22 de Fevereiro de 2025

Zelensky diz que EUA querem 'agradar' Putin


Em entrevista à emissora pública alemã ARD, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que os Estados Unidos querem "agradar" o presidente russo, Vladimir Putin. Na conversa, gravada no sábado e divulgada ontem, o líder ucraniano destacou ainda que os europeus têm uma capacidade de defesa "fraca". "Os Estados Unidos estão decidindo, agora, coisas que são muito favoráveis a (Vladimir) Putin (...) porque querem agradá-lo", disse Zelensky.

As declarações foram dadas ainda no impacto da conversa entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e Putin, como parte de um processo para encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia, que completa três anos na próxima segunda-feira. "Eles querem se reunir brevemente e ter uma vitória rápida. Mas o que querem, na verdade, é apenas um cessar-fogo, não uma vitória", ressaltou o líder ucraniano, que assinou, ontem, em Abu Dabi, um acordo de parceria econômica com os Emirados Árabes. 

A entrevista foi veiculada na véspera de um encontro entre as principais autoridades diplomáticas de Moscou e Washington, na Arábia Saudita, para discutir as relações bilaterais, preparar as negociações sobre o conflito e planejar um possível encontro entre Putin e Trump. As delegações serão lideradas pelos chanceleres Marco Rubio, dos EUA, e Sergei Lavrov, da Rússia, que desembarcaram, ontem, em Riade. Zelensky não foi comunicado sobre a reunião. Ele estará amanhã na Arábia Saudita.

Na entrevista à imprensa alemã, Zelensky afirmou que "não assinará qualquer coisa" e que o que está em jogo é "o destino" de seu país para as próximas gerações, reiterando sua recusa em ceder parte do território ucraniano. Ele declarou ainda que a Europa se encontra em uma posição de vulnerabilidade no que diz respeito à defesa. "Hoje, a Europa é fraca", disse, referindo-se aos números "de tropas de combate, frota, aviação, drones", embora acredite que suas capacidades "se fortaleceram nos últimos anos". 

Frente unida 

A conversa entre Trump e Putin, na semana passada, provocou mal-estar não apenas no governo ucraniano, mas também entre líderes europeus, que realizaram, ontem, uma reunião de emergência, em Paris. Alijadas dos contatos iniciais, as potências europeias tentaram mostrar uma frente unida diante da mudança de política de Washington sobre o conflito, mas um eventual destacamento de tropas de paz provocou divergências. 

Representantes de 10 países, além de representantes da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aceitaram o convite do presidente francês, Emmanuel Macron.

Antes do início do encontro, Ursula von der Leyen, chefe do órgão executivo da (UE), destacou que a segurança do continente está em um "ponto de virada".  "Isso é sobre a Ucrânia, mas também é sobre nós. Precisamos de uma mentalidade de urgência. Precisamos de um aumento (de gastos) com a defesa. E precisamos disso agora mesmo", escreveu Von der Leyen, na rede social X. 

Europa e Estados Unidos devem "agir sempre juntos" pela segurança coletiva, declarou o chefe de governo alemão, Olaf Scholz, ao sair do Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa, depois de três horas de reunião. Scholz pediu maior "financiamento" para as capacidades de defesa, um ponto no qual todos os participantes estiveram de acordo de forma geral.

"Não vamos poder ajudar a Ucrânia de forma eficaz se não tomarmos medidas imediatas e concretas sobre nossas próprias capacidades de defesa", observou o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

Contudo, os líderes presentes divergiram em outro debate, o do possível envio de militares à Ucrânia para monitorar o respeito a uma eventual trégua futura. O primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, que visitará Trump, em Washington, na próxima semana, e busca um papel de mediador entre os EUA e os europeus, disse que está disposto a enviar tropas à Ucrânia "se for necessário" para "contribuir com as garantias de segurança".

A Suécia também declarou que "não descarta" enviar militares à ex-república soviética se houver "paz justa e duradoura". No entanto, Scholz considerou que o debate era "altamente inapropriado" e "prematuro". Donald Tusk, cujo país representa um apoio importante para a Ucrânia, também indicou que a Polônia não prevê enviar soldados. 

Para o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, ainda é "muito cedo" para falar sobre o envio de tropas para a Ucrânia. "Não há paz, no momento, e o esforço deve ser para alcançá-la o mais rápido possível", apontou.

Tanto Kiev quanto os países europeus temem ser efetivamente excluídos das negociações. Na Ucrânia, o maior temor é que Washington deixe o país desamparado. Marco Rubio indicou que, quando começarem as "verdadeiras negociações", os ucranianos devem estar envolvidos. Por sua vez, o líder da diplomacia russa já afirmou que os europeus não têm espaço nas futuras negociações porque buscam "continuar com a guerra".

Putin exige que a Ucrânia ceda quatro regiões do leste e do sul de seu território, além da península da Crimeia, que Moscou anexou em 2014, e que desista do processo de adesão à Otan. As condições são rejeitadas categoricamente por Kiev.

Moscou também reivindica que a Aliança Atlântica retire suas tropas e armamentos dos Estados que aderiram à organização após maio de 1997. Isso inclui os países bálticos e a Polônia, vizinhos da Rússia, assim como Romênia e Bulgária, na costa do Mar Negro. Otan e Estados Unidos rejeitaram as exigências em janeiro de 2022. Um mês depois, Moscou invadiu a Ucrânia.

 

Fonte: correiobraziliense

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