Milhares de fiéis católicos e religiosos enfrentaram a chuva e o frio para participar de uma vigília pela saúde do papa Francisco, ontem à noite, na Praça de São Pedro, no Vaticano. A oração pelo pontífice argentino e pelos enfermos foi conduzida pelo secretário de Estado e número dois da Santa Sé, o cardeal italiano Pietro Parolin. "Rezarmos juntos é a ideia de comunhão, estarmos unidos neste momento importante, de incerteza", declarou Christophe Gosselin, sacerdote encarregado da pastoral juvenil de São Luís dos Franceses, em Roma, que convidou os fiéis a também participarem de uma procissão com velas.
Internado há 11 dias no Hospital Gemelli de Roma, Francisco continua em estado crítico, mas apresenta uma "leve melhora", de acordo com o boletim médico divulgado ontem à noite. "Hoje (ontem), não houve episódios de crise respiratória asmática; alguns exames laboratoriais apresentaram melhora", indicou o comunicado da Santa Sé. "O monitoramento de insuficiência renal leve não é uma preocupação. A oxigenoterapia continua, embora com fluxo e porcentagem de oxigênio ligeiramente reduzidos."
Segundo relato de uma fonte do Vaticano à agência de notícias France Presse (AFP), Francisco conseguiu se levantar e comer normalmente, não sentiu dor e seu estado de ânimo seguia "bom". O jesuíta, de 88 anos, retomou até mesmo algumas de suas atividades e telefonou para o "padre da paróquia de Gaza para expressar seu apoio", como tem feito frequentemente desde o início da ofensiva militar israelense no território palestino há mais de um ano.
O clima de apreensão sobre o quadro clínico do papa, diagnosticado com pneumonia bilateral, ainda é grande. O estado de saúde do líder da Igreja Católica piorou no sábado com "um ataque asmático prolongado que exigiu oxigênio de alto fluxo", além de problemas hematológicos que exigiram "a administração de uma transfusão de sangue". A equipe médica afirmou nesses últimos dias que o papa não está "fora de perigo".
Em declarações ao jornal italiano Corriere della Sera, Abele Donati, diretor da unidade de anestesia e terapia intensiva do Hospital Universitário das Marcas, observou que a insuficiência renal "poderia indicar a presença de sepse em fase inicial". "É a resposta do organismo a uma infecção em curso, nesse caso dos dois pulmões", explicou.
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Esta já é a mais longa internação de Francisco desde que iniciou seu pontificado, em março de 2013. E a quarta em menos de quatro anos, o que vem gerando grande preocupação, uma vez que sua saúde está debilitada por uma série de problemas, desde cirurgias no cólon e no abdômen até dificuldades para caminhar.
"Estamos preocupados e, ao mesmo tempo, confiamos nas equipes médicas", disse o sacerdote Christophe Gosselin. Como se tornou costume nos últimos 11 dias, fiéis voltaram a se reunir para depositar flores diante da estátua de São João Paulo II, em frente ao Hospital Gemelli. Em Roma e em várias partes do mundo, especialmente na América Latina, são organizadas numerosas orações pela saúde do papa.
As redes sociais também foram inundadas por mensagens de pessoas afirmando que rezam por Francisco. Inúmeras delas são acompanhadas da famosa imagem do bispo de Roma sozinho na Praça de São Pedro durante a pandemia de covid-19.
Os problemas de saúde de Jorge Bergoglio reacenderam especulações sobre sua capacidade de liderar os quase 1,4 bilhão de católicos no mundo, apesar de o direito canônico não prever nenhuma disposição em caso de uma condição grave que alterasse sua lucidez. Também intensificaram os rumores sobre uma possível renúncia do papa, que, no entanto, garantiu em diversas ocasiões que esse momento ainda não chegou.
"O papa está vivo e este é o momento de rezar, não de pensar em quem será seu sucessor", afirmou ao jornal Corriere della Sera o cardeal conservador alemão Gerhard Ludwig Müller, um de seus opositores mais ferrenhos.
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