Cidade do Panamá – Em um momento em que o mundo caminha para o protecionismo comandado pela volta do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, as chances da ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul têm mais chances de avançar agora, de acordo com a ex-primeira ministra da Dinamarca Helle Thorning-Schmidt. Para ela, nesse novo contexto será preciso valorizar mais as democracias e buscar novos acordos para a UE.
“O acordo UE-Mercosul seguirá se movendo”, garantiu ela, nesta quinta-feira (30/1), no segundo dia do Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe: Como retomar o caminho do crescimento?, organizado pelo CAF, banco de desenvolvimento da região, pelo Grupo Prisa e pela World in Progress (WIP). O Correio faz a transmissão ao vivo no canal do YouTube “Depois da vitória de Trump, fizemos mais acordos do que fizemos no passado”, acrescentou ela.
A ex-primeira-ministra defendeu ainda mais cooperação entre a América Latina e a Europa, especialmente de trocas culturais e comerciais. “Precisamos ampliar mais a globalização do que contrair”, afirmou. Segundo ela, um relatório divulgado no Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), na semana passada, em Davos, na Suíça, foi bastante “devastador”, ao indicar mostrar como a Europa não era competitiva, especialmente devido à falta de um mercado digital. “E uma das ações da Comissão Europeia que devem vir para mudar esse cenário é a busca de novos acordos de comércio com o resto do mundo, como o com o Mercosul”, afirmou. Ela demonstrou otimismo para a ratificação do acordo firmado no fim de 2024 entre os países membros dos dois blocos.
Sobre as ameaças de Trump em invadir a Groenlândia, que pertence ao reino da Dinamarca, Thorning-Schmidt defendeu negociações silenciosas e fora das redes sociais, como faz o mandatário norte-americano. A exemplo do Panamá, a Dinamarca é um país pequeno, segundo ela, e precisa ser bastante diplomático nas declarações.
“Nações pequenas podem negociar acordos de benefício mútuo, e é preciso lembrar que existem marcos legais, tanto para o Canal do Panamá, quanto para a Groenlândia. A democracia é silenciosa. Não podemos ter negociações nas redes sociais, como Trump gosta de fazer”, destacou.
Thorning-Schmidt destacou ainda que a Dinamarca é aliada dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial e foi membro fundador da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o atual governo vem tentando resolver essa questão “fora do microfone”. “Temos lutado ao lado dos EUA em várias guerras”, disse.
A ex-premier lembrou que, na quarta-feira (29), o presidente panamenho, José Raúl Mulino, foi firme ao declarar que “o Canal do Panamá pertence ao Panamá”, como resposta à ameaça de Trump de retomar a estrutura construída no passado pelos norte-americanos.
“Pequenas nações têm que se levantar firmemente para mostrar que esse mundo está com regras e marcos legais e tratados que nos guiam. A situação é bem parecida. Mas temos que encontrar uma solução diplomática no caso da Groenlândia. Os Estados Unidos têm uma base militar lá e querem explorar oportunidades. Existem portas abertas em termos de operações militares e econômicas. Eles têm espaço aberto e a população de lá tem vínculo amistoso com a Dinamarca. Não existe argumento (para uma invasão)”, afirmou.
Ao defender a globalização e comentar sobre o avanço da direita nacionalista no mundo, a ex-primeira ministra foi bastante sucinta: “A conclusão é que, basicamente, ninguém confia em ninguém. Existe falta de confiança e a população tem uma forma de se expressar sobre respostas para problemas complexos.”
*A jornalista viajou a convite do CAF
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Fonte: correiobraziliense
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