28 de Setembro de 2024

Do comércio, veio tudo. Até a família


São mais de cinco décadas de muito trabalho. Alceu Camargo completou recentemente 71 anos trazendo na bagagem uma trajetória de esforço e superação. Do comércio, veio tudo o que ele tem hoje, inclusive a família, já que foi nesse ramo que conheceu a esposa Adélia. Dono da papelaria Infordigi, Alceu começou a trabalhar ainda adolescente e construiu uma sólida carreira como gerente de lojas da rede Riachuelo, que foi responsável por sua vida 'nômade', com passagens por diversas cidades do Estado.

Ao longo destas andanças, constituiu família e, a pedido dos filhos, acabou se fixando em Bauru, em 1989. Já aposentado, fundou a Infordigi, inicialmente instalada na Batista de Carvalho e, hoje, funcionando na quadra 5 da avenida Nossa Senhora de Fátima, no Jardim América.

E é da convivência com a família, além das viagens para pescar, que Alceu guarda as melhores lembranças. Ele se emociona, por exemplo, quando fala do filho que foi morar nos Estados Unidos ou quando lembra do dia em que foi promovido a vendedor em sua cidade natal, Limeira, quando nem tinha completado 18 anos.

Hoje com três netos, a quem gosta de surpreender fantasiando-se de Papai Noel nos Natais, o comerciante não pensa em parar de trabalhar, mesmo depois de ter enfrentado um aneurisma cerebral. Segue cuidando do seu negócio e ainda atua na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), órgão do qual é o atual vice-presidente, tendo sido presidente entre os anos de 2013 a 2015. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao JC.

Jornal da Cidade - Conte um pouco sobre sua origem.

Alceu Camargo - Nasci em Limeira. Minha mãe era dona de casa e meu pai, guarda noturno em uma indústria de doces de mocotó. Quando eu tinha 13 anos, fui trabalhar para a Riachuelo, que estava construindo uma loja e me contratou, junto com outros cinco moleques, para pintar o nome da empresa nas entradas da cidade. Assim que a loja ficou pronta, fomos chamados para ser pacoteiros (embaladores). Quando entrei em férias, pedi para o gerente me deixar fazer vendas, para ficar com uma comissão. Mesmo com a inexperiência, fui o terceiro a fazer mais vendas naquele mês.

JC - Foi neste momento que percebeu que tinha tino comercial?

Alceu - Sim. O gerente, inclusive, daria uma toalha de banho de brinde para os três primeiros colocados e, mesmo eu não sendo vendedor, ganhei uma toalha também. Se não bastasse, fui promovido a vendedor naquele dia.

JC - Percebi que o senhor se emocionou ao relembrar esse momento...

Alceu - Tinha 16, 17 anos, era moleque. Hoje, lembrando tudo o que passei, ainda mais depois de ter enfrentado um aneurisma cerebral, fico mais emotivo.

JC - Quando isso aconteceu?

Alceu - Faz mais de dez anos. Já estava em Bauru. Tive um derrame na vista, daqueles que todo mundo tem, e fui no oftalmologista, que pediu uma tomografia. Foi quando descobri que estava com um aneurisma grande no cérebro. Passei por cirurgia, que durou 11 horas e, quando saí do hospital, não conseguia andar, levantar o braço para comer e falava enrolado. Depois de uns três anos de fisioterapia e fonoaudiologia, com esforço e determinação, consegui voltar à vida normal. Foi minha maior superação.

JC - O senhor sempre acreditou que iria se recuperar?

Alceu - Em princípio, não. Cheguei a vender a chácara em que morava e comprei um apartamento na Praia Grande, porque achava que não ia mais conseguir trabalhar. Mas, quando vi que ia me recuperar, vendi o apartamento e voltei para Bauru.

JC - Voltando à sua adolescência, quando saiu de Limeira?

Alceu - Fiquei como vendedor na Riachuelo de lá durante uns dois, três anos. Depois, assumi o cargo de gerente na filial de Ribeirão Preto. Estava com 18 anos e era o gerente mais novo da empresa. Fui para lá sozinho e tinha dias que dava vontade de abandonar tudo por saudade de casa. Depois, assumi a gerência da Riachuelo de Bebedouro, onde conheci minha esposa, a Adelia, que era vendedora da loja que havia em frente.

JC - Foi amor à primeira vista?

Alceu - Isso foi em 1971. Vi uma moça bonita, fiz contato e começamos a namorar. Nos casamos depois de pouco mais de um ano. O comércio me deu tudo, até a família. Depois, fui transferido para Barretos, onde tivemos a Daniele. Em 1974, fui para Araçatuba, onde nasceram mais dois filhos, o Julio Cesar e a Karina. A Daniele e a Karina trabalham até hoje comigo, desde a fundação da Infordigi. O Julio também trabalhou por muito tempo, mas foi embora para os Estados Unidos com a esposa e os dois filhos há uns três meses. Ainda não me acostumei, mas nos falamos todos os dias.

JC - O senhor gostava da vida 'nômade' de gerente?

Alceu - Eu adorava. Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas e lugares. Em todas as cidades, foi um desafio. Depois de Araçatuba, voltei para Ribeirão e ainda passei por São José do Rio Preto e Londrina, no Paraná. Em 1989, fui transferido para Bauru e aqui fiquei, porque os filhos, que já estavam crescendo, não queriam mais mudar. Em 1995, me aposentei e, no ano seguinte, inauguramos a Infordigi, na Batista de Carvalho. Hoje, minhas filhas assumiram a frente e só cuido do financeiro. Mas, por enquanto, não pretendo parar de trabalhar.

JC - O que gosta de fazer nas horas vagas?

Alceu - Além de ficar com a família, gosto de pescar. Pesco com um grupo em cidades da região e vou duas vezes por ano ao Pantanal. Lá, já vi de tudo: onça, sucuri, jacaré, tuiuiú. Quando cheguei em Bauru, ia de trem para Porto Esperança (distrito de Corumbá, no MS) e eram dois dias de viagem só para poder pescar. Agora, na pandemia, já faz dois anos que não saio de casa.



Fonte: JC Net

Fonte: jcnet

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