Para tentar conter a disparada nos preços dos combustíveis no país o governo tem tentado criar alternativas para reduzir os altos valores praticados. No Congresso Nacional, por exemplo, já tramita uma proposta para cortar custos que desobriga a contratação de frentistas que executam os serviços. Em países como Estados Unidos, Canadá e na Europa o autoatendimento é uma prática comum. A ideia tem gerado polêmica. Reportagem da Jovem Pan News foi às ruas consultar se os motoristas aprovam, ou não, o conceito de retirada destes trabalhadores.
A bancária Vivian Pontes Secco classifica o serviço dos frentistas como um facilitador na correria do dia a dia. “Economicamente é uma questão que pode impactar, até pensando em número de empregos e no dia a dia das pessoas que acabam vendo isso como um comodismo e mais um facilitador na correria da cidade. Acho que seria prejudicial pensando dos dois lados”, opina. O autônomo Ernesto Amatucci considera a possível alteração perigosa: “Aqui é um perigo, né? Interessante é, se o povo for confiável e agir corretamente. Seria interessante”.
“Mas, vai tirar o emprego deles? É cômodo, mas as pessoas tem que aprender a manusear, vai criar um desemprego. É uma faca de dois gumes. Pode ser a tendência, lá fora é assim e acho que é a tendência. Um dia talvez chegue aqui isso”, projeta Amatucci. A possibilidade de aprovação da emenda tem gerado preocupação no setor. O presidente da Federação Nacional dos Frentistas, Eusébio Pinto Neto, afirma que o fim da obrigatoriedade põe em risco 500 mil empregos em todo o Brasil.
“Tem que ter uma transição, está entendendo? Isso no caso de houver uma demissão em massa. Eu acho muito difícil implantar no Brasil tendo em vista o alto índice de desemprego que tem no nosso país. E isso é uma constante, né? Poucos momentos do Brasil a gente viveu sem grande desemprego e também pela situação do país. Nós temos outra cultura, temos a questão da segurança, que é muito grave. Como é que você vai abastecer um carro determinada hora sozinho em um posto de gasolina em qualquer lugar do Brasil? É muito difícil”, argumenta.
Para a professora de economia da ESPM, Paola Sauer, muitos aspectos tem que ser levados em consideração e vê dificuldades para implementação de um modelo como esse no Brasil: “A gente tem uma baixa escolaridade. Não são todas as pessoas que vão saber fazer ou se sentir à vontade para mexer na bomba de combustível. Tem uma curva de aprendizado ainda. Tem gente de idade, gente que não vai se sentir segura. É gente mexendo com uma coisa altamente inflamável e, fora isso, enquanto as pessoas estão abastecendo o carro você tem o veículo aberto e exposto a assalto e outras violências que a gente sabe que fazem parte do nosso cotidiano, diferentemente de países europeus”.
O presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia, engrossa o coro e lembra que os revendedores teriam um custo expressivo para trocar as bombas. Além disso, há questionamento sobre como seria feita a fiscalização de abastecimento em embalagens não permitidas. “Nas bombas dos Estados Unidos você coloca o seu cartão de crédito, faz o abastecimento e a própria bomba cobra. Aqui no Brasil isso não existe, para você fazer isso na bomba tem que ter uma aprovação do Inmetro”.
“Por exemplo, o bico é uma coisa muito importante. O bico tem que ser automático porque o consumidor pode esquecer e sair arrastando o bico. Então precisa de uma mangueira que tenha um desencaixe e feche em caso de acidentes. São pequenos detalhes que a gente teria que olhar com mais calma. Não é tão simples assim”, alerta.
Nos Estados Unidos o autoatendimento já é realidade desde a década de 50. Residente no país norte-americano, o videomaker Nathan Felipe Silva ressalta que, mesmo sem frentistas, a gasolina segue cara. “Eu estou aqui recentemente e o preço já mudou duas vezes desde que eu cheguei e está mais caro. Hoje, por exemplo, eu abasteci e paguei US$ 81, se você converter isso pra real é assustador. O pessoal chegou a comentar comigo que pagava US$ 3 ou US$ 3,50 o galão. Hoje, é um pouco mais de US$ 5, tem lugar que chega a US$ 7”. No Brasil a legislação proíbe o abastecimento em bombas operadas pelo próprio consumidor nos postos. O não uso de frentistas pode acarretar em multa para o estabelecimento infrator e à distribuidora na qual a unidade estiver vinculada.
Fonte: jovempan
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