Pela primeira vez na história, o México terá uma presidente mulher. Claudia Sheinbaum superou as estimativas e derrotou Xóchitl Gálvez. Com 60% das urnas apuradas, Sheinbaum recebeu entre 58% e 60% dos votos, 32 pontos à frente da rival de centro-direita Xóchitl Gálvez, segundo a apuração rápida do Instituto Nacional Eleitoral (INE). A segunda colocada, Xóchitl Gálvez, recebeu entre 26% e 28% dos votos. As pesquisas já apontavam a vitória da esquerda. Claudia Sheinbaum, de 61 anos, é cientista de ascendência judia e fez doutorado em engenharia ambiental na Unam (Universidad Nacional Autónoma de México), para o qual pesquisou durante quatro anos nos Estados Unidos, e fez parte do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC) que ganhou um Prêmio Nobel da Paz em 2007. Desde jovem seu magnetismo estava enraizado em suas convicções de esquerda que a tornaram militante do Conselho Estudantil Universitário (CEU), segundo um colega de mestrado.
Tanto na sua militância estudantil nos anos 1980, como em seu primeiro cargo público como secretária do Meio Ambiente da Cidade do México (2000-2006), mostrava seriedade e foco. Como prefeita de um distrito da Cidade do México, enfrentou o desmoronamento de um colégio durante o terremoto de 2017 que matou 26 pessoas, incluindo 19 crianças. Também gerenciou com destreza um dos momentos mais difíceis como prefeita da capital (2018-2023): a pandemia e a queda de uma linha do metrô. O uso de métodos científicos e ferramentas tecnológicas refletiu a marca de Sheibaum na gestão da covid, que, no entanto, deixou uma elevada mortalidade.
A vitória de Sheibaum, é um marco histórico no México, um país marcado pela violência de gênero. Os números do governo registraram 852 feminicídios no ano passado. “A vitória de uma mulher para presidência com certeza pode marcar uma nova remodelação das democracias com mulheres ganhando poder”, fala Vitélio Brustolin, professor de relações internacionais da UFF e pesquisador de Harvard. Contudo, ele adianta que ela terá a difícil missão de combates a violência. O cientista político Leandro Consentino vê essa mudança no cenário político mexicano como um esforço que a sociedade tem feito em prol da igualdade de gênero, inclusive com leis aprovada de paridade de gênero para os três poderes. A vitória de Gálvez pode impulsionar a implementação da questão de gênero e da violência de gênero na agenda central”, acrescenta o professor.
As eleições deste domingo, que aconteceram em meio a assassinato de candidatos, levou mais de 99 milhões de eleitores mexicanos às urnas e contou mais de 27.000 militares e agentes da Guarda Nacional mobilizados para garantir a segurança das eleições. Segundo o governo, desde o início do processo eleitoral, em setembro de 2023, foram assassinados 22 candidatos. A organização Data Cívica, no entanto, contabiliza 30 vítimas fatais. O balanço aumentou na terça-feira (28) com o assassinato de um candidato a prefeito no estado de Morelos (centro). Em Jalisco, outro candidato foi ferido a tiros.
Fonte: jovempan
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