A poucos meses da COP30, que está prevista para ocorrer nos dias 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém, o governo federal tenta desmistificar uma narrativa que percebe ter sido difundida em outros países e, sobretudo, na União Europeia. O secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Marcel Moreira, disse que há uma distorção sendo propagada em outros países, que afirma que o agro brasileiro é “danoso” à conservação do meio ambiente.
“A gente vê uma narrativa muito distorcida, que é uma agricultura danosa ao meio ambiente, que desmata muito. Temos 66% da nossa vegetação nativa preservada. Portanto, estamos mais para uma grande floresta com uma pequena quantidade de agricultura com muito potencial”, disse Moreira, em evento sobre o agro promovido pelo Grupo Mídia, nesta terça-feira (18/2).
O secretário ainda reforçou que o governo busca levantar a imagem do agro brasileiro em fóruns internacionais antes da COP30. No próximo mês de abril, o Brasil sedia um encontro entre ministros da Agricultura da África. Ainda este ano, o país também receberá a 23ª reunião da Junta Interamericana de Agricultura (JIA), que contará com a presença de outras lideranças do continente para discutir o assunto.
De acordo com Moreira, o governo trabalha para levar uma mensagem unificada para os outros países sobre o agro do Brasil, após uma série de embates ocorridos entre países europeus com o setor agropecuário brasileiro, durante as discussões sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), firmado no final de 2024, após 25 anos de discussões.
“Nosso grande desafio, como agricultura e setor, é levar uma mensagem única. A gente tem que evitar distorções nos nossos discursos. A gente tem que ter uma mensagem única de setor, mas o apelo do governo é que quaisquer arestas sejam dirimidas nesses próximos meses, para que a gente leve uma mensagem de agricultura sustentável”, disse, ainda, o secretário.
Próximos passos do acordo Mercosul-UE
Apesar da conclusão do processo, o acordo entre Mercosul e UE ainda enfrentará desafios até entrar, de fato, em vigor. Além da assinatura de todos os países envolvidos no acordo, o texto precisa passar por uma tradução para todas as 25 línguas oficiais dos dois blocos.
Felipe Luís Spaniol, da Diretoria de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que auxilia nessa tradução, avalia que o maior desafio atualmente é o cenário político do bloco europeu, que elegeu uma maioria conservador no parlamento nas eleições de 2024.
“O partido de centro, da presidente Ursula von der Leyen, é quem faz um apoio mais declarado ao acordo, mas há vários grupos que fazem um protesto. Eles costumam criar barreiras protecionistas e agora o que estão falando é de reciprocidade técnica. Ou seja, ter os mesmos mecanismos de proteção que tem lá, ter aqui. Mas são diferentes realidades e é necessário que essas diferenças sejam consideradas”, afirmou Spaniol durante o evento.
Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Sérgio Bortolozzo, a indicação do diplomata André Corrêa do Lago, atual secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE) foi vista com bons olhos pelo setor, por ser menos “ideológico” que outros nomes que integram o governo.
“Tínhamos muito medo que esse debate caísse em mãos ideológicas. Queremos mostrar para o mundo que somos a solução. Então esse é o momento”, disse Bortolozzo, que reforçou a necessidade de utilizar a COP em Belém para assumir o protagonismo nas discussões sobre o clima, sobretudo após a saída dos EUA do Acordo de Paris.
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