18 de Setembro de 2024

Caso Jeffrey Dahmer: por que há pessoas que idolatram serial killers?


Reprodução/Netflix

Lançada em 21 de setembro de 2022, a série “Dahmer: Um Canibal Americano” se tornou um dos maiores sucessos da Netflix. A produção estrelada por Evan Peters (“X-Men”) rapidamente acumulou espectadores ao redor do mundo ao contar a história de Jeffrey Dahmer, um dos maiores serial killers dos Estados Unidos, responsável por assassinar mais de 17 pessoas entre 1978 e 1991. Ao retratar a trajetória do assassino em série, a produção da Netflix chocou os espectadores ao mostrar a brutalidade de Dahmer. Por outro lado, diversos admiradores do criminoso começaram a surgir, e a figura de Dahmer ganhou um tom de celebridade. Em festas de Halloween nos Estados Unidos, por exemplo, fantasias do caso têm se tornado comuns. O mesmo efeito aconteceu em outras épocas, com outros casos famosos, como Ted Bundy (criminoso que estuprou e matou várias mulheres nos Estados Unidos na década de 1970) e os atiradores de Columbine (dois jovens que abriram fogo em uma escola no Estado americano do Colorado, mataram 12 colegas, um professor e depois se suicidaram). A repercussão gerou revolta nas redes sociais e críticas para quem usa fantasias do assassino.

Em entrevista ao portal da Jovem Pan, Nickolas Mosmann, psicólogo clínico, especialista em psicopatologia e saúde pública pela Universidade de Saúde Pública da USP, analisou a popularidade dos serial killers junto ao público, atribuindo a idolatria a dois fatores: o carisma dos criminosos e a projeção de poder que as pessoas veêm neles. “Tem dois fatores importantes. O primeiro é o fator pessoal do serial killer. São pessoas carismáticas, que têm um magnetismo pessoal muito forte. Isso é um ponto importante. Outro ponto, da pessoa que o segue, é que geralmente quem vê um serial killer com um poder na personalidade, o que faz com que a pessoa projete nesse assassino o poder que ela não tem. Quando a pessoa vê o Dahmer com aquela potência, com a vingança sobre aquelas questões com as quais ela não consegue lidar, ela se projeta naquilo e se sente poderosa. Quando se projeta de uma maneira negativa naquele herói às avessas, percebe um poder que gostaria de ter. Um poder que não passa por nenhum senso ético ou moral, mas é um poder com o qual ela pode se vingar e destruir'”, explica Mosmann.

O especialista também falou sobre o sucesso de séries e filmes que retratam casos brutais, citando o sucesso como “Round 6” e “Coringa”. Segundo Mosmann, essa brutalidade atrai a audiência por dois motivos distintos: curiosidade e sadismo. “As séries brutais, geralmente, nos atraem, seja em casos jurídicos ou de ficção, como em ‘Round 6’, que gerou uma febre. A gente também pode pensar no ‘Coringa’ de alguns anos atrás. A brutalidade nos chama, nos causa algum tipo de curiosidade e, ao mesmo tempo, algumas pessoas a olham não com curiosidade, mas com certo prazer e sadismo. Acredito que existem esses dois tipos de pessoas, as que buscam esses casos de serial killers por curiosidade, para saber o que aconteceu, e aquelas que olham com sadismo.”

Fantasias no Halloween

O fenômeno é tão grande que Jeffrey Dahmer virou uma das fantasias mais utilizadas nos Estados Unidos. Perucas, óculos e camisas similares às utilizadas na série foram muito vendidas. Entretanto, os familiares das vítimas de Dahmer ficaram incomodados com as vendas. Em entrevista ao TMZ, Shirley Hughes, mãe de Tony Hughes, uma das vítimas do serial killer, falou sobre a perda e os gatilhos trazidos pelas fantasias, dizendo ser doloroso acompanhar o streaming lucrando em cima da história e afirmando que as fantasias revivem os traumas. A repercussão das fantasias foi tão grande que o eBay, um dos maiores site de comércio eletrônico nos EUA, proibiu venda de itens inspirados no assassino.

Nickolas também falou sobre o tema, mencionando os gatilhos que também foram citados por Shirley. Ele alerta que este tipo de comportamento pode ser prejudicial à sociedade. “Quando a gente olha para um serial killer com admiração, vem de um lado muito ferido, um lado que precisamos trabalhar. Um lado que vê ferir os outros como uma forma de opção. Quando a gente pensa nas fantasias, acho que existem muitas problemáticas. Quando alguém se veste como um serial killer, não entende o quanto aquilo pode ser prejudicial às pessoas ao redor. Quando você usa a fantasia, você não tem noção do quanto aquilo pode engatilhar sentimentos emocionais nas pessoas”, afirma o especialista, citando que inúmeros casos do gênero requerem acompanhamento profissional para tratar de traumas.

Quem foi Jeffrey Dahmer?

Nascido em 21 de maio de 1960, Jeffrey Lionel Dahmer é responsável pela morte de 17 homens e garotos, sendo que a maioria dos assassinatos aconteceu entre 1989 e 1991. Além de assassinar suas vítimas, Dahmer também foi julgado por estupro, necrofilia e canibalismo. Mesmo com diagnóstico de transtorno de personalidade borderline, transtorno de personalidade esquizotípica e transtorno psicótico, Dahmer foi considerado são no julgamento e sentenciado a 16 prisões perpétuas em 1992. Em 28 de novembro de 1994, o serial killer foi espancado até a morte por Christopher Scarver, detento que também cumpria pena em uma prisão de segurança máxima no Wisconsin.

Outras produções

“Dahmer: Um Canibal Americano” não é a primeira produção que retrata os brutais crimes de Jeffrey. Lançada na onda da série com Evan Peters, a série documental “Conversando com um Serial Killer: o Canibal de Milwaukee” explora a mente de Dahmer através da equipe jurídica. Em 2017, foi lançado o filme “O Despertar de um Assassino“, que é estrelado por Ross Lynch e conta a história da transformação de Dahmer. Trazendo Jeremy Renner no começo de sua carreira, “Dahmer” foi lançado em 2022 e relata os 17 assassinatos cometidos pelo serial killer. Além disso, o documentário “A Mente de Um Monstro: Jeffrey Dahmer, o Canibal” traz documentos, depoimentos e entrevistas com parentes e amigos das vítimas de Jeffrey, tentando entender a transformação dele em um dos maiores serial killers da história.


Fonte: jovempan

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