22 de Novembro de 2024

‘Confio na conduta do ministro Milton Ribeiro’, afirma líder do governo na Câmara


Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Após o vazamento de áudios do ministro da Educação, Milton Ribeiro, e movimentações políticas que se sucederam, apontando para um possível esquema de corrupção no governo Bolsonaro, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), passou a defender a permanência de Ribeiro na Pasta. Segundo Barros, as investigações devem ser realizadas para apurar se houve irregularidades e punir os envolvidos. Em entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, desta sexta-feira, 25, o deputado afirmou que confia na conduta do ministro e que, caso uma CPI seja instaurada, essa será uma oportunidade do governo mostrar ‘novamente’ que não possui corrupção em sua formação.

“Nós temos clareza de que quem está na vida pública tem que prestar esclarecimentos. Tem que dizer a que veio ou o que está fazendo. E é natural que as pessoas que estão na vida pública sejam questionadas, porque tratam com recursos públicos. O ministro Milton fará todos os esclarecimentos necessários. Se houver assinatura suficientes para uma CPI, ela se instalará, como tantas outras que já aconteceram, vai cumprir o seu papel. Eu sou vice-presidente da CPMI da fake news, que está instalada há tempos para investigar várias questões. É natural, é papel do legislativo fazer a fiscalização. O ministro vai às comissões, o ministro dá entrevista, o ministro falará oportunamente sobre tudo o que está sendo questionado, e as pessoas vão ter as suas condutas também investigadas. Eu não vejo dificuldade nenhuma para o ministro fazer as explicações que deva fazer. Os fatos vão se sucedendo, e nós teremos, ao final, um desfecho, se houve ou não conduta inadequada. Eu confio muito na conduta do ministro Milton Ribeiro”, afirmou Barros.

Sobre a possibilidade de uma CPI ser instaurada, Barros comentou que não vê um problema na situação, já que a apuração do Executivo também é uma função do Legislativo. Ele comparou a situação com a CPI da Covid-19, na qual ele próprio foi acusado de corrupção e disse que uma nova CPI seria uma oportunidade do governo mostrar lisura: “Com certeza o ministro vai se explicar, vai dar as informações necessárias, vai demonstrar que tomou providências quando soube de eventuais condutas irregulares dos seus interlocutores, denunciou à CGU, Controladoria Geral da União, e as providências tomadas. Não me parece que o reverendo Milton seja uma pessoa afeta a esse tipo de conduta. Se terceiros utilizaram-se do relacionamento ou do acesso ao ministro para fazer qualquer tipo de ação irregular, responderão. Eu falo aqui com absoluta tranquilidade, porque eu fui massacrado por meses pela CPI [da Covid-19] (…) Talvez daqui a alguns meses, o ministro Milton vai estar na mesma situação que eu, com tudo explicado e sem nenhuma prova de uma conduta irregular dele. É preciso dar o crédito às pessoas de bem que se dispõem a prestar o seu tempo ao serviço público em interesse, especialmente, dos mais carentes”

E continuou: “Como temos uma eleição, a oposição vê na CPI uma oportunidade de tumultuar, de tentar manchar a imagem correta do governo Bolsonaro, com versões, com ilações que não se provarão, mas talvez não se prove no momento posterior ao momento eleitoral. O fato é que temos que explicar. Nós, pessoas públicas, temos o dever de dar explicações de todos os nossos atos e é o que nós fizemos”, reforçou Barros. Na sequência, ele ainda defendeu o governo Bolsonaro de acusações de corrupção e explicou como funciona a estratégia para evitar roubos nos cofres federais.

“O governo Bolsonaro criou diretorias de integridade em todos os ministérios. Essas diretorias são comandadas por um controlador-geral da União de carreira. [Eles] verificam todos os passos dos procedimentos dos ministérios, desde o início do procedimento de compra, a licitação, depois a qualidade da entrega do que é fornecido ao governo. Por isso não tem corrupção no governo Bolsonaro. Nós assistimos seis meses de CPI [da Covid-19], acusando o governo, e o relatório final não tem uma prova de corrupção contra o governo. Nenhuma. Então, provavelmente, este fato que nós estamos discutindo agora, eu espero, daqui a alguns meses, estará da mesma forma, mostrando que a conduta do governo é uma conduta correta, como determina o presidente Bolsonaro. Se terceiros usurparam a confiança de alguém do governo é preciso só verificar se havia ou não conhecimento da parte do Ministério da Educação desses atos de terceiros (…) Eu confio muito no ministro, eu espero que ele possa esclarecer todos os fatos, ele demandou à CGU, e a CGU só mandou agora para a Polícia Federal porque surgiram novos fatos e ela entendeu que com estes novos elementos havia motivo para a investigação. E a investigação vai acontecer. Polícia Federal, controladoria, tribunal de contas, todos tem a liberdade, e o parlamento também, de fiscalizar o Executivo. Eu só espero que a fiscalização termine mostrando novamente que não há corrupção no governo Bolsonaro”, disse o deputado.

Questionado também sobre a relação dos ministros com os pastores evangélicos, Barros afirmou ser legítimo que pessoas utilizem sua proximidade com autoridades para mostrar as necessidades de seus municípios. “O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação [FNDE] é aberto para propostas voluntárias, todos os interessados, municípios, entidades podem pedir desde material escolar, uniforme, escolas, creches, equipamentos, computadores. As prefeituras tem a liberdade de entrar no sistema e fazer a solicitação. Evidentemente, não há dinheiro para atender tudo o que se pede. Então se o prefeito tem acesso ao ministro, se o prefeito tem acesso a um parlamentar ou se tem acesso a qualquer autoridade do governo que lhe permita ir lá e mostrar a prioridade que o seu pedido detém em relação a outros, isso é absolutamente legítimo. Independente disso, muitos recursos são liberados simplesmente porque estão protocolados no sistema online e com uma justificativa adequada para a sua liberação. Nem todos precisam ter acesso direto ao ministro, ao presidente do Fundo, para ter os recursos liberado. Mas eu já levei muitos prefeitos (…) Não é necessariamente nenhuma irregularidade em as pessoas procurarem acesso a uma autoridade para expor a prioridade que o seu projeto tem em relação a tantas outras demandas do Brasil”, finalizou.


Fonte: jovempan

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