Cerca de 50 estudantes do ensino médio da Escola Estadual Christino Cabral, de Bauru, plantaram 150 mudas de árvores nativas às margens do Rio Batalha, em Piratininga, nesta quarta-feira (17). A ação busca chamar a atenção para um problema que, neste ano, atingiu contornos ainda mais graves: a crise hídrica. A área fica a cerca de um quilômetro a jusante da Estação de Tratamento de Água (ETA) do DAE, e, ao longo dos anos, perdeu boa parte da mata ciliar, considerada fundamental para a qualidade do abastecimento.
Em meio ao risco de esgotamento da capacidade produtiva da Lagoa de Captação do Batalha, a ação dos estudantes à margem do manancial simboliza a necessidade de ações que poderiam minimizar os impactos da escassez de chuvas. O nível da lagoa vem caindo nos últimos dias e, se chegar a 1,30 metro, o DAE pode paralisar a captação no local (leia mais abaixo).
Segundo Antonio Vicente Moscogliato, técnico em Eduação Ambiental da autarquia, o replantio da mata ciliar é fundamental não só para evitar o assoreamento, mas também para potencializar a infiltração da água no subsolo. "Na Bacia do Batalha, a maior parte das nascentes não tem árvore em volta. Toda vez que chove, 70% da água evapora. Os outros 30% vão infiltrar dependendo do tipo de uso do solo. Onde tem pastagem compactada, ocorre bem pouco. Na cultura agrícola, um pouco mais. A floresta é a que mais ajuda na infiltração", explica.
MULTIPLICAÇÃO
Para o professor Leandro José Guarnetti, idealizador da atividade de ontem, o objetivo é cultivar o espírito ambiental para os jovens passarem a ideia adiante. "É importante trabalhar esse lado da parceria e da cidadania, porque essa ação não é para eles, é para toda comunidade. Vai ficar para as futuras gerações, porque nós vamos embora e as árvores ficam", pontua o docente da Escola Estadual Christino Cabral.
Juntas, Lívia Caroline da Silva e Luiza Harumi Ichii Prates, ambas com 17 anos, plantaram mais de 20 mudas, algo inédito para ambas. "Superou as minhas expectativas. Ajuda a entender o conteúdo de sala de aula", afirma Lívia. Para Luiza, a ação era ainda mais simbólica. A família dela sofre com o rodízio de abastecimento. "Se cada um fizer sua parte, ajuda bastante. Nem que seja no futuro", diz a jovem.
"Mais do que plantio, é criar essa consciência na juventude. O mundo passa por uma grande questão ambiental, estamos vivenciando aqui na nossa região. Então, preservar as beiras de rios e córregos é muito importante", aponta o prefeito de Piratininga, Major Jorge Luís Dias (Podemos), que também acompanhou a atividade.
O nível da lagoa de captação do Rio Batalha marcava 1,52 metro no final da tarde desta quarta-feira (17). A situação é considerada crítica e o sistema pode entrar em colapso, conforme o JC noticiou. Se o índice chegar a 1,30 metro, o DAE terá de paralisar de vez a captação, segundo informou o presidente da autarquia, Marcos Saraiva.
As condições do tempo também não são animadoras. Segundo o Centro de Meteorologia (IPMet), da Unesp, até há previsão de chuvas para esta quinta (18) e sexta-feira (19), porém, em volumes pouco expressivos.
Fonte: jcnet
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