A partido de centro-direita União Democrata-Cristã (CDU) deve vencer as eleições parlamentares da Alemanha neste domingo (23/2), com 30% dos votos, indicam pesquisas de boca de urna.
As pesquisas também confirmam o avanço da legenda de direita radical Alternativa para Alemanha (AfD) que deve se tornar a segunda maior força política no país, com um recorde de 20% dos votos, de acordo com a boca de urna.
Líder da CDU, Friedrich Merz terá a missão de formar um novo governo alemão, no lugar do chanceler Olaf Scholz, da coalizão de centro-esquerda do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
O partido de Scholz terminou em terceiro lugar, segundo a boca de urna.
Aos 69 anos e com 1,98 m de altura, Merz é um conservador social, pró-negócios e de discurso direto, que passou anos aguardando sua chance.
Ele faz parte do partido da ex-chanceler Angela Merkel, com quem travou disputas no passado sobre a liderança da CDU.
Ofuscado por Merkel desde 2002, ele acabou deixando a política, atuou nos conselhos de bancos de investimento e passou a pilotar aviões como um hobby.
Ele disputou a liderança do partido, mas perdeu para Merkel em 2018 e depois para Armin Laschet, que acabou sendo derrotado na eleição alemã de 2021.
Merz então assumiu o comando da CDU e concorreu sob o slogan "Uma Alemanha da qual possamos nos orgulhar novamente".
Ele prometeu controles permanentes nas fronteiras e regras de asilo mais rígidas para restringir a imigração, além de reduzir impostos e corta 50 bilhões de euros em gastos com assistência social para reaquecer a economia alemã. Também se comprometeu a reforçar a ajuda à Ucrânia.
No entanto, ele provocou forte reação antes das eleições ao tentar endurecer as regras de imigração para contar com votos do partido de extrema-direita Alternativa Para a Alemanha (AfD), o que acabou não dando certo.
Embora Merz tenha descartado qualquer aliança com o AfD, a ex-chanceler Angela Merkel disse que ele estava "errado" ao aceitar os votos do partido, e ele enfrentou grandes protestos.
Merz também prometeu uma liderança mais firme da Alemanha na Europa e maior apoio à Ucrânia, sem descartar uma futura adesão do país à Otan.
As pesquisas boca de urna mostram que a AfD será a segunda força na política do país — conquistando uma votação histórica para o Parlamento alemão.
O copresidente do partido, Tino Chrupalla, diz que está "muito orgulhoso do partido", após as pesquisas de boca de urna deste domingo (23/2).
"Estávamos unidos, nossa campanha foi direcionada e fomos disciplinados", disse ele, ao lado da copresidente Alice Weidel.
"Podemos realmente provocar uma mudança histórica", afirmou, acrescentando que o partido "está sempre abertos a negociações".
Outros partidos têm sido inflexíveis em não formar uma coalizão com a AfD. Mas Chrupalla diz que seu partido recebeu "um mandato para provocar mudanças políticas".
Ao longo da última década, a AfD tem sido um dos partidos que mais cresceu junto ao eleitorado alemão.
O partido é liderado por Weidel, uma mulher lésbica e conservadora que se tornou popular entre os eleitores jovens no TikTok, principalmente homens.
A AfD propõe medidas como a saída da União Europeia, a volta do marco alemão no lugar do euro como moeda nacional, o reestabelecimento de relações com a Rússia, a desativação de usinas eólicas e uma política de "remigração" — com deportação de cidadãos alemães baseado nas suas etnias.
Nas eleições desde domingo, estavam sendo disputados 630 assentos no Parlamento alemção.
As eleições para o chamado Bundestag normalmente ocorrem a cada quatro anos. A próxima estava prevista para 28 de setembro de 2025, mas foi antecipada devido ao colapso do governo Scholz.
A coalizão governante será formada pelos partidos que conseguirem juntos mais de 50% dos assentos.
Isso quer dizer que os conservadores CDU e CSU precisam se somar a outras legendas.
No entanto, Friedrich Merz descartou formar uma coalizão com o partido de extrema-direita AfD, o que limita suas opções de parceiros de governo.
Isso torna mais provável um acordo com os Sociais-Democratas (SPD), de Scholz, embora haja resistência dentro do partido devido a disputas recentes sobre migração.
Paul Kirby
Editor digital da BBC News para Europa, em Berlim
Friedrich Merz e seus democratas cristãos têm uma liderança incontestável, de acordo com as pesquisas de boca de urna divulgadas neste domingo (23/2).
Então ele estará na cadeira para formar um novo governo. Mas se os números das pesquisas forem confirmados, não está claro se ele pode formar uma coalizão com apenas um outro partido, os sociais-democratas. Tudo pode depender se um dos outros partidos entra no parlamento ou não.
Se ele precisar encontrar um terceiro partido, pode levar tempo, e ele é um homem com pressa.
Mas a outra grande história é que o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) está pronto para se tornar a segunda maior força na política alemã.
Quatro anos atrás, eles obtiveram apenas 10,4% e agora estão a caminho de 19,5%-20%, de acordo com as pesquisas de boca de urna.
Sua mensagem parece ter alcançado milhões de alemães no oeste e no leste.
Pesquisas de boca de urna são baseadas em pesquisas com eleitores que acabaram de votar em centenas de seções eleitorais representativas. Elas tendem a ser relativamente precisas, mas não precisaremos esperar muito para obter projeções que serão baseadas em resultados iniciais.
Fonte: correiobraziliense
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