Neste início de ano, os consumidores bauruenses estão tendo que adaptar o cardápio. Por conta das chuvas volumosas e frequentes, os produtores agrícolas não têm conseguido fornecer hortaliças em quantidade suficiente para suprir a demanda. Assim, alguns produtos, principalmente folhosas e flores, como o brócolis, estão mais escassos e mais caros (leia mais abaixo) nas prateleiras dos supermercados e quitandas da cidade.
Quem já sente essa dificuldade é Elena Goiano Manzini, de 60 anos. A dona de casa conta que teve câncer há 17 anos e, desde então, cuida bastante da própria alimentação para manter a saúde em dia. "Percebo que, todo início de ano, alguns produtos ficam em falta por conta das chuvas. Então, eu acabo comprando o que tem. Eu gosto muito da alface americana, mas, como está em falta, eu compro a alface lisa ou a crespa. O que importa é comer minha salada toda noite. Disso eu não abro mão", declara.
Ao chegar em uma quitanda no Jardim Marambá para comprar brócolis, a aposentada Raquel Cantilho, de 64 anos, foi logo informada pelos funcionários de que o item está em falta. Ela, contudo, acabou levando rúcula e alface, que afirma consumir diariamente. "Nesta época do ano, é sempre difícil de encontrar brócolis, porque chove muito. Então, a gente acaba consumindo a hortaliça que tem, procurando o lugar onde é mais barato, já que o preço também acaba subindo um pouco", diz.
CHUVARADA
Renato Theodoro Delgado, de 49 anos, assistente de planejamento da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável Regional de Bauru (CRDS), antiga Cati, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, explica que, como o excesso de chuva deixa o chão encharcado, as plantas não conseguem se desenvolver adequadamente e têm dificuldades para absorver nutrientes do solo.
"Além disso, a terra inundada é mais propícia à proliferação de fungos e bactérias, o que exige que os produtores tenham o cuidado para lidar também com a questão de controle de doenças. Muitos preferem não se arriscar e produzem em estufas, onde é possível controlar melhor a umidade. Porém, o espaço para plantio é menor, o que diminui a oferta de alimentos e a variedade deles consideravelmente", analisa o engenheiro agrônomo.
ESTUFAS
É o caso do produtor rural Luis Fernando Magri, de 36 anos, que trabalha com o cultivo de hortaliças desde 1991. Ele produz 90% dos alimentos que são comercializados na própria quitanda, localizada no Jardim Marambá. Mas, nesta época do ano, praticamente abandona o cultivo no campo e realiza apenas o plantio nas estufas.
"O brócolis, por exemplo, até paro de plantar, porque ele não se desenvolve no solo encharcado e, na estufa, não compensa financeiramente. É um alimento que desaparece nessa época. Somente nesta última semana, recebi cerca de 200 ligações de restaurantes perguntando se eu tinha para vender. Eu até brinco que, nesta época, a gente compra o que tem", conta, com bom humor.
A menor variedade de hortaliças disponíveis impacta principalmente nos supermercados, que precisam adotar estratégias para conseguir atender o consumidor. "Neste período, alguns alimentos que costumamos receber 20 caixas, acabamos recebendo dez ou cinco, e temos que administrar o estoque. Por isso, temos que elevar um pouco o preço. Porém, realizamos ações com as frutas para compensar e equilibrar a balança", avalia o diretor comercial de uma rede de supermercados, Renato Lourenção, destacando que ficam mais "raros" nessa época abobrinha, berinjela e pepino, além do brócolis.
"Vale lembrar que isso é algo momentâneo e, logo, a situação será normalizada novamente, assim que as chuvas volumosas cessarem. Além disso, nossa região é uma grande produtora de verduras e legumes, e facilita termos a Ceagesp aqui, o que torna a cidade uma grande distribuidora e diminui as chances de algum alimento ficar realmente em falta", finaliza Lourenção.
Fonte: jcnet
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