23 de Novembro de 2024

Antes do G20, Biden e Modi se reúnem e estreitam laços sobre defesa, tecnologia e espaço


Ludovic MARIN/POOL/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, reforçaram nesta sexta-feira, 8, os laços entre as duas nações em defesa, tecnologia e espaço, em uma reunião de 50 minutos fechada à imprensa. O encontro aconteceu na residência oficial de Modi um dia antes do início da cúpula dos líderes do G20, também em Nova Délhi, capital indiana. Enquanto Biden e Modi se reuniam, os jornalistas que acompanhavam o presidente dos EUA tiveram que esperar em vans do lado de fora da residência oficial e não tiveram acesso à reunião, o que é incomum, pois é tradição que a imprensa testemunhe o início das reuniões do presidente com outros líderes. Após a reunião, a Casa Branca divulgou uma declaração conjunta na qual os dois líderes se comprometeram a continuar a colaborar em áreas como tecnologia, espaço e defesa, sendo esta última uma questão particularmente crucial para os EUA, porque a Rússia tem sido historicamente o principal fornecedor de equipamentos militares para a Índia.

Os dois líderes expressaram satisfação com o progresso em alguns dos anúncios que fizeram em sua reunião de junho na Casa Branca. Eles receberam com satisfação o início das negociações entre a General Electric, sediada nos EUA, e a Hindustan Aeronautics Limited (HAL), empresa estatal indiana, para a produção de motores de caças na Índia. Os dois também discutiram o progresso feito nas últimas semanas em relação à compra pela Índia de US$ 3 bilhões (R$ 14,9 bilhões) de 31 drones sofisticados “MQ” fabricados nos EUA. Modi e Biden também se comprometeram a colaborar com o desenvolvimento de redes 5G e 6G, bem como nas áreas espacial, de inteligência artificial e de tecnologia quântica.

Durante a reunião, Biden também aproveitou a oportunidade para parabenizar Modi pelo sucesso da missão espacial indiana que, em agosto, chegou com sucesso ao polo sul da Lua, uma região até então inexplorada e onde pode haver água. Sobre o comércio, os dois líderes concordaram em resolver uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas que a Índia impôs a alguns produtos dos EUA, segundo o Escritório do Representante de Comércio dos EUA em comunicado em separado.

Guerra na Ucrânia fora da pauta

Embora o comunicado final emitido após a reunião contivesse 29 pontos e mais de 2.200 palavras, não houve menção à guerra na Ucrânia. A guerra na Ucrânia é uma das questões que mais gerou tensão entre EUA e Índia, pois, entre outras coisas, o governo Modi aproveitou o conflito para comprar petróleo russo a preços mais baixos, em um momento em que o Ocidente reduziu suas importações. Apesar dessas tensões na relação bilateral, a reunião ocorreu em uma atmosfera de “inegável cordialidade e confiança”, descreveu Kurt Campbell, assessor de Biden para a Ásia-Pacífico, aos repórteres que acompanhavam o presidente após a reunião.

De acordo com Campbell, uma das principais prioridades da política externa de Biden é fortalecer o relacionamento com a Índia, o país mais populoso do mundo e a quinta maior economia, além de ser o que mais cresce no G20. O papel da Índia como representante do “Sul Global” é de grande importância, o que Biden vê como uma oportunidade para os EUA de estabelecerem conexões com as nações em desenvolvimento, completou Campbell.

China

Outra questão fundamental é o relacionamento com a China, que Biden considera o desafio mais significativo da política externa dos EUA e com a qual a Índia tem tido suas próprias tensões, incluindo confrontos de fronteira em 2020 que prejudicaram seriamente o relacionamento entre os dois vizinhos. A esse respeito, no comunicado final, os dois líderes reiteraram seu compromisso com o Diálogo de Segurança Quadrilateral, também conhecido como Quad (em inglês, Quadrilateral Security Dialogue), estabelecido em 2007 como um contrapeso à China, que, além de EUA e Índia, inclui Austrália e Japão. Esta é a primeira visita de um presidente dos EUA à Índia desde a de Donald Trump em fevereiro de 2020. Após participar da cúpula do G20, Biden terá compromissos no Vietnã.


Fonte: jovempan

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