Uma nova espécie descrita em 2021 pode ter sido baseada em um fóssil falsificado, segundo pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá. A descoberta em questão é uma espécie de monossauro nunca antes documentada, que tinha dentes afiados como uma "lâmina serrilhada" e vivia nas águas de onde hoje é o Marrocos, há cerca de 66 milhões de anos.
Um exemplar de mandíbula foi encontrada há quatro anos e foi estimada como tendo entre 72,1 milhões e 66 milhões de anos. O fóssil, encontrado em uma mina de fosfato na província marroquina de Khouribga, foi usado por pesquisadores para descrever a espécie, nomeada Xenodens calminechari.
No entanto, desconfiados de fraude, uma equipe de cientistas da Universidade de Alberta solicitou a realização de tomografias computadorizadas nos restos disponíveis para verificar a autenticidade do fóssil. Segundo Henry Sharpe, autor principal de um novo estudo, se ficar comprovado que se trata de uma fraude, a literatura científica deverá reconhecer a mandíbula como uma falsificação.
Os monossauros eram répteis marinhos predadores que viveram nos mares durante o período Cretáceo, entre 145 e 66 milhões de anos atrás. Eles tinham de três a 15 metros de comprimento.
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Para os cientistas que encontraram a mandíbula em 2021, a nova espécie tinha dentes pequenos, curtos em formato de lâmina, que juntos formavam uma borda cortante semelhante a uma serra. Essa configuração é incomum entre os escamados, grupo aos quais pertencem os monossauros, e também entre os tetrápodes, que inclui os vertebrados de quatro membros.
Ao perceber esta peculiaridade, Sharpe iniciou uma revisão crítica do caso. O especialista percebeu que dois dentes do monossauro aparecem muito próximos, dentro do mesmo alvéolo dentário, o que não acontece em outras espécies do grupo, em que cada dente tem seu próprio alvéolo.
Outra característica do fóssil é que dois dentes apresentavam material adicional, conhecido como "superposição medial", em um dos lados. Isso não deveria ocorrer no desenvolvimento normal desses animais.
De acordo com os pesquisadores, o fato de o fóssil ter sido encontrado em uma região conhecida por modificar fósseis para aumentar o valor de mercado deles aumenta ainda mais a desconfiança.
Somente após a realização da tomografia computadorizada, Sharpe e sua equipe poderão analisar a estrutura interna da mandíbula e definir se ela é autêntica ou foi alterada. Até lá, permanece a dúvida.
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