A população que mora na Brasilândia, na zona norte de São Paulo, reclama que precisa de atendimento de saúde geral, mas que o Hospital Municipal da Brasilândia só funciona para pacientes com Covid-19, mesmo durante este momento, com números menores de casos do que nos anos anteriores. Os habitantes pedem urgência da prefeitura para que o hospital que foi inaugurado em 2020 deixe de ser exclusivo para Covid-19 e receba também pacientes que necessitam de tratamentos outras especialidades.
A autônoma Gisele Otner da Silva conta que mora perto da unidade de saúde, que o pai sofreu o infarto, mas que não pode levá-lo para lá e precisou que fosse socorrido às pressas a quilômetros de distância da residência deles. “Agora está fechado, só entra pessoas de com Covid-19. Meu pai teve infarto e levaram ele para o hospital de Pirituba. Eu gostaria que estivesse aqui, porque a gente poderia vir a pé, porque nós moramos aqui na Brasilândia. E para ir ao hospital de Pirituba, nós precisamos pegar três ônibus para poder visitar o meu pai”, diz.
A Eli Souza Silva é coordenadora do movimento A Saúde na Brasilândia Pede Socorro e fala sobre a situação do hospital: “A gente ficou superfeliz quando conseguiu [a construção do hospital]. Foi uma luta para construir esse hospital. Construiu e a gente está, até hoje, esperando para poder usar o hospital que foi construído no nosso bairro. A gente não tem como usar e precisa muito, a população aqui não tem hospital, não tem para onde ir. Quando você fica doente não tem para onde ir”, comenta.
Sem a possibilidade de serem atendidos no Hospital da Brasilândia, os moradores passam por uma peregrinação, enfrentam filas enormes e muita espera nas unidades de saúde da região, que acabam ficando sobrecarregadas. Com a queda nas internações por infecções pelo coronavírus, a comunidade reclama da superlotação das AMAs e UBSs. Diante desse cenário, o vereador delegado Palumbo, do MDB, mesmo partido do prefeito Ricardo Nunes, entrou com ação na justiça para que haja atendimento geral. “Tem mais funcionários do que pacientes. O hospital está vazio, enquanto o povo da zona norte está sobrecarregando UPAs e unidades básicas de saúde da região, como, por exemplo, Vila Palmeiras, Hospital da Freguesia do Ó e isso não é justo”, diz.
A promessa, quando foi idealizado, é de que o Hospital da Brasilândia funcionaria como hospital geral e maternidade com 305 leitos para atender cerca de 2,2 milhões de pessoas que moram na região. Mas o sentimento é apenas um: “É é desesperador, porque aqui a gente precisa de saúde. Aqui todo mundo depende do SUS. Uma população de trabalhador que mora aqui. É um bairro periférico, de trabalhador, que fica doente e não tem convênio, não tem dinheiro para pagar hospital particular. Quando a gente passa mal ou tem algum problema, a gente segue para o serviço público e a gente tem um hospital público, construído com o dinheiro público, e nós continuamos sem ter para onde ir. É desesperador a situação da população da Brasilândia em relação à saúde”, diz uma moradora. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informa que um processo de chamamento público está em andamento para a gestão do HM da Brasilândia como hospital geral.
*Com informações do repórter Daniel Lian