um custo muito barato", considerou o economista e sócio da G2W Investimentos, Ciro de Avelar.

Ainda de acordo com o especialista, a empresa chinesa pode estar se beneficiando de juros menores, além de custos mais baixos em material, para produzir uma tecnologia mais competitiva que as concorrentes. Dessa forma, ele acredita que os Estados Unidos devem ficar mais atentos diante dessa expansão tecnológica do país oriental em IA.

"Então o que a gente olha agora é o que aconteceu com as empresas de tecnologia americanas que estavam comprando tanto chips, a Nvidia, por exemplo, que foi uma das ações que mais valorizou nos últimos dois anos, a nível global, sendo que a China conseguiu avançar muito rápido. A gente pode estar vendo até uma mudança de rota, em termos de economia digital, para a China", avaliou.

O sócio e economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva, avalia que o produto oferecido pela chinesa consegue ser competitivo e chamar a atenção dos usuários desses segmentos que estão muito ávidos por esse tipo de tecnologia. "É um startup que gerou aí um ponto de inflexão no mundo da tecnologia. E aí vamos andar, vamos ver o andar da carruagem, como é que vai se comportar as big techs quanto a essa nova tecnologia", disse.

No entanto, o coordenador da comissão de Economia da Apimec Brasil, Álvaro Bandeira, frisa que ainda é cedo para se falar em uma mudança de paradigma das empresas norte-americanas. "Acho que a DeepSeek ainda precisa ser provada, ainda precisa saber se é tudo isso, e qual seria, claro, a reação dessas grandes empresas do mundo, como elas vão agir, mas tem uma disputa muito grande pela hegemonia da tecnologia eu diria, entre os Estados Unidos e a China e a gente ainda vai ver isso acontecendo em todos os próximos anos", acrescentou.

 

Fonte: correiobraziliense

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