Duílio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, concedeu entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, 25, e explicou o “apagão” promovido pelo clube, uma campanha feita entre sexta-feira e hoje para combater o clima de violência e de fake news no futebol. De acordo com o mandatário, o Alvinegro não utilizou a ação para “fugir” da imprensa em meio a jogos importantes – depois de perder para o Palmeiras, o time treinado por Vitor Pereira encara nesta terça-feira, 26, o Boca Juniors, na Neo Química Arena, pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores da América.
“A gente teve esse problema e optou por fazer uma campanha para chamar a atenção de tudo o que a gente vive hoje e, no meu ponto de vista e das pessoas do clube. O Corinthians se sentiu na obrigação de fazer alguma coisa. Na hora não pudemos comunicar a vocês, e ficou esse vácuo de informações. ‘Ah, mas por que o Corinthians fez isso na véspera de um jogo importante, no dia de São Jorge, semana que antecede jogo de Libertadores?’ Porque a gente quer chamar a atenção disso, porque é urgente, a gente escuta há anos que alguém tem que fazer alguma coisa. Todo dia temos algum tipo de agressão em campo ou fora com torcidas, intimidação a atletas, pedras em ônibus, é algo que está saindo do controle. Não é um apagão de comunicação para não falar com a imprensa, é para a gente mostrar que chega”, disse Duílio, lembrando das ameaças sofridas por ele e por jogadores do elenco.
Já sobre o time “misto” escalado por Vitor Pereira no revés para o Palmeiras, Duílio explicou que alguns jogadores não estavam passando bem antes do Dérbi. Os problemas de saúde dos atletas e o teste positivo do técnico para Covid-19, inclusive, podem virar um problema para o confronto diante do Boca – a assessoria do Timão deve divulgar a lista de relacionados ainda na noite de hoje. “Não quero entrar muito na parte técnica, não cabe a mim responder, mas como o Vítor deu positivo nesse primeiro exame, a gente aguarda a contraprova. Não tinha previsão, Cássio foi para o jogo normalmente, não estava se sentindo bem e voltou do aquecimento com uma febre grande. O Willian na manhã do jogo estava com dores e febre, foi medicado e não foi para o jogo, a previsão era de que ele saísse jogando. Esses dois casos foram por isso. Outros atletas, como Cantillo, estava voltando de uma gripe, não tinha viajado por isso no último jogo. Paulinho também, Róger Guedes também passou dois ou três dias mal”, comentou.
O presidente corintiano também deu explicações sobre a Tausna, patrocinadora que está com os pagamentos combinados atrasados – a empresa também é responsável por bancar os vencimentos do meio-campista Paulinho. Segundo Duílio, o departamento jurídico do Timão já foi acionado e o clube receberá o que foi acordado com a parceira. “Esse assunto foi entregue ao departamento jurídico, que já vem há algum tempo tomando as medidas previstas em contrato. Um dinheiro desse tamanho estaríamos mais confortáveis com ele em caixa, mas não é esse dinheiro que vai mudar a vida do Corinthians. Vocês já tiveram acesso de forma não-oficial, mas hoje apresentamos nossas contas ao Conselho Deliberativo com superávit, diminuição da dívida, resultado muito bom, trabalho de todas as diretorias. Conseguimos reverter essa curva de déficit e ter um fluxo positivo. Gastamos menos do que arrecadamos, estamos num caminho certo, independente desse dinheiro. Nesses primeiros meses do ano estamos com resultados bons. Escutamos muito sobre falta de transparência, mas os números não foram divulgados porque o Conselho tem que conhecer e aprovar antes”, declarou.
Lamentando as derrotas nos cinco clássicos disputados nesta temporada, Duílio também respaldou Vitor Pereira, técnico que passou a ser questionado, apesar do pouco tempo de trabalho. De acordo com o presidente, o técnico português tem “carta branca” para fazer o seu trabalho. “Estou muito satisfeito com o trabalho do Vitor Pereira. É lógico que a gente quer ganhar tudo e sempre, mas a gente sabe que as coisas não são feitas de um dia para o outro. Sempre há problemas no meio do caminho. Ainda assim, nós estamos vendo uma mudança clara no time, seja de postura ou na maneira de jogar. A equipe fez grandes jogos e péssimos jogos. Vamos oscilar, temos isso claro. A ideia é que o time cada vez oscile menos com o tempo de trabalhar. É muito pouco tempo de trabalhar, mas esperamos a evolução. Trouxemos um técnico de ponta mundial e ele tem carta branca”, disse o líder corintiano, que negou a existência de uma “panela” no elenco corintiano.