Começou nesta terça-feira (27), na cidade de San Martín, na província de Buenos Aires, o megajulgamento por crimes contra a humanidade cometidos contra 113 vítimas em vários centros de detenção clandestinos durante o último período de ditadura na Argentina (1976-1983). O Tribunal Oral da 5ª Vara Criminal Federal de San Martín iniciou o julgamento da ação que unifica outras duas: uma, com 127 casos de privação ilegal de liberdade e tortura, e três assassinatos no chamado circuito repressivo da zona oeste de Buenos Aires; outra, pela privação ilegal de liberdade de três pessoas. Este circuito incluía os centros de detenção clandestinos de RIBA (Regional de Inteligência de Buenos Aires), Mansión Seré e aqueles que funcionavam nas delegacias de polícia de Moreno e Morón e nas Brigadas Aéreas I de Palomar e VII de Morón, entre outros. Na primeira ação, os processados são os ex-membros da Força Aérea argentina Juan Carlos Herrera, José Juan Zyska, Ernesto Rafael Lynch e Julio César Leston, e na segunda o ex-chefe de Contrainteligência do mesmo órgão, Juan Carlos Vázquez Sarmiento.
Foragido por duas décadas até sua prisão, em 2021, Sarmiento foi um dos prisioneiros que recentemente recebeu a visita de um grupo de legisladores do partido governista “A Liberdade Avança” em meio a uma forte controvérsia no cenário político nacional. Herrera e Zyska eram primeiro-tenente e primeiro-cabo, respectivamente, da I Brigada Aérea de Palomar; Lynch, capitão da VIII Brigada Aérea de Moreno; e Leston, primeiro-cabo da RIBA. Na leitura da apresentação dos casos, foi detalhado que na chamada Subzona 16, que incluía os distritos de Morón, Moreno e Merlo, no oeste da região metropolitana de Buenos Aires, “a mecânica de operação típica do plano de repressão instalado pelo governo de fato” foi replicada.
“Os centros de detenção clandestinos representavam um enclave fundamental de terror. Além das características particulares dos envolvidos, todos eles foram peças-chave na formação de um ambiente que era em si mesmo brutal e desumano e que tinha que cumprir um determinado propósito”, alegou o Ministério Público (MP). A apresentação feita pelo MP apontou que todos os casos incluíam o “sofrimento de dois níveis de tormento”, a transferência das vítimas para centros de detenção clandestinos e maus-tratos físicos, por meio da sujeição a “tratamento cruel, desumano e degradante”. De acordo com a ONG “Avós da Praça de Maio”, uma das autoras da causa, 25 do total de casos estão sendo julgados pela primeira vez. A audiência desta terça-feira (27) foi realizada após vários adiamentos, de acordo com o tribunal composto pelos juízes Walter Antonio Venditti, María Claudia Morgese e Silvina Mayorga. A próxima sessão, na qual será iniciado o interrogatório, será realizada em 10 de setembro.
*Com informações da EFE
Publicado por Marcelo Bamonte
Fonte: jovempan
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