Depois de trocar o Podemos pelo União Brasil e ser escanteado por lideranças do partido que surgiu da fusão entre DEM e PSL, o ex-juiz da Operação Lava Jato Sergio Moro tem sido aconselhado por aliados a brigar por uma vaga na Câmara dos Deputados. Na avaliação de integrantes do partido ouvidos pela Jovem Pan, esta seria a maneira mais fácil de o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública conquistar um mandato eletivo.
A possibilidade de oferecer a Moro o posto de vice-presidente na chapa do deputado federal Luciano Bivar (PE), pré-candidato do União Brasil à Presidência, estava no radar de uma ala do partido, mas, segundo relatos de líderes, deve ficar com a senadora Soraya Thronicke (MS). Aliados de Bivar avaliam que a parlamentar pode alavancar a postulação presidencial, entre outros motivos, por ser mulher. Além disso, em caso de insucesso, Thronicke não perderia a cadeira no Senado por estar no meio do mandato – ela foi eleita em 2018. “Dentro de um universo de chapa pura, o nome cogitado é o da Soraya. É uma questão lógica, está no meio do mandato, não tem outro nome”, disse à Jovem Pan o deputado federal Júnior Bozzella (SP).
O ex-juiz também pode disputar uma cadeira no Senado por São Paulo. A disputa, porém, está bastante apertada. Segundo pesquisa Real Time Big Data, contratada pela TV Record e divulgada nesta segunda-feira, 23, o jornalista e apresentador José Luiz Datena (PSC) lidera a corrida com 29% das intenções de voto. Moro, por sua vez, tem 20% e é seguido pelo ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), que chega aos 16%. Como a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, Moro e França estão tecnicamente empatados em segundo lugar. No pleito deste ano, apenas um candidato será eleito.
“Moro tem que ser cirúrgico. Ele precisa ir para uma disputa assertiva, sem nenhum tipo de risco. [Se disputar uma cadeira na Câmara] Pode ser recordista de voto, tem eleição garantida e vai ter protagonismo”, afirmou Bozzella à reportagem. O deputado se reuniu nesta segunda-feira, 23, com o ex-juiz e sua esposa, Rosângela Moro, para tratar sobre projetos políticos. O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro resiste à ideia de brigar por uma vaga na Câmara e já admitiu a possibilidade de não se candidatar a nenhum cargo. Apesar da resistência, a cúpula do União Brasil já possui, inclusive, uma projeção do desempenho de Moro, tido como um puxador, nas urnas: cerca de dois milhões de votos e a eleição de mais cinco deputados.