21 de Novembro de 2024

Daniel Ortega deve se reeleger em contexto não democrático na Nicarágua, afirmam especialistas


Neste domingo, 7, a Nicarágua – país da América Central que divide limites territoriais com Honduras e Costa Rica – passa por eleições presidenciais. O pleito ocorre sob críticas de órgãos internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que afirmou recentemente que as condições repressivas do país tornam inviável que o processo eleitoral seja íntegro e livre, além de outras acusações de ilegitimidade democrática. A votação ocorre com, praticamente, um único candidato, o atual presidente do país, Daniel Ortega, do partido Frente Sandinista de Libertação Nacional, que já está no poder há 14 anos e deve continuar pelo seu quarto mandato. Ortega é responsável por uma série de prisões políticas de seus opositores, sejam eles políticos, empresários ou membros da sociedade civil, sob argumentos como o de traição à pátria ou por apoiar a ingerência estrangeira.

Segundo o professor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP) Amâncio Oliveira, a democracia do país vem sofrendo fortes golpes na medida em que o equilíbrio de forças entre os poderes vem se tornando cada vez menor, bem como a possibilidade de mobilização e questionamento do atual mandatário. “O Ortega chega às eleições praticamente como candidato único. Existem outros candidatos, mas, de fato, são candidatos fantoches, candidatos fracos, à medida em que os opositores foram presos pelo atual regime. Há um quadro de uma competição muito baixa e piorou bastante nestas eleições porque tem-se usado sistematicamente na Nicarágua o expediente, como a Lei da Guilhotina, que prende os opositores, afetando o sistema de turnover [de candidatos], de rodízio, pela incapacidade de articulação e mobilização dessa oposição. Nesse sentido, o país tem perdido sua condição democrática“, explica Oliveira.

Além do desmantelamento da oposição, há ainda outras questões que analistas apontam como dificuldades adicionais do processo eleitoral deste domingo, como a não obrigatoriedade do voto no país e a presença apenas de partidos de pouca expressividade enfrentando a Frente Sandinista, de Ortega. Segundo um levantamento da Cid Gallup, uma das empresas de pesquisas mais respeitadas na Nicarágua, 67% dos nicaraguenses não manifestam simpatia por nenhum dos partidos políticos registrados na votação deste domingo. “Os partidos que disputam as eleições são o Partido Liberal Constitucionalista, a Aliança Liberal Nicaraguense, o Caminho Cristão Nicaraguense, a Aliança Pela República e também Itamar, este último somente na costa do Caribe, e eles são partidos muito pequenos, com pouca chance de ter muitos votos no país.


Fonte: jovempan

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