24 de Novembro de 2024

Documentário ‘Você Não é um Soldado’ destaca os obstáculos da cobertura jornalística em zonas de guerra


Tensão, tiros frenéticos, perigo iminente, como é viver em meio a guerras e conflitos em nome da notícia? O documentário “Você Não É um Soldado”, dirigido por Maria Carolina Telles, acompanha o trabalho do premiado fotojornalista André Liohn, que já fez coberturas em países como Iraque, Afeganistão, Somália, Líbia, Congo, Síria, Venezuela, Tunísia e Egito. Em entrevista à Jovem Pan, o jornalista disse que acha estranho se ver como tema central da produção, pois sua intenção sempre foi noticiar os fatos. Por outro lado, ele entende a relevância de retratar como é espinhosa a missão de conseguir mostrar ao mundo o que acontece em áreas de guerra. “Estamos passando por um momento em que o jornalismo está sendo muito atacado, está sendo muito desacreditado, as pessoas com poder querem desmoralizar jornalistas, independente de visões políticas, pois se sentem incomodadas com nosso trabalho. O filme documental mostra o quanto é difícil produzir informação, os preços que temos que pagar e os riscos que aceitamos para a informação ser passada com qualidade.”

Um barulho constante de tiros domina o documentário e o que se vê em André não é medo, mas uma ânsia por registrar cada momento. Em certa parte da produção, ele quase que implora para um soltado deixar ele chegar perto de uma área de risco, mas é impedido por não ser um soldado. “Eu suporto aquilo. Tenho uma resistência grande ao medo e à pressão emocional. Fico concentrado em tudo o que está acontecendo porque as imagens precisam ser contextualizadas, isso é o jornalismo. Sempre mantive meu foco, se eu não fosse capaz de fazer isso, eu não seria a pessoa certa para estar lá”, comentou. Mesmo passando por vários campos de batalhas, André afirmou que o trabalho mais difícil emocionalmente que enfrentou não foi em um cenário de guerra e não está presente no documentário. “Fiz um trabalho recente no Panamá e lá existe uma floresta que é uma rota migratória. As pessoas estão tentando atravessá-la para chegar aos Estados Unidos. Elas vão a pé por cerca de uma semana sem nenhum treinamento, sem equipamentos e, pior ainda, sem nenhuma chance concreta”, contou.


Fonte: jovempan

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