A escolas da rede estadual de São Paulo vão terminar o ano letivo com déficit 17,2% no número de professores. Até o dia 2 de julho, 2,4 mil contrato foram firmados, 500 a menos do que era necessário. Devido à legislação eleitoral, novas contratações não podem mais ser feitas até o final do ano de 2022. O vice-presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Roberto Guido, atribui a falta de profissionais aos baixos salários, condições de trabalho e a reforma do ensino médio, implementada pelo governo paulista.
“Essa implementação atabalhoada criou uma série itinerários formativos, a despeito de não ter uma mão de obra suficiente para atender a demanda, que se criou em função desses chamados itinerários formativos que, no nosso ponto de vista, carecem de fundamentos mais sólidos para a implementação de um ensino médio de qualidade aqui no Estado de São Paulo. Temos um conjunto de questões que acabam repercutindo na ausência de profissionais competentes, principalmente em áreas como matemática, física, química. O sistema de ensino fragilizado pela reforma do ensino médio do Temer, que criou a abstrata figura do ‘professor com notório saber’, você acaba criando situações para suprir essa ausência com profissionais que não tem necessariamente uma formação adequada para tal”, argumenta Guido.
Em nota, a Secretaria de Educação disse que contratou 10 mil professores a mais neste ano do que em 2021. A pasta completou que mais de 98% da aulas de toda a rede estadual estão ocorrendo normalmente, sendo as restantes ministradas por profissionais temporários, coordenadores ou professores de apoio à tecnologia e inovação, com apoio de conteúdo inédito por meio do centro de mídias SP. Roberto Guido afirma ainda que a educação precisa discutir o uso de tecnologias, mas que não é possível suprir a ausência dos trabalhos presenciais. “Tem muitas escolas que sequer têm biblioteca. Precisamos ter laboratórios de química, de física, biologia. É o mínimo para ter um conteúdo socialmente construído de qualidade, as escolas particulares de ponta da cidade de São Paulo, por exemplo, têm dois professores de história, um para história geral e outro para história do Brasil. Na rede estadual, hoje, para ter um professor de história é uma dificuldade enorme por conta dos problemas todos que eu comentei”, finaliza.
*Com informações da repórter Nanny Cox
Fonte: jovempan
Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.