A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) aproveitou a crise provocada pela inflação de alimentos — apontada como razão da queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva —, para apresentar ao governo soluções que resolveriam seus problemas, e os do governo. O deputado Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, encaminhou aos ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Fazenda, Fernando Haddad, ofício contendo 20 medidas que iriam "compor soluções" para baratear os alimentos.
Boa parte das soluções implica perda de arrecadação, uma vez que está a relacionada à redução ou suspensão de impostos. Entre as medidas estão, por exemplo, a revisão da tributação sobre fertilizantes e defensivos agrícolas, a redução temporária de PIS/Cofins sobre insumos essenciais, como trigo e óleo vegetal, e a reavaliação dos impostos sobre embalagens essenciais.
"Estimular o mercado interno e reduzir o custo de produção, sem afetar as exportações, tão necessárias para o equilíbrio do superávit da balança comercial, são medidas urgentes que garantem sustentabilidade de toda a cadeia produtiva nacional", diz o ofício da FPA, assinado por Lupion.
As propostas foram elaboradas pelo instituto Pensar Agropecuária, ligado ao setor produtivo do agro. "Preocupa-nos a possibilidade de o governo adotar medidas heterodoxas para taxar as exportações brasileiras como forma de conter a inflação interna. Essa estratégia já foi implementada em outros países, como a Argentina, e os resultados foram desastrosos", observa o estudo.
Sem solução
Ainda ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou seus ministros da área para discutir a alta no preço dos alimentos. O encontro tratou também do Plano Safra, incentivo anual para pequenos e grandes agricultores. A reunião foi concluída sem anúncios ou comentários à imprensa.
Durante a semana, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reuniu-se com representantes do agronegócio, como os de açúcar, etanol, biodiesel e carnes. O ministro é contrário à restrição da exportação de alimentos.
Publicamente, o governo nega que fará intervenções do tipo. As medidas também são mal vistas pela equipe econômica. Ainda não há consenso, porém, sobre como lidar com a inflação dos alimentos. Há expectativa que uma safra recorde neste ano possa mitigar a situação.
Frutas, café e carnes estão entre os produtos que mais aumentaram de preço nos últimos meses. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na terça-feira mostrou que mais de 90% das famílias notaram o aumento do preço nas contas de casa.
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