Após um fim de ano turbulento no cenário econômico, com a inflação subindo acima das expectativas e dólar se valorizando, a percepção dos empresários da indústria voltou a subir em alguns segmentos em fevereiro. As distensões provocadas pelo adiamento da imposição de algumas tarifas por parte dos Estados Unidos, além do cenário interno menos conturbado, são alguns dos fatores que contribuem para a retomada desse ritmo.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 10 dos 29 segmentos da indústria analisados pela entidade registraram nível de confiança positivo no mês, enquanto os outros 18 setores seguem pessimistas. Os dados constam do Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) Setorial de fevereiro e a pontuação varia entre 0 a 100 pontos, sendo 50 o nível considerado neutro.
Na comparação com o mês anterior, o número de segmentos com percepção otimista sobre o cenário atual aumentou o dobro — de 5 a 10 setores. Para a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Cláudia Perdigão, a pesquisa mostra uma recuperação disseminada da confiança industrial.
“Contudo, ainda existe, na percepção do empresário, um cenário de dificuldade. A maior parte dos setores continua abaixo da linha dos 50 pontos, sinalizando que há sinais de receio em relação ao ambiente econômico”, avalia a especialista.
Os setores que passaram de um nível de pessimismo para confiança em fevereiro foram couros e artefatos de couro, calçados e suas partes, impressão e reprodução, biocombustíveis, produtos químicos, veículos automotores e manutenção e reparação.
Ainda de acordo com a pesquisa, o índice de confiança se recuperou entre as empresas de todos os portes. No caso dos empresários de grandes empresas, o nível passou de um estado de neutralidade, em janeiro, para um estado de confiança, em fevereiro. Apesar disso, as pequenas e médias empresas continuam abaixo de 50 pontos, o que indica que ainda há falta de confiança.
“A alta da confiança das grandes empresas pode provocar um efeito positivo no sistema econômico, porque elas têm capacidade de estimular as cadeias produtivas por meio da compra de insumos e na movimentação do investimento, beneficiando as pequenas e médias indústrias”, acrescenta Perdigão.
O Icei também registrou avanço em todas as regiões do país. A maior recuperação ocorreu entre as indústrias do Norte, onde o índice cresceu 1,5 ponto. Na sequência, vêm as empresas do Centro-Oeste (1,2 ponto) e do Nordeste (0,8 ponto). A confiança também aumentou nas fábricas do Sul e do Sudeste, embora de forma mais moderada: 0,6 e 0,2 ponto, respectivamente.
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“O movimento foi suficiente para que as indústrias do Norte e do Centro-Oeste saíssem de um estado de pessimismo para um estado de neutralidade. As empresas do Nordeste continuam confiantes, enquanto as do Sul e do Sudeste seguem sem confiança”, destaca, em nota, a entidade.
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