22 de Fevereiro de 2025

Em busca de alavancar negócios e maior integração regional na AL


Cidade do Panamá - A integração dos países latino-americanos ganhou um novo local de discussão em busca da retomada do crescimento da região, que cresce abaixo da média global, com a primeira edição do Fórum Econômico Internacional da América Latina e Caribe. O evento, organizado por CAF, banco de desenvolvimento da América Latina e do Caribe, Grupo Prisa e World in Progress (WIP), reuniu, na capital panamenha, em 29 e 30 de janeiro, cerca de 1,5 mil pessoas.

A expectativa é repetir a dose no ano que vem, em escala maior, de acordo com o vice-presidente do Setor Privado do CAF, Antonio Henrique Pinheiro Silveira. "A ideia é que esse Fórum seja um canal de intercâmbio para que os participantes possam, não somente alavancar negócios para o CAF, mas negócios do setor privado regional, cumprindo com uma missão estatutária que temos, de promover a integração regional", afirma, em entrevista ao Correio, que foi parceiro de mídia do evento.

O senhor pode fazer um balanço desses dois dias de evento e um pouco também sobre os planos da CAF para o Brasil, uma vez que o país não teve muito destaque no Fórum?

Janeiro não é exatamente um mês em que se consegue mobilizar muito, mas tivemos algumas participações importantes, com executivos de grandes empresas, como a Siemens. E, por incrível que pareça, esse evento foi realizado em curto espaço de tempo. Entre a ideia e a realização, foram quatro meses. Mas o evento foi um sucesso. Era uma ideia do nosso presidente, por meados de setembro, que começou a ser implementada em outubro, com um certo frio na barriga, mas que funcionou muito bem.

E como surgiu essa ideia de fazer uma espécie de Davos da América Latina?

Antes da pandemia, o Fórum Econômico Mundial tinha um evento regional, o WEF Latin America. Eu até participei uma vez, quando estava na Secretaria de Portos, junto com vários ministros, inclusive, a ex-ministra Kátia Abreu (Agricultura). E isso acabou. Ficou um vazio que foi sendo preenchido por eventos nacionais. O nosso presidente teve a visão de realizar, no Panamá, um Fórum que focasse uma temática muito conectada à iniciativa privada, mas não necessariamente às grandes corporações e também às agendas, onde têm startups e também problemas que afetam o setor privado. E esse evento, efetivamente, atraiu empresas e governos. O presidente do Paraguai, por exemplo, compareceu com uma comitiva para expor os planos para o país, no sentido de atrair o capital privado. E isso é muito interessante ter ocorrido já na primeira edição.

E para as próximas edições? A sede continuará no Panamá?

Nossa ideia é repetir o Fórum aqui, no próximo ano, e escalar a importância do evento, que deu muito certo. E o Panamá foi escolhido pelo nosso presidente porque tem uma posição central e é um hub muito importante das Américas. Tem voos para toda a região e para boa parte dos Estados Unidos, para vários países da Europa… Além disso, o governo do Panamá abraçou a ideia na hora, inclusive, colocando à disposição o centro de convenções, que tem espaço suficiente para o evento dobrar de tamanho no ano que vem.

O presidente da CAF falou algo entre 1,4 mil e 1,5 mil participantes presenciais no primeiro dia do evento. Quantos acordos foram firmados?

Inscritos, havia mais de 2 mil. Ainda não fechamos a contagem total, mas ficou em torno disso. Mas o evento teve um tremendo impacto. Vamos, agora, aperfeiçoar cada vez mais, pois já tenho vários clientes da CAF ligando para saber sobre o próximo evento em alguma sessão. Oito memorandos de entendimento e acordos foram firmados. E, agora, vamos começar logo a trabalhar na organização do próximo. A ideia é que esse Fórum seja um canal de intercâmbio para que os participantes possam, não somente alavancar negócios para a CAF, mas negócios do setor privado regional, cumprindo com a missão estatutária que temos, de promover a integração regional.

Com a entrada oficial de Antígua e Barbuda durante o evento, a CAF passou a ter 23 países-membros. Quais as perspectivas de ampliação do grupo e da carteira, que atualmente é de
US$ 34 bilhões?

Sim, a carteira está entre US$ 34 bilhões e US$ 35 bilhões. Tivemos uma capitalização de US$ 7 bilhões em 2022 e é claro que o dinheiro todo ainda não entrou. E o projeto é, até 2030, chegar a US$ 60 bilhões.

A CAF tem alguma meta para aumento dos países-membros?

Temos um processo de expansão e existem conversações que, eventualmente, até o fim deste mandato do nosso presidente é que, até 31 de agosto de 2026, possamos chegar a 25 ou 26 países-membros.

Como os outros países que integram a CAF veem o Brasil? Existem oportunidades de investimentos integrados, como o corredor bioceânico, que é uma das bandeiras da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet? É possível que esse corredor avance?

O corredor bioceânico está avançando, sim. O Paraguai já contratou a pavimentação dos cerca de 200 km que faltavam no país. E ainda há algumas adequações que faltam ser feitas no norte da Argentina, e, no Chile, estão prontas, mas eles querem também fazer outras adequações. Eu creio que, nos próximos quatro anos, ou menos, o corredor bioceânico vai estar todo pavimentado. E a gente vai estar focado, também em vias alimentadoras; e há um diálogo com os países, principalmente o Paraguai, para ampliar a capacidade de alimentar a via. Eu vejo esse corredor que a parte de infraestrutura vai bem. E uma coisa bastante importante que a ministra do Planejamento e o secretário João Villaverde (de Articulação Institucional) defendem é que a infraestrutura é condição necessária. Mas a boa operação do corredor depende de uma série de acordos para a fluidez, para que um caminhão não fique parado na aduana três ou quatro dias esperando liberação. Então, para ser implementado, esse trabalho é mais diplomático, para o acordo com as aduanas, para que operacionalize algo muito importante, hoje em dia, em logística, a traçabilidade, que significa capacidade de fazer monitoramento digital.

Pode dar um exemplo?

Nas grandes rodovias brasileiras, as concessionárias fazem isso nos pedágios, e é um serviço que capta a passagem pelo chip e permite um monitoramento por GPS, que é a parte essencial. E esse é um passo importante para a integração digital entre as aduanas, de forma que todo o desembaraço seja feito por leitura de códigos QR, leitura de chip, etc., onde possa ter a maior fluidez possível. A gente chama essa etapa de camada de software da infraestrutura, porque a logística depende da infraestrutura e depende desses arranjos.

O CAF está participando dessas conversas?

Essas conversas são muito de governo a governo, mas a gente tem o papel de chamar a atenção para isso, e, muitas vezes, nos pedem para financiar iniciativas ou dar apoio na montagem de planos para a digitalização. Os órgãos multilaterais têm uma atuação histórica nesse sentido. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por exemplo, colocou muita ênfase em termos de janela única de comércio, então, os órgãos multilaterais têm atuação nesse sentido e têm uma atenção especial para esse corredor e a equipe da ministra Tebet está muito focada nisso, e tem isso muito claro.

**A jornalista viajou a convite do CAF

 


Fonte: correiobraziliense

Participe do nosso grupo no whatsapp clicando nesse link

Participe do nosso canal no telegram clicando nesse link

Assine nossa newsletter
Publicidade - OTZAds
Whats

Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.