O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comprometeu-se nesta quarta-feira (31) a divulgar todos os documentos relacionados à votação que resultou em sua reeleição. A declaração vem em um momento de intensas críticas e alegações de fraude por parte da oposição. Maduro foi reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 51% dos votos, conforme anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão alinhado ao governo. A oposição, liderada por María Corina Machado e o candidato presidencial Edmundo González Urrutia, contesta os resultados e afirma ter vencido as eleições. Eles denunciam uma “escalada cruel e repressiva” contra seus membros, que já resultou em pelo menos 12 mortos, dezenas de feridos e mais de mil detenções desde segunda-feira.
Em resposta às acusações, Maduro afirmou estar pronto para apresentar “100% das atas” e se disse disponível para ser interrogado e investigado. Ele fez suas declarações na sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e assegurou que as provas de sua vitória serão apresentadas em breve. A oposição alega que houve fraude nas eleições e publicou cópias de 84% das atas de votação como evidência. María Corina Machado usou a rede social X (antigo Twitter) para criticar a repressão do governo e reportou 16 mortes durante os protestos recentes. Dados anteriores indicam 11 civis mortos, além de dezenas de feridos e um militar falecido, segundo o procurador-geral Tareck William Saab.
O CNE também relatou uma invasão ao seu sistema de votação, enquanto Maduro acusou a oposição de tentar um “golpe de Estado”. A pressão internacional cresce para uma recontagem dos votos e um fim à repressão. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, pediu a publicação dos dados eleitorais, enquanto o presidente colombiano, Gustavo Petro, solicitou uma apuração transparente. O G7 também pediu clareza e transparência nas eleições. O Centro Carter, que foi convidado pelo CNE para observar o pleito, declarou que as eleições não atenderam aos “padrões internacionais de integridade eleitoral”.
Em resposta às acusações, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, sugeriu a prisão de González Urrutia e Machado, acusando-os de incitar os protestos. Maduro advertiu que “a justiça vai chegar” a González Urrutia. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fizeram apelos para cessar as detenções e garantir os direitos fundamentais dos venezuelanos. Por outro lado, o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador rejeitou a reunião convocada pela OEA e criticou a parcialidade da organização. A capital Caracas enfrenta uma situação de quase paralisação, com comércios fechados e transporte público escasso, à medida que os protestos por uma recontagem de votos continuam.
*Com informações da AFP
Publicada por Felipe Cerqueira
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