A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) aprovou em assembleia realizada nos últimos dois dias a realização de paralisações como forma de pressionar por reestruturação de carreiras na corporação. Segundo a ADPF, as paralisações serão realizadas de forma parcial, em calendário ainda a ser definido em conjunto com outras categorias da PF. Ações para buscar informar a população sobre os protestos dos funcionários da corporação durante as atividades administrativas, como controle imigratório, de armas, de produtos químicos e segurança privada. Os associados da ADPF também poderão entregar cargos de chefia e recusar convites para assumir outros postos. De acordo com nota divulgada pela ADPF nesta quarta, 4, o presidente Jair Bolsonaro (PL) havia prometido a reestruturação e até havia recursos separados para tal no orçamento, mas ele decidiu não “honrar com a própria palavra”, o que causou “revolta e insatisfação generalizada nunca antes vista entre os servidores da PF”.
Por isso, os presentes na assembleia decidiram aprovar um pedido para que o ministro da Justiça, Anderson Torres, renuncie, devido ao que consideram um tratamento desrespeitoso de Bolsonaro e do próprio Torres. O Ministério da Justiça é o responsável pela PF, e o ministro era um delegado da corporação antes de assumir a pasta. O governo garantiu, em janeiro, que policias federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários receberiam reajuste. Contudo, posteriormente recuou e anunciou aumento salarial de 5% para todos os servidores, e usará R$ 1,7 bilhão que os policiais federais esperavam para a reestruturação de carreira e reajuste maior para eles. “É importante destacar que a segurança pública foi a maior bandeira de campanha do governo Bolsonaro e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente como instrumento de marketing para a sua reeleição. Os policiais federais merecem respeito”, diz a nota da ADPF.