Embora os índices nacionais da Covid-19 mostrem resultados positivos para o Brasil, com queda de casos, internações e mortes pela doença, avanços pontuais em cidades do interior preocupam e acendem um alerta para um efeito rebote da pandemia. Um exemplo deste aumento repentino é o município de Serrana, localizado no interior do Estado de São Paulo, que viu o número de casos da Covid-19 triplicar na comparação entre setembro e outubro, passando de 179 infecções confirmadas para 563 registros no mês seguinte. Agora, em novembro, até o dia 21, foram 505 diagnósticos positivos para a doença, mantendo a tendência de aumento. Embora esse cenário não seja exclusivo de Serrana, o território paulista carrega um diferencial em comparação com outras cidades do país: ter participado do Projeto S, do Instituto Butantan, para a testagem da eficácia da vacina CoronaVac. Com isso, a população adulta foi imunizada de forma massiva no início do ano, característica que pode explicar a “nova onda” de infecções pelo coronavírus no município.
“É uma queda da resposta imunogênica à vacina e, às vezes, reflexo de uma perda dos cuidados, que também pode levar à proliferação. Quando você ainda tem transmissão comunitária do vírus sustentada e você tem a perda da potência da vacina, volta a ter novamente os casos, estamos vendo na Europa. Então é causado por uma queda na resposta vacinal da população perto dos cinco meses ou mais após a imunização”, explica Raquel Muarek, infectologista da Rede D’or e da Medicina Interna Personalizada (MIP). Ela afirma que a diminuição não é exclusiva da vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, sendo observada em todos os imunizantes em aplicação no Brasil e no mundo, o que justifica a importância da terceira dose das vacinas. “Sabemos que é necessário ter a terceira dose. Essa indicação de revacinação não é específica de uma vacina, é como um todo. Houve uma perda imunológica vacinal, não só da CoronaVac.”
Com o aumento dos casos da Covid-19 em Serrana, a prefeitura e a secretaria de saúde do município intensificaram as campanhas do reforço vacinal, já disponível para os moradores que foram imunizados há mais de cinco meses. Também nesta semana, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, falou sobre o aumento dos casos e condicionou as altas à queda da proteção no sistema imune. “Houve um pequeno aumento no número de infecções, isso refletindo uma diminuição no nível de anticorpos. Apesar disso, o mais importante é que a imunidade para internações e óbitos se manteve, esse é o dado importante”, afirmou durante coletiva de imprensa. Em texto divulgado de forma online pelo Butantan, o investigador principal do Projeto S, Marcos Borges, diz que os números em Serrana mostram “que vacina funciona”. “O aumento de casos não tem a ver com o imunizante em si. Israel utilizou a vacina da Pfizer, Reino Unido utilizou a da AstraZeneca principalmente, e a gente utilizou CoronaVac. Tem a ver com a doença e com o tempo de imunidade”, disse o médico.
Fonte: jovempan
Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.