Nas rampas do Conjunto Nacional, símbolo da Avenida Paulista, é possível passear por uma retrospectiva das últimas décadas da arquitetura e do design de interiores. Essa experiência é um dos destaques do maior evento de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas, que voltou a ser realizado em São Paulo depois de dois anos de restrições por causa da pandemia da Covid-19. A Casacor, que começou como um pequeno projeto, chega aos 35 anos e a 18 cidades brasileiras, outras três na América do Sul e em Miami, nos Estados Unidos. O tema deste ano é “infinito particular”, para estimular a criação de ambientes que priorizam o bem-estar. A Casa Cor vai até o dia 11 de setembro às terças e sábados, do meio-dia às dez horas da noite. E domingos e feriados das 11 horas da manhã às nove da noite. Os ingressos variam de R$ 81 a R$ 101, tendo a opção de meia entrada.
A curadora do evento, Lívia Pedreira, ressalta o potencial econômico e os diferentes ambientes da edição. “Consegue reunir em um único ambiente o profissional, que é o especificador, a indústria, o varejo, que tem a oportunidade de fazer um certo laboratório de tendências, testar os seus produtos, e o visitante, que é o grande consumidor. Em dois anos e meio de pandemia nos fez entender realmente qual é a casa que a gente quer, qual é a casa que a gente precisa e o que nos agrada. Tem profissionais, por exemplo, que mostram um mergulho na espiritualidade, outros foram para o campo, se refugiaram com a família, então você tem um ambiente mais quente, mais acolhedor. Nós tambémt temos aqueles espaços incríveis de nomes que fizeram em 80 metros quadrados exercícios de criatividade que eu nem consigo contar demais, tem que viver, experienciar”, afirma.
O evento conta com 59 ambientes espalhados em 10 mil metros quadrados. Nesta edição, mais de 70 profissionais foram convidados para trazer o próprio conceito de infinito particular. A reflexão é feita no momento em que a população tenta se recuperar de dois anos de crise sanitária, em que a casa de cada família passou a ser um ambiente fundamental em tempos tão desafiadores. O arquiteto Lucas Takaoka apresenta neste ano a Casa Cosentino Embaúba, inspirada na árvore nativa brasileira que ajuda no reequilíbrio de regiões que sofreram com o desmatamento. “Teve um êxodo em massa em busca de lugares mais calmos, onde fosse possível aproveitar uma praia, aproveitar o campo, quem podia, de uma maneira geral, esse espaço conta sobre uma ressignificação do ser humano em tempo difícieis. O que, em um momento ruim, você consegue tirar de positivo. Então, sua família, seu tempo, começou a fazer muito sentido guardar com maior proteção. E essa casa ela conta um pouco sobre isso. O seu momento particular, o seu espaço, o seu tempo de sono, tudo começou a ser priorizado porque as pessoas perceberam que o tempo é finito”.
Já a arquiteta Patrícia Hagobian, que está pela décima vez na Casacor, apresenta um ambiente que favorece os encontros. Depois dessa pandemia [da Covid-19], as pessoas querem receber, querem se unir, querem estar com os amigos, com a família. Então, nada melhor do, dentro da sua casa, fazer um lugar para receber. E é justamente isso que eu propus aqui no ambiente, um lugar para receber as pessoas, integrar o ambiente, onde todos podem estar com as pessoas que a gente ama e receber, porque eu acho que é isso que a pandemia trouxe para a gente, estar mais perto das pessoas. Cada cantinho traz memórias, traz lembranças do seu infinito particular. Então eu uni o ponto de encontro, que é muito icônico, pelo edifício em que a gente está, que é o Conjunto Nacional, um grande ponto de encontro, de comércio, de moradia, de entretenimento. Então, eu uni tanto o tema “infinito particular” quanto o tema do meu espaço, que é “um grande ponto de encontro”, diz.
O arquiteto Nildo José, que é de Feira de Santana, na Bahia, apostou em uma homenagem ao sertão, que descreveu como o próprio infinito particular. “Eu trouxe todas essas referências do Nordeste, do sertão, que foi onde eu nasci, onde eu cresci, que é meu infinito particular, aqui para essa residência, para esse loft. Da arquitetura, os espaços, a luz natural, as texturas, a forma como você trabalha os elementos, a fluidez do ambiente, faz com que você se sinta ali realmente a sensação de bem-estar. Existe um termo chamado medicina do ambiente, que é como a arquitetura consegue interferir nas nossas emoções, sensações, bem-estar e como que a gente, depois de vivenciar aquele espaço, se transforma. A gente já salvou casamentos, que às vezes o casal está ali em pé de briga porque o espaço é insuficiente, a gente consegue relaxar a pessoa, dependendo do ambiente, consegue fazer com que ela se concentre para estudar mais”, comenta.
*Com informações da repórter Nanny Cox
Fonte: jovempan
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