Joe Biden não conseguiu acalmar seu eleitorado sobre seu estado físico no primeiro debate com Donald Trump na noite desta quinta-feira (27), a quatro meses das eleições presidenciais nos Estados Unidos. Já Trump foi evasivo sobre se reconhecerá incondicionalmente os resultados eleitorais. Biden, de 81 anos, tinha a oportunidade, nesse primeiro debate, de dissipar as dúvidas que os americanos podem ter sobre seu estado físico para governar por mais quatro anos (2025-2029). Com a voz rouca, se repetindo com frequência e se perdendo em frases confusas, o mandatário deixou uma imagem diametralmente oposta à mostrada por seu rival republicano, com um tom claro e enérgico. O presidente desapontou até mesmo quem está ao seu lado. “A atuação de Joe Biden durante o debate foi decepcionante, não há outra forma de dizer isso”, admitiu Kate Bedingfield, ex-diretora de comunicação da Casa Branca durante seus primeiros anos de mandato. Biden estava “lento no início, mas terminou forte”, reconheceu sua vice-presidente, Kamala Harris. Em uma tentativa de diminuir as críticas à sua atuação, a equipe de campanha do democrata disse que ele estava resfriado.
Trump, de 78 anos e apreciado entre seus partidários por suas subidas de tom, teve apenas que controlar suas famosas explosões em uma tentativa de convencer os eleitores indecisos. Durante uma hora e meia de debate, o republicano se mostrou moderado e disciplinado. As regras do debate fixaram que o microfone do candidato que não possuía a vez da palavra fosse desligado. Isso “pode ter ajudado Trump porque o impediu de gritar diante das intervenções de Biden”, disse Robert Rowland, professor de comunicação na Universidade do Kansas.
O desempenho de Joe Biden no debate presidencial tem gerado pressão no Partido Democrata para que ele seja substituído como candidato. Especialistas apontam que Biden teve uma performance fraca, com momentos de incoerência e dificuldade em concluir raciocínios, o que ressalta sua vulnerabilidade devido à idade. Isso levanta a questão sobre a possibilidade de escolher outro candidato democrata. A falta de novas lideranças nos partidos e a ausência de um candidato forte para substituir Biden aumentam os riscos de uma mudança nesta altura do campeonato. Mesmo com a Convenção Democrata marcada para agosto, a pressão para trocar o candidato atual é evidente. O debate destacou a fragilidade de Biden e a necessidade de um candidato mais assertivo.
Trump apresentou dados contraditórios e falsos durante o debate, o que poderia ter sido explorado por Biden, mas não foi. A falta de reação do candidato democrata diante das mentiras de Trump foi um ponto fraco. Os ataques pessoais também marcaram o debate, com Trump chamando Biden de “otário e perdedor”, o que evidenciou a capacidade de cada candidato em se defender e contra-argumentar.
A imagem que ficou do debate foi a de um Biden cansado e incapaz de se defender dos ataques pessoais de Trump. A energia e assertividade do presidente foram destacadas, apesar das mentiras apresentadas. A qualidade geral do debate foi considerada ruim por analistas, que apontaram a necessidade de novas lideranças políticas nos Estados Unidos. A incerteza política no país aumentou após o primeiro round dos debates.
Os dois candidatos se odeiam, e não fazem nada para esconder isso. Biden e Trump não deixaram de se atacar. Os golpes vieram sobretudo do democrata, que acusou o ex-presidente de ter o “senso de moral de um depravado”, e o classificou de “chorão”, “perdedor” e “imbecil”. Também o chamou de “criminoso convicto” por rua recente sentença como culpado de crimes penais em Nova York. Trump desafiou Biden a passar por um “teste cognitivo” e insistiu que o democrata é “o pior presidente da história do país”.
Diferentemente do primeiro debate entre os dois candidatos na campanha de 2020, quando se interrompiam constantemente, desta vez, nenhum deles conseguiu interromper a intervenção do outro devido às estritas regras. Como consequência, os candidatos tiveram poucas trocas diretas espontâneas, e os apresentadores se limitaram a passar a palavra, sem questionar os exageros ou as afirmações falsas de Trump.
Trump, que segue sem reconhecer a vitória de Biden em 2020, se negou a se comprometer a aceitar sem condições o resultado das eleições presidenciais de novembro. Ele só faria isso “se as eleições fossem absolutamente justas e equitativas”, disse ele quando perguntado sobre o assunto. “Esse cara não tem noção do que é democracia”, repreendeu Biden.
Publicado por Carolina Ferreira
*Com informações da AFP e Estadão Conteúdo
Fonte: jovempan
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