No ano em que se completam quatro décadas da epidemia da Aids, a aprovação de um novo medicamento é comemorada pela comunidade médica. O Dovato foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última segunda-feira (29), com a promessa de menos efeitos colaterais, redução da carga viral e maior adesão de pacientes, representando, portanto, benefícios para a saúde coletiva a longo prazo. A droga é a junção de dois medicamentos já utilizados no tratamento de pacientes com HIV em um só comprimido. O Dia Mundial de Combate à Aids é celebrado em 1 de dezembro.
Para Taylor Endrigo Toscano Olivo, médico infectologista da Unimed Bauru, a autorização do Dovato representa mais um avanço na luta contra o vírus. "As medicações do passado chegavam a dez comprimidos diários e causavam muitos efeitos colaterais, como sonolência, diarreia, problemas renais e até colesterol. As novas drogas evoluíram e o Dovato praticamente não tem reações. Isso significa uma maior adesão de pacientes, porque é mais fácil de tomar, por ser apenas um comprimido por dia", explica o médico. Hoje, os tratamentos convencionais são administrados com dois ou três comprimidos.
Segundo a bula do medicamento, o Dovato reduz a carga viral no organismo, mantendo-a em baixos níveis. De acordo com Taylor, quando essa carga chega a um nível indetectável considera-se de que aquele paciente não está mais transmitindo o vírus. Por isso, a longo prazo, a expectativa é de uma incidência menor de novos casos de HIV. "O objetivo da terapia não é só ajudar paciente e evitar que ele fiquei doente, mas também impedir que ele transmita e tenha vida reprodutiva como qualquer outra pessoa", explica o infectologista.
PREVENÇÃO NECESSÁRIA
No entanto, o novo fármaco não é capaz de curar o paciente. Por isso, medidas preventivas não podem ser abandonadas. "Não é uma bala de prata, não é esse medicamento, por si só, que vai resolver a questão da Aids no Brasil ou no mundo. O Dovato tem limitações de uso. A prevenção através de preservativos e a testagem frequente devem continuar", aponta João Paulo Vasconcelos Poli, médico infectologista do Grupo São Francisco/Sistema Hapvida.
O Dovato é a combinação de dois medicamentos bastante conhecidos e seguros (dolutegravir e lamivudina). É indicado para adultos e adolescentes acima de 12 anos pesando pelo menos 40 quilos.
Segundo a bula, Dovato não cura a infecção pelo HIV, ele reduz a quantidade de vírus no organismo, mantendo-a em um nível baixo. Além disso, promove aumento na contagem das células CD4, tipo de glóbulo branco do sangue com importante papel na manutenção de um sistema imunológico saudável, ajudando a combater as infecções. Ainda de acordo com a bula, nem todo paciente responde ao tratamento com Dovato da mesma forma.
A eficácia deve ser avaliada pelo médico. O medicamento é contraindicado a pacientes com alergia a seus princípios ativos e a outros fármacos usados para tratar esclerose múltipla, por isso o acompanhamento clínico é tão importante.
O número de contaminações por HIV/Aids em Bauru tem se comportado de forma estável nos últimos anos, porém ainda preocupa as autoridades de saúde. Segundo dados da Vigilância Epidemiológica Municipal, em 2019 foram registrados 103 novos casos de HIV e 18 de Aids. Em 2020, foram 111 e 23, respectivamente. Neste ano, até outubro, dados mais recentes, são 84 novos casos de HIV e 12 de Aids.
"Além dos tratamentos, as campanhas de prevenção seguem sendo importantes, especialmente entre os jovens.
Levamos muita informação às escolas. É preciso conversar sobre sexualidade, identidade de gênero e formas de prevenção desde muito cedo. Não adianta não orientar o adolescente se ele tem celular, Internet e informações de outras formas", explica a coordenadora do Programa Municipal de IST/Aids, Josiane Fernandes Lozigia Carrapato.
Fonte: jcnet
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