28 de Setembro de 2024

De 'mirim' na prefeitura a delegado da causa animal


Ele começou como "mirim" na Prefeitura de Piratininga e, hoje, é o delegado titular mais antigo da Polícia Civil em Bauru. Essa é a trajetória de Dinair José da Silva, que, como ele próprio define, dedicou a vida ao funcionalismo público, cuja função é servir a população. Desde 2010, além de ser encarregado do 3.º Distrito Policial (DP), também é titular da Delegacia do Meio Ambiente, que lida com casos de maus-tratos e abandono. Entre os defensores da causa animal, é sempre lembrado com carinho como um grande aliado.

São quase cinco décadas de serviço público. Dinair começou ainda jovem na Prefeitura de Piratininga, passando por vários cargos até se tornar tesoureiro municipal. Do Executivo, ele entrou para a Polícia Civil como delegado, função pela qual ficou conhecido. Trabalhou na Capital Paulista e na região de Catanduva antes de vir para Bauru, onde atuou em várias delegacias. "Tive uma carreira vitoriosa. Hoje, sou o delegado titular mais antigo de Bauru. Isso mostra que meus superiores sempre confiaram no meu trabalho. Ninguém alcança postos sem competência. Você conquista seu espaço". 

Nos últimos anos, Dinair foi responsável por diversas investigações de crimes ambientais. "Na pandemia, a situação piorou. O abandono de animais aumentou", avalia. A atuação na causa rendeu a ele um prêmio concedido pela Comissão de Defesa e Proteção Animal da OAB Bauru.

Dinair tem 65 anos e nasceu em Bauru, mas se considera também "piratiningano de coração". Ele é o filho mais velho de João Gomes da Silva e Maria Aparecida Correia da Silva. "Eles sempre lutaram muito para nos dar boas condições e ensinar o bom caminho", lembra, emocionado. Depois dele, vieram os irmãos José Roberto da Silva e Luzia Gomes da Silva.

Em 1986, casou-se com Vânia Lúcia Amado da Silva (em memória). Tiveram Eduardo Augusto Colombo da Silva e Leandro Henrique Amado da Silva (em memória). Hoje, Dinair é vovô da Marissol, de 2 anos, filha de Eduardo e da nora Solimar Caroline Amado da Silva.

O delegado mora em Piratininga com a cachorrinha Mel e as gatas Sofia e Dara. Torcedor do Santos, jogou campeonatos amadores, mas também foi árbitro, bandeirinha e até dirigente de time de futebol. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao JC.

Jornal da Cidade - Como o senhor começou a carreira?

Dinair José da Silva - Entrei na Prefeitura de Piratininga muito novo, fui registrado como trabalhador braçal em 1973. Fazia parte da Legião Mirim e fui exercendo vários cargos, como fiscal de comércio, escriturário, fiscal de rendas municipais, até chegar a tesoureiro da prefeitura. Estudei para concursos e, em 1991, entrei para a Polícia Civil. Saí da Academia direto para trabalhar no Jardim Miriam, Zona Sul de São Paulo, região violenta. Peguei casos bem complexos. Apesar de não ter experiência, era cauteloso e procurava ter equilíbrio. Em 1993, fui trabalhar na cidade de Paraíso, região de Catanduva. No ano seguinte, fui transferido para Bauru. Aqui, fui delegado do 4.º DP, assistente da Seccional e da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e do 1.º DP. Hoje, sou titular do 3.º DP e do Meio Ambiente.

JC - Nessa área ambiental, quais são os crimes mais comuns?

Dinair - Chegam muitos casos de incêndios, corte irregular de árvores, pesca e caça ilegais e até loteamentos clandestinos. Mas, o que aparece com mais frequência são os crimes de maus-tratos aos animais, principalmente cães, gatos, cavalos e pássaros. Desde negligência, quando a pessoa não dá água, comida ou remédio, até agressões. Nessa pandemia, a situação agravou. Muita gente perdeu o emprego e descartou os bichos.

JC - Acredita em avanços nessa área nos últimos anos?

Dinair - Sim, mas ainda não é o bastante. Antigamente, a pessoa que maltratava animais assinava apenas um termo circunstanciado e pagava uma cesta básica. Hoje, ela pode pegar de dois a cinco anos de reclusão, mas tem fiança. Foi um avanço, mas, na minha opinião, tinha que ser inafiançável. Poderia inibir mais.

JC - A atuação do senhor rendeu até um reconhecimento da OAB Bauru no ano passado. Qual foi a sensação?

Dinair - Me senti honrado. Recebi o 1.º Prêmio São Francisco de Assis, concedido pela Comissão de Defesa e Proteção Animal da OAB Bauru. Vale destacar que temos uma grande colaboração das ONGs, voluntários, protetores independentes, OAB e do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Outra honra da carreira foi participar, em 2008, da Conferência Nacional de Direitos Humanos como um dos delegados representantes do Estado de São Paulo.

JC - Em 1994, antes de vir para Bauru, o senhor perdeu a esposa em um acidente de carro. Em 2016, perdeu um filho em outro acidente. Onde encontrou forças para seguir?

Dinair - Em Deus e também na criação que nossos pais nos deram. Sempre nos ensinaram o bom caminho. Não encontramos vida fácil, mas sempre lutamos e fomos aprendendo. Quando perdi minha esposa, pensava em me manter forte, por causa dos filhos pequenos. Afinal, sempre entendemos que temos que encarar a vida de frente. Contei muito com ajuda de várias pessoas, principalmente da minha sogra, Neusa Aparecida Amado. Depois, quando o Leandro faleceu, também precisei ser forte novamente. Ficamos muito abalados.

JC - Fora da carreira, qual a diversão nas horas livres?

Dinair - Sempre gostei de futebol. Sou santista, assim como muita gente da minha geração, por causa do Pelé. Eu jogava campeonato amador. Fui ponta direita no campo, goleiro no salão. Depois, apitei vários jogos e fui bandeirinha também. Ainda atuei como dirigente do time de futebol feminino de Piratininga. E, na Polícia Civil, participei de campeonatos de futebol de salão. Assisto muitos jogos na TV e também várias lutas de MMA.



Fonte: JC Net

Fonte: jcnet

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