O Brasil deve apresentar sua resolução a respeito da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas nesta terça-feira, 17, em nova reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), convocada pelas autoridades brasileiras, que atualmente presidem o colegiado. O órgão, que é a única instância internacional capaz de autorizar o uso legítimo da força em caso de ameaças à paz, ruptura da paz e atos de agressão rejeitou, nesta segunda-feira, 16, a proposta de resolução da Rússia sobre o conflito na Faixa de Gaza. Foram cinco votos a favor, quatro contra e seis abstenções. Os russos pedem um “cessar-fogo humanitário imediato, duradouro e plenamente respeitado” e um acesso humanitário “sem obstáculos” à região de Gaza. O documento sugerido por Moscou também condena “veementemente toda violência e hostilidades contra os civis e todos os atos de terrorismo”, além de pedir a libertação de “todos os reféns” sob custódia do grupo islamita. No entanto, o nome ‘Hamas’ não é mencionado no texto. Os Estados Unidos, por sua vez, insistem que o Conselho condene explicitamente os “atos terroristas odiosos” do movimento palestino, que lançou uma ofensiva inédita sobre Israel em 7 de outubro.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, explicou que a proposta foi rejeitada porque não condenou o Hamas. “Esse Conselho e toda a comunidade internacional tem responsabilidade de ajudar a lidar com essa crise humanitária, condenando o Hamas de forma inequívoca e reafirmando o direito de autodefesa, de acordo com a Carta Magna da ONU. Infelizmente, a resolução da Rússia não atende todas essas responsabilidades”, disse. Segundo ela, ao não mencionar o Hamas em qualquer momento, a Rússia dá cobertura ao grupo islâmico, “ignora o terrorismo do Hamas e desonra suas vítimas”. O representante da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, lamentou a rejeição da proposta. “É uma pena que o Conselho mais uma vez esteja refém das intenções do bloco Ocidental. Esse é o único motivo para não ter sido enviado um recado coletivo com relação a redução de danos”, disse.
Ao longo do dia, a representação brasileira no conselho tentou costurar um texto que atendesse os membros permanentes. O diálogo deve continuar durante esta terça-feira, até a apresentação de sua proposta. O Conselho de Segurança tem cinco membros permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Outros 10 países fazem parte do conselho rotativo: Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes. Na resolução brasileira, estaria a “condenação inequívoca” do Hamas por seus ataques a Israel, a libertação “imediata e incondicional” de todos os reféns civis, a revogação da ordem israelense para que civis e funcionários da ONU se desloquem para o sul de Gaza e pausas humanitárias para permitir o acesso à ajuda durante o conflito.
Paralelamente, a diplomacia brasileira também pretende colocar em votação uma resolução determinando a criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza. No último final de semana, outra reunião do Conselho de Segurança da ONU não alcançou consenso neste ponto. Para que uma resolução seja aprovada, é preciso ter os votos de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho, incluindo os membros permanentes – Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos.
Fonte: jovempan
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