O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou nesta terça-feira (22) a Israel, em uma nova tentativa de avançar para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e conter a escalada militar na região, enquanto prossegue a ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano. A viagem de Blinken, a 11ª ao país desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra o território israelense, acontece quase um mês após a expansão do conflito ao Líbano. Pouco depois do início das suas conversações com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, no início da tarde, o Exército israelense efetuou um novo ataque nos subúrbios do sul de Beirute, após ordens de saída para os moradores, informou a agência de notícias libanesa ANI. O Exército intensificou a ofensiva desde segunda-feira à noite perto da capital, Beirute, e em todo o país, contra as “instalações militares” do Hezbollah. Um dos bombardeios matou 13 pessoas, incluindo uma criança, e deixou 57 feridas perto do maior hospital público do país, em Beirute, localizado fora dos redutos tradicionais do Hezbollah, segundo o Ministério da Saúde libanês.
“As crianças brincavam do lado de fora e, quando o primeiro míssil caiu, seguido de outro, eu as vi gritando”, disse Ola Fahed Eid, uma atriz que mora nas imediações. O hospital Rafic Hariri sofreu pequenos danos e quatro edifícios próximos foram destruídos, segundo um correspondente da AFP. Washington afirmou na segunda-feira que trabalha para encontrar “o mais rápido possível” uma solução para o conflito no Líbano. Blinken também quer dissuadir os israelenses, que estão preparando uma resposta ao ataque com mísseis do Irã de 1º de outubro, de qualquer ação que possa inflamar ainda mais a região. Neste sentido, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araqchi, voltou a alertar nesta terça-feira que “o Irã responderá de forma equivalente” no caso de um ataque israelense.
Na segunda-feira à noite, o Exército israelense anunciou que atingiu quase 300 alvos do Hezbollah em 24 horas, depois de ampliar os ataques ao sistema financeiro do influente movimento xiita. Também anunciou a morte na Síria de um dirigente responsável pelas “transferências de fundos do Hezbollah” e afirmou que atacou um bunker do grupo que continha “dezenas de milhões de dólares”. O movimento libanês reivindicou a responsabilidade pelo ataque com drones de sábado que teve como alvo a residência privada de Nentayahu em Cesareia, no centro de Israel. O primeiro-ministro não estava no imóvel.
Pelo menos 1.489 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, quando Israel intensificou os ataques contra alvos do Hezbollah no país, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais. A ONU contabilizou quase 700.000 deslocados em meados de outubro. Desde 30 de setembro, o Exército israelense efetua operações terrestres no sul do Líbano contra o Hezbollah para permitir o retorno de quase 60.000 residentes do norte de Israel, deslocados pelo incessante lançamento de foguetes.
Na Faixa de Gaza, o Exército israelense prossegue com a ofensiva contra o Hamas no norte do território, iniciada em 6 de outubro. O movimento islamista, no poder em Gaza desde 2007, afirmou que continuará lutando apesar da morte de seu líder, Yahya Sinwuar, idealizador do ataque de 7 de outubro de 2023, eliminado pelo Exército israelense em 16 de setembro. O ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023 resultou na morte de 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns que morreram durante o cativeiro em Gaza. Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
O ataque desencadeou a guerra em Gaza, onde a ofensiva israelense já matou 42.718 pessoas, em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde no território controlado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) afirmou nesta terça-feira que a taxa de pobreza nos Territórios Palestinos deve praticamente dobrar este ano e afetar 74,3% da população, após mais de um ano de guerra em Gaza. A ONU calcula que a taxa de pobreza nos Territórios Palestinos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) atingirá 74,3% em 2024, contra 38,8% no final de 2023, o que elevará o número de palestinos pobres para 4,1 milhões de pessoas.
Publicado por Luisa Cardoso
*Com informações da AFP
Fonte: jovempan
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