21 de Fevereiro de 2025

'Tive insuficiência cardíaca aos 30 anos': o risco dos esteroides para aumento da massa muscular


Joey Farrell teve insuficiência cardíaca aos 30 anos, e acredita que o uso de esteroides vai reduzir sua vida em 20 anos — mas ele continua usando a substância para ganho de massa muscular "pelo bem de sua carreira".

O fisiculturista profissional conhece os riscos para a saúde e os efeitos nocivos a longo prazo e, embora admita que pareça "contraditório", aconselha outras pessoas a não seguirem seu exemplo.

Da mesma forma, Tom Powell, ex-participante do reality show britânico Love Island, teve o tecido mamário removido depois de tomar esteroides, e também diz que as pessoas não deveriam começar a fazer isso "de forma alguma".

Não há dados oficiais sobre quantas pessoas no Reino Unido utilizam esteroides anabolizantes, mas estimativas recentes sugerem que são cerca de 500 mil.

Joey tomou esteroides pela primeira vez aos 20 anos, depois de entrar no fisiculturismo, e começou a injetá-los um ano depois.

Mas, em janeiro do ano passado, ele disse que os médicos ficaram "estupefatos" ao descobrir que ele tinha insuficiência cardíaca, após alguns exames de sangue, já que muitos profissionais de saúde não são especialistas no uso de esteroides.

"Os resultados foram muito, muito ruins", explica Joey. "Meus níveis de troponina, que é um marcador de ataque cardíaco, estavam extremamente altos."

Após um exame cardíaco de imagem, os médicos o diagnosticaram com miocardiopatia dilatada induzida por esteroides — uma condição que faz com que o coração aumente de tamanho e enfraqueça, dificultando o bombeamento de sangue.

"Meu coração estava fraco", ele acrescentou.

"Eles não sabiam o que dizer por causa da minha idade. Isso é algo que você encontraria em um homem de 75 anos que fumou e bebeu a vida inteira."

Joey, que é natural do País de Gales, achou que sua carreira de fisiculturista havia terminado.

"O fisiculturismo é a minha vida", diz ele.

"Aquele momento foi sombrio."

Dezesseis semanas depois, e contra a orientação médica, ele voltou a competir, mas afirma que reduziu o uso de esteroides.

Joey disse que agora só toma uma dosagem muito baixa de testosterona porque não produz mais o hormônio naturalmente, devido ao uso de esteroides.

Ele afirmou que queria alertar o público em geral sobre os perigos de tomar esteroides sem conhecer os riscos.

"Tive essa experiência com meus próprios problemas de saúde, e quero impedir que as pessoas sejam estúpidas com as quantidades que usam."

Os esteroides anabolizantes — substância sintética que simula o efeito da testosterona, hormônio masculino — só estão disponíveis para venda mediante receita médica, e são legais para uso pessoal somente com prescrição.

No Reino Unido, é ilegal fornecer ou vender esteroides, inclusive dar a amigos. Isso pode levar a uma pena máxima de 14 anos de prisão.

As apreensões de esteroides anabolizantes aumentaram 26% no Reino Unido no ano passado, chegando a 995.830 doses, a maioria encontrada na fronteira do país.

Não há nenhuma pesquisa médica oficial ou orientação sobre como reduzir os riscos de tomar a substância.

Como não há orientação clínica, alguns fisiculturistas experimentam diferentes compostos, repassando dicas e conselhos entre os usuários de esteroides.

Esta é uma prática que os fisiculturistas chamam de "bro science" (algo como "conhecimento científico de colegas"), embora não exista nenhuma análise científica oficial.

"Um fisiculturista está fazendo coisas que um médico jamais acreditaria ou sonharia em fazer — é uma abordagem de tentativa e erro", acrescenta Joey.

Estes "ensaios clínicos" sem supervisão levaram ao surgimento do que é conhecido como drogas para melhorar a imagem.

Embora tenha dito que ainda injeta a substância por causa da carreira, Joey disse que seu problema cardíaco o deixou mais consciente. Mas admite que os riscos existem, por mais cuidadoso que seja.

Joey agora se submete a exames periódicos de sangue e do coração, mudou sua alimentação e seu estilo de vida, mas reconhece: "Estou totalmente ciente de que, seja qual for minha expectativa de vida, estou tirando pelo menos 20 anos dela."

Os riscos associados ao uso de esteroides anabolizantes variam de infertilidade e disfunção erétil até dependência e calvície.

Tom Powell, ex-participante do reality show britânico Love Island, também sofreu efeitos colaterais psicológicos.

"Fiquei deprimido, triste, com raiva, tive terror noturno, sudorese noturna", contou Powell, de 33 anos, que começou a usar esteroides há oito anos.

"Eu queria brigar com as pessoas. Tinha altos e baixos. Chorava e ficava com raiva. Eu queria lutar contra o mundo."

Tom apresentou ainda outro efeito colateral: o desenvolvimento das mamas.

Depois de aparecer na edição de 2016 de Love Island, Tom transmitiu ao vivo a cirurgia de remoção do tecido mamário, que havia se tornado doloroso.

"Conheço 20 caras que também fizeram isso, e outros estão pensando em fazer", acrescenta Tom.

Ele contou que agora utiliza uma dose muito mais baixa de esteroides, e adverte contra o uso deles.

"Não acho que valha a pena de maneira alguma", ele diz.

"Se soubessem os efeitos colaterais, não sei se tomariam os compostos."

"Só porque eu tomei essa decisão, não significa que você deva cometer esse erro", afirma Joey.

"Você acha que eu quero falar diante de uma câmera que tenho insuficiência cardíaca, e contar a todos que tomo esteroides? Não, na verdade, não."

"(Mas) talvez agora caiba a mim proteger e evitar que isso aconteça com outras pessoas."

"Há problemas em relação ao entendimento dos efeitos colaterais a longo prazo e das consequências a longo prazo do uso de esteroides", diz Chris Saville, autor de uma pesquisa realizada pelo sistema de saúde público do País de Gales e a Universidade de Bangor sobre o uso de esteroides.

A demanda e a disponibilidade de esteroides aumentaram nos últimos 20 anos, e seu impacto a longo prazo é um problema de saúde pública cada vez maior, adverte Jim McVeigh, especialista em uso abusivo de substâncias.

"Precisamos evitar a pregação. É preciso ouvir e escutar suas preocupações, fornecer evidências e manter um diálogo aberto. A decisão de mudar o comportamento ou reduzir os riscos é de cada indivíduo — esperamos que escolham a opção saudável", explica o professor de uso abusivo de substâncias da Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido.

Fonte: correiobraziliense

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